Aquela criatura com chifres e olhos dourados estava causando em mim um verdadeiro pavor. O que quer que fosse aquilo, não era coisa deste mundo.
Ele tentou pronunciar alguma forma de linguagem desconhecida enquanto lutava para se libertar da parede. Assim que algumas pedras se soltaram de sua boca, cuspiu no chão uma gosma escura e viscosa, mantendo seu olhar inabalável sobre mim.
— Ah, santo Deus, acho que vou vomitar! — Eu sussurrei, abismada.
As palavras, ou o que pareciam ser palavras, eram repetidas de tal forma que me dava a impressão de que ele estava tentando se comunicar diretamente comigo. Eu estava aflita, ao ponto de sentir meus pés grudados no chão, impotentes.
O que raios aquela estatua estava fazendo aqui?
Eu me perguntava, tentando não reviver os acontecimentos sordidamente bizarros que havíamos enfrentado nos últimos dias. No entanto, nada se comparava à visão daquela estátua que agora lutava para se libertar de sua prisão de pedra.
Céus ele não era normal! A coisa tinha chifres. Quatro chifres!
Claramente, a criatura estava tentando se comunicar comigo, mas o significado por trás de seus sons guturais permanecia um mistério. Dado o olhar enfurecido que ele lançou em minha direção enquanto lutava para se libertar, eu não duvidaria nem por um momento se ele estivesse me amaldiçoando ou simplesmente me xingando de tudo quanto é nome em sua língua demoníaca.
Lindinha e eu estávamos boquiabertas, olhando para a criatura chifruda. Fragmentos de pedra ainda estavam incrustados em seu corpo, particularmente em seu cabelo de cor de sangue.
Nem sei como acabei abraçando Amber, mas ali estávamos nós duas. Abraçadas uma a outra. Com medo e olhando para a fotocópia do capeta que parecia estar putaço da vida.
Estava apavorada, preferiria mil vezes que Angeline aparecesse pra mim como as piores das assombrações que existisse, do que sequer passar por essa situação. Maldição... Se aquilo era o maldito demônio encarnado! Minha irmã e eu iriamos morrer de verdade.
Nunca imaginei que pudesse sentir tanto medo assim. A coisa era bizarramente bela, linda demais para ser um humano normal, mas também era terrivelmente aterrorizante. E beleza não significava nada em uma situação como essa. "Acorda, Violet!" Eu disse a mim mesma.
E se aquela criatura estivesse trabalhando com os assassinos em série que nos trouxeram para cá? Com a intenção de nos matar assim que colocasse as mãos em nós. Talvez ele estivesse nos espreitando o tempo todo e só agora decidira se revelar.
Poderia ser exatamente isso!
É tudo encenação dos filhos da puta que nos prenderam aqui.
O que eles diretamente queriam era nos ver assustadas. Provavelmente deveriam estar batendo uma vendo toda essa situação, animados por nós duas estarmos assustadas com tudo o que estava acontecendo.
Talvez aquela coisa fosse algum tipo de robô, programado para se mover quando alguém, especialmente alguém extremamente impulsiva, idiota e muito burra, como eu, quebrasse um de seus lindos chifres negros.
— Amber... Acha que se eu devolver o chifre pra cabeça dele, ele vai virar pedra novamente? — Falei baixinho, não tirando os olhos dele nem por um instante. Ele parou de falar e ficou prestando atenção na nossa conversa. Seus olhos atentos se revezavam dela para mim. Mais uma vez, senti um calafrio percorrer minha espinha, e meu coração pulsava com tanta força que parecia uma bateria em meus ouvidos.
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MAIS ESCURO DO QUE A NOITE
FantasiaNo ponto mais turbulento de suas vidas, as Irmãs Benvill - Angeline, Amber e a perspicaz Violet - veem seu mundo familiar virar de cabeça para baixo. Uma tragédia inesperada não apenas balança as fundações de sua existência, mas as transporta para u...