Aquela semana passou tão rápido que Branca nem lembrava do show que aconteceria naquela sexta-feira.
Era uma manhã fria no começo do mês. Não chovia lá fora, mas parecia que começaria a qualquer momento.
Branca ajudava sua mãe a organizar a casa, enquanto a dor fazia moradia em seu peito e insistia em querer transbordar pelos olhos, enquanto ouvia música no seu MP3.
Mas ela sabia que, se começasse a chorar, sua mãe começaria um questionário sem fim se percebesse o que estava acontecendo. E ela não estava a fim de responder nada.
(...)
No fim da tarde, Branca foi caminhar sozinha na praia.
Ela andou pelo longo caminho da faixa de areia e voltou até sua casa. Deitou-se na sua enorme cama e colocou seu despertador para tocar próximo ao horário do show. Porém, como todos os finais de semana, foi acordada por uma ligação de Bruna antes de o despertador tocar.
- Branca, venha para a minha casa. Precisamos nos arrumar cedo e ver qual roupa vamos usar.
- Meu Deus, Bruna! Estou dormindo.
- Estava dormindo! Vem logo.
- Você é chata, sabia?
- Não sou! Só quero te deixar linda para o idiota observar o que perdeu.
- Não perdeu nada, porque nunca teve. E não sei se ele vai hoje à noite.
- Ele vai, porque acabou de postar que queria encontrar 'certa pessoa lá'. Exatamente assim: 'queria encontrar uma certa pessoa no show da Fresno e dar o carinho que nunca pude dar'.
- Com toda certeza, não sou eu. Vou falar com a minha mãe e já estou indo aí.
Branca levantou-se da cama quentinha, com os cabelos bagunçados, desceu as escadas e sua mãe estava dormindo.
Tomou seu precioso banho, trocou-se e foi dar tchau.
(...)
Bruna estava empolgada e dançava enquanto arrumava seu quarto, quando Branca chegou, abrindo a porta e colocando sua mochila sob a cama do irmão da amiga. Deitou-se olhando ela arrumar o quarto e, sem entender o tamanho da empolgação.
- Branca, já sabe com que roupa você vai?
- Ainda não decidi. Acho que vou de preto, para mostrar meu luto pós-chute do queridinho das meninas da cidade.
- Que horror, amiga! Nada disso. Se formos de preto, será para ficar sensual. E já sei o que vamos vestir.
- Não me venha com seus enormes saltos.
- Não vamos de salto, vamos de tênis e de vestido preto.
- Bruna, por mim, iria de roupa invisível. Tipo, não ir, que tal?
- Querida, nós vamos e vamos super sensuais e acabou a conversa. Já pega a cadeira lá na sala, vou fazer sua maquiagem com os olhos poderosos.
Branca levantou-se e foi buscar a cadeira.
Sentou-se no meio do pequeno quarto da amiga, em direção à lâmpada que deixava seus poros em evidência, e começou o trabalho.
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A Música Que Não Tocou
RomanceBranca é uma garota de 17 anos, saindo do ensino médio e buscando um rumo para o futuro, lidando com a saudade que sente do pai. Durante uma vista à alguns amigos em sua antiga escola do ensino médio, é convidada para um show de rock, que ajudará um...