Os Dias Passavam

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Era começo do ano, às aulas se iniciavam e Branca já havia completado seus dezoito anos.

Ela e Bruna começaram a sair com Cauã e sua turma de amigos.

Depois da noite que se conheceram, Cauã passou a frequentar o parque marinho todas às sextas e sábados, - e às vezes aos domingos. E aproximou-se por completo, com a ajuda de Branca.

Andrews continuava sua viagem ao sul do país. Branca e ele conversam todas as noites. - Ela dizia o quanto era especial e o quanto sentia saudades dele. Contou do vestibular para Psicologia, Enfermagem e Farmácia, e que havia passado em 9° lugar. - Ele contava como havia sido seu dia, e qual música havia aprendido a tocar na sua nova guitarra preta.

Branca trocava alguns olhares com Rafael, e já havia dado uns beijinhos nele. Porém, não conseguia tirar seu amado dos pensamentos. - O coração dela insistia em não aceitar ninguém para fazer morada.

Ela aguardava ansiosa pelo retorno de Andrews, para sentar e conversar de vez. E dar um abraço tão apertado que faltaria o ar, e então seria salva com um beijo encantado.

Pobre mulher que não deixava de ser a menina sonhadora.

Cresceu assistindo contos de fadas em fitas, e acreditava no momento perfeito.

(......)

Os dias passavam e a saudade era transformada em textos que surgiam a todo momento. - Os quilômetros que separavam os dois, faziam com que Branca passasse os dias escrevendo mais e mais.

Ela se trancava em seu quarto, olhando para o plano de fundo do computador, que tinha a foto de Andrews. E ficava ali relembrando tudo o que havia acontecido... Lembrando do quanto era capaz de amá-lo com todas as forças, e todo sentimento.

Em uma sexta-feira, das que se acumulavam longe do amado, sentou-se no deck de madeira à beira do mar no parque marinho, com as ondas batendo sob as enormes pedras que o contornavam. Colocou seus fones, que tocava a última música que ele tocara para ela, e com os olhos fechados, reviveu o dia que se conheceram.
O dia que ele tocou.
O dia em que muita coisa poderia ter mudado, mas não mudou.

E como sentia saudades daquele sorriso e daquele maldito casaco roxo que se destacava na multidão.

Ao virar-se, e observar todas aquelas pessoas com suas garrafas de vodka e enormes grupinhos conversando... Só conseguia lembrar dele.

E assim estenderam-se os finais de semana na - agora monótona - cidade.

(......)


Todos seguiam os rumos da vida.
O mês já chegava ao fim, e o coração não aguentava mais de saudades.

Do lado de cá, Branca e Bruna iam junto às aulas na faculdade. Cada uma com seu curso, com sua turma e sua faculdade de escolha.

Do lado de lá, Andrews seguia sem dar muita atenção às conversas que tinha diariamente com Branca.

Alguns dias mandava um boa noite, e a conversa tinha fim. - Alguns dias mandavam músicas um para o outro, em forma de indiretas pelas redes sociais. Em outros, conversavam de verdade e sobre saudade. Às vezes, ele a ensinava escutar outras bandas de rock. Em outros dias, ela o assistia tocar ao vivo pela webcam.

Em todas essas conversas, Branca não deixou escapar estar com alguém. - Ela e Rafael haviam nascido no mesmo dia, do mesmo ano e alguns minutos de diferença no horário. Almas gêmeas, era como todos os chamavam.

Com o início do namoro oficial de Bruna com Cauã, e as aulas da faculdade -, a amizade de Branca com ela já não era a mesma.

As duas apenas iam no mesmo ônibus para a aula. - E assim, nasceu a oportunidade de Gabriela se aproximar de Branca. - (Mas, esse capítulo da vida fica para outra história).

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