CAP. 2

9 1 0
                                    

Como eu sempre tenho algumas roupas masculinas no armário do sótão, não foi problema achar um bom disfarce, como eu não sabia se meu pai ia voltar para algum negócio de última hora, o escondi embaixo da cama, até o telefone tocou.
"Casa Dwas em que posso ajudar?"
"Sem formalidades comigo Christine, não reconhece mais minha voz?"
"Sim, pai".
Ele deu uma leve inspirada no telefone.
"Não faça meu almoço, depois que eu sair do escritório eu vou ter que resolver um problema de última hora, e terei que ir direto para o teatro, mas quando eu chegar, quero tudo pronto para meu banho quente e meu jantar, você entendeu?".
Revirei os olhos tão forte que quase não voltam pro lugar.
"Sim, entendi".
E desliguei o telefone, não sabia se ele tinha alguma coisa pra dizer, mas eu não dei a mínima.
Então, deixei tudo no ponto para que quando voltasse não gastasse tanto tempo, e esperei até dar 7h.

                                      ~♡~

Saí pela porta dos fundos, como a roupa que eu tinha escolhido era de uma cor bem neutra, ninguém ia me notar.
Foi uma longa caminhada, mas valeu a pena, já fazia muito tempo que não andava pela cidade, novas cores e novos cheiros logo se apoderaram de mim, me sentia flutuando no meio de tantas maravilhas.
Então cheguei no teatro, não podia entrar pela frente pois corria o risco de alguém me reconhecer, então fui pela porta de serviço.
"Ei! Você!"
Me virei com um leve arrepio na espinha ao ouvir uma voz rouca, e me deparei com a mulher mais alta e forte que eu já vi na vida.
"Eu não te conheço...você é novo?"
"Eu..." Ia falando mais uma coisa quando ela se aproximou ainda mais, balançando seu enorme vestido vermelho extravagante.
"Ou está invadindo, hein moleque?"
Já estava declarando meu fim, quando alguém grita atrás de mim.
"Deixa ele em paz Cornellia, ele é o novo ajudante de palco que eu contratei".
"Mas ele não tinha ficado doente hoje?".
"Ele disse que havia melhorado e que viria sem atraso."
Cornellia olhou pra ele, olhou pra mim, e disse:
"Estou de olho em você". E foi embora.
Fiquei tão paralisada que nem olhei para o rapaz que havia me salvado, quando me virei, acho que vi o homem mais bonito da minha vida.
"Obrigada, por...", eu não sabia classificar de que ou de quem ele havia me salvado.
"Não tem problema, não tenho muita companhia ultimamente, quem é você?"
Estava relutante em dizer meu nome, mas sentia que uma bela amizade nascia naquele momento.
"Sou Christine, e você?".
"Sou Erik, prazer em conhecê -la senhorita".
Ele tinha o cabelo preto, e a pele cheia de sardas, era fofinho, e parece que a família também era fã de "O Fantasma da Ópera".
"Você também tem esse nome por causa do livro?"
Ele começou a rir, "É, minha avó era a maior fã, quando ela morreu, meu pai prometeu que o primeiro filho deveria se chamar Erik, e aqui estou eu".
Pelo visto, eles nunca chegaram a se falar.
"EI! PAREM DE FICAR ENROLANDO E VÃO PRO PALCO", Cornellia gritou de longe.
"Essa é a nossa deixa, gostaria de me acompanhar senhorita?"
Fui com ele até o palco, e peguei uma das cordas que puxava a cortina.
"Quando eu disser JÁ, você puxa a cortina com toda a sua força".
Eu via todos os atores se preparando e conversando entre si, os músicos afinando seus instrumentos, e os cenógrafos cuidando de tudo, era tão lindo quanto o próprio espetáculo.
Todos ficaram em silêncio.
"JÁ!".
Puxei com toda a força que tinha, para revelar a magia da arte para o público.

(A/N: Esse demorou um pouquinho mais, mas não vou dar nenhum spoiler dessa obra de arte por que quero que quem leu, vá atrás de saber, espero que tenham gostado, até a próxima ;) )

                    

A música da almaOnde histórias criam vida. Descubra agora