CAP.3

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Durante a peça, eu olhava para Erik, ele parecia divagar enquanto olhava a atuação, como se ele quisesse estar lá, seus olhos azuis brilhavam de admiração e desejo, e eu sei bem como é essa sensação.
No intervalo a orquestra tocando as músicas em sequência, e decidi perguntar uma coisa ao Erik.
"Qual é o seu sonho?".
Ele olhou pra mim e eu pensei:"Pronto agora ele me acha completamente louca", JURAVA que ele iria rir, mas ele se tornou melancólico de repente.
"Quando eu era criança, meu pai me levou para o Teatro Globo para ver "Hamlet", segundo ele, queria que eu aprofundasse mais a minha linha de pensamento, desde a primeira parte, eu fiquei conectado com o personagem, e eu decidi que queria trazer esse sentimento para o resto do mundo.", uma pequena lágrima escorreu de seu rosto,  "Quando a peça acabou, implorei pasta falar com os atores no fundo do teatro, quase faço escândalo, até que ele deixou, fui correndo pra lá e entrei, todos estavam rindo e conversando, quando me viram ficaram bem surpresos, o ator de Hamlet (ainda na roupa do personagem), se aproximou de mim e perguntou:
' "Porque veio aqui? '
"Eu todo tímido quase não formulo palavras mas consegui perguntar:
' "Como vocês conseguem transmitir esses sentimentos para as pessoas? Eu quero experimentar também. '
"Ele foi até o seu armário, pegou um panfleto, e me entregou.
' "Esse aqui é o melhor lugar para  aperfeiçoar as suas habilidades, onde seus sonhos viram realidade. '
"Saí todo animado, com meu pai reclamando que eu fiz ele se atrasar, esse foi o panfleto que me deram".
Ele tirou um papel dobrado e amassado do bolso, e me entregou, quando o desdobrei, quase fui pra trás.
"Eu também recebi esse panfleto".
"Você também?".
Faço que sim com a cabeça.
"Já foi pra lá?".
"Sempre quis, mas não".
"Meus pais não deixaram, primeiro disseram que nunca ouviram falar nesse lugar, e também, eles querem que eu seja empresário pra continuar com os negócios da família...".
Minha atenção foi desviada para meu pai, que estava na primeira fileira e se levantou pra sair, fiquei preocupada de voltar pra casa tão cedo, mas ouvi que terá uma homenagem ao convidado de honra e ele não vai perder isso por nada.
"Ei, Terra para Christine".
"An?", nem notei que ele ainda estava falando comigo".
"Qual é o seu sonho?".
"Eu...", o intervalo acabou e logo meu pai estava de volta na posição privilegiada dele.

                                   ~♡~

Esse foi com certeza o melhor dia da minha vida, e olha que se eu não chegar a tempo em casa posso não viver pra contar a história.
Logo que a peça acabou, tive que sair de fininho pra ninguém notar, mas o Erik logo me seguiu.
"Ei, pra onde você tá indo?".
"Olha, é meio complicado de explicar, mas eu quero agradecer por ter me salvado daquela mulher e conseguir que eu veja essa peça, eu amei cada segundo".
E saí correndo.
Já estava na escada quando o Erik me pegou pelo braço e disse:
"Promete que vamos nós ver de novo, nem que não seja na Universidade Holloway?".
Não podia dar falsas esperanças a ele, mas ele era tão solitário quanto eu.
"...Prometo".
E me adentrei nas ruas de Londres, a cada batida que o Big Ben soava era igual a um aumento da minha pressão cardíaca.
Me sentia como a Cinderela, só que sem carruagem, sem baile e sem um vestido, mas pelo menos tinha conhecido um príncipe.
Entrei em casa e corri pra só colocar os legumes e verduras pra fazer uma sopa pro jantar, e para encher a água da banheira com água quente.
Então eu ouvi a porta abrir e corri para limpar e ajeitar a mesa, coloquei o meu uniforme, escondi a roupa e voltei para colocar a sopa no prato.
Foi no momento que ele entrou na cozinha.
"Finalmente consegui sair de lá, se eles não me tivessem feito de convidado de honra teria arrumado uma desculpa."
Ele se sentou na mesa e começou a tomar a sopa.
"O banho já está pronto?".
"Sim, senhor".
"Eu comprei uma coisa pra você, está no sofá".
Fui até o sofá e vi que era um enorme vestido branco com detalhes rosa, o que me fez acordar para a minha triste realidade de novo.
"Olha, desde que a sua mãe morreu, eu venho tentando fazer o melhor por você, você já está na idade de se casar, então, por favor entenda que é para o seu bem".
Aquilo era a mesma balela que ouvia toda a noite, não era novidade nenhuma aquele discurso idiota.
"Por favor fique apresentável amanhã, os pretendentes vão chegar bem cedo."
E ele foi tomar banho.
A minha vontade era de rasgar aquele vestido em mil pedacinhos para mostrar a minha raiva, mas o coitado não tinha culpa e poderia encontrar alguma pessoa que gostasse de usar essas coisas.
Fui para o sótão / meu quarto e joguei o vestido no armário, para tentar limpar a minha mente, comecei a tocar uma das músicas da peça.

Masquerade
Pretty faces on parade
Masquerade
Hide your face so the world will never find you.

Eu realmente estava me sentindo num baile de máscaras ambulante, mas eu não quero mais fazer parte dele.
Eu quero ser livre.

A/N: Sentiu minha falta? Bom, as videoaulas estão me matando por dentro, enfim, eu mudei a capa porque a primeira que eu fiz me matava de olhar, e tive uma pequena enxaqueca, mas enfim, espero que tenham ao menos gostado🖤🖤🖤

A música da almaOnde histórias criam vida. Descubra agora