Depois de ter sido expulsa, e não ter mais nenhum lugar para ir (já que meu pai rasgou o panfleto, não sabia como chegar na Universidade Holloway de cabeça) comecei a passear pela cidade.
É incrível a quantidade de coisas que começamos a notar quando paramos um pouco, um pássaro cantando no fio de energia, um riso de criança, uma nova flor na praça.
"CUIDADO! RISCO DE TEMPORAL MUITO FORTE! SE ABRIGUEM EM SUAS CASAS!"
A forte voz do alto-falante me fez recuar para o primeiro pedaço coberto que encontrei, que no caso foi uma cafeteria bastante rústica.
Na minha frente as pessoas corriam para seus carros ou para suas casas, uma menina parou para olhar para mim um momento, ela tinha o cabelo bagunçado e olhos verdes esmeralda, sorri para ela, e ela sorriu de volta.
Mas logo tive que me abaixar pois o vento quebrou o vidro da cafeteria.
O que eu poderia fazer? Todos estavam sujeitos àquele temporal repentino, mas aquilo não era comum, estávamos no meio do verão.
Christine....
Uma voz me chamou, mas não vi ninguém que me conhecia.
Christine...pare esse ataque....
"Mas não é um ataque, é um temporal", ótimo, agora tô falando com as vozes na minha cabeça.
Ah, minha querida, existem muitas coisas das quais não sabe.
Ok, aquela conversa já tava ficando muito estranha.
Você é capaz de coisas incríveis e não sabe...
"Mas como eu consigo parar essa coisa?!".
Está dentro de você e do seu sonho...vá...salve-os.
Uma determinação repentina tomou conta dos meus sentidos, não sabia se aquele seria meu fim.
Mas tinha que salvá-los.
Peguei o meu violino, fui até o meio da avenida, e comecei a caminhar contra o vento, aquilo era loucura, eu sabia, mas não podia ficar parada vendo as pessoas sofrerem, não mais.
As pessoas cochichavam: "Ela é louca", "Só quer chamar a atenção", "Ela tá querendo morrer?".
Eu não me importava, mesmo que isso me matasse, pelo menos teria feito algo.
Posicionei o violino no ombro e os dedos no arco, enquanto via a enorme avalanche negra vindo de encontro comigo.
Emiti a primeira nota, e a negritude me envolveu, mas não avançou mais para longe.
Ela circundava o meu corpo, fazendo com que ele congelasse, mas eu não parei de tocar, nem por um segundo.
Uma luz começou a surgir dentro do meu instrumento, e essa coisa parecia assustar a escuridão, então toquei cada vez mais forte, e a luz crescia cada vez mais.
Chegou um momento em que a luz ficou tão forte, que eu não me lembro de ter visto mais nada.
Apenas ouvi a voz de novo.
Muito bem, minha menina, você os salvou.
"Mas, o que eu faço agora? Não tenho para onde ir."
Vá para a Universidade Holloway, encontrará ajuda lá.
"Mas eu não sei como ir para lá."
Não se preocupe, eu dei um jeito nisso.
Meus olhos começaram a abrir, eu estava sã e salva deitada na calçada, abraçando meu violino e na minha mão, um panfleto novinho da Universidade Holloway.
"Mas como isso é possível? Meu pai rasgou ele na minha frente, EU ME LEMBRO DISSO", pensei.
Mas o mais estranho foi a mala que encontrei ao meu lado, com meu nome e tudo o que tem direito, com roupas novas e quentes, até alguns aperetivos.
"Essa maleta realiza todos os seus desejos, use-a com cuidado", um bilhete dentro dela dizia, mas não estava assinado.
Segundo o panfleto, eu tinha que pegar a estação de trem 3⅘(que tipo de estação tem esse nome?), mas para chegar na estação mais próxima eu teria que pegar um navio, e eu não tenho dinheiro suficiente.
Mas mesmo assim, comecei o meu caminho até lá.
Parecia que os ventos finalmente haviam mudado a direção.A/N: A inspiração para essa personagem veio desse clipe, música maravilhosa e história melhor ainda, Indila arrasa, e espero que tenha notado o mini easter-egg de Harry Potter aqui.
Enfim, espero que tenha gostado e sugiro que escute a música lá em cima.
🖤🖤
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A música da alma
FantasyChristine tem um sonho, ser uma grande violinista e graduada na Universidade Holloway, ela se descobriu prodígio no violino aos 6 anos, mas com a morte de sua mãe, teve que ser forçada a ser uma empregada doméstica (na própria casa) pelo seu pai, ma...