A música da alma

CAP. 6

Enquanto eu andava em direção ao porto para ir para a Universidade Holloway, encontrei três rostos conhecidos, um de cabelo vermelho, outro de pele morena, e os familiares olhos suplicantes.
"Ei! Kalil!"
Ela se virou e ao me reconhecer chamou as suas irmãs, e elas vieram até mim.
"A senhorita está bem?", Dalia perguntou.
"Por favor não me chamem mais de senhorita, eu fico constrangida, me chamem só de Christine mesmo".
"Quer que eu pegue um copo d'água pra você?", Nina perguntou, notei que era a primeira vez que ela havia falado, ela tem uma bela voz.
"Não, obrigada, só queria saber, aonde estão indo?", elas cochicharam entre si logo após, será que era algo muito pessoal?
Depois de alguns segundos, Nina veio para perto de mim e perguntou:
"Você conhece a Universidade Holloway?", um clarão de esperança atingiu meus sentidos.
"Sim, é para lá que eu estou indo!", digo animada.
"Ufa, pensamos que você iria nos chamar de malucas assim como os outros", Dalia comentou.
"Então, eu só queria saber se tem algum jeito de me incluir na viagem?"

Pov_Erik

"Não se esqueça de se agasalhar pois aonde você vai é muito frio".
"Tá bom, mãe, a senhora disse isso várias vezes."
Eu estava no píer, me despedindo dos meus pais, logo eu seria o sucessor de meu pai como dono da empresa e para isso teria que estudar administração.
"Logo, você será um empresário de renome, meu filho".
Eu não me sinto bem com meu pai me tratando no masculino, queria que ele me tratasse no feminino, o estranho é que no mês passado eu não me incomodava, mas agora isso é esquisito.
Eu tenho essas flutuações de gênero de vez em quando, meus pais não sabem disso, eu tentei me informar sobre isso, mas não tem nada que fale.
"Obrigado, pai", eles me abraçam uma última vez, e se afastam.
Enquanto eu colocava minha bagagem no navio, pensei ter reconhecido uma voz.
"Não obrigada, só queria saber, aonde estão indo?"
Me aproximei um pouco e vi que realmente conhecia aquela voz.
Era Christine, mas o que ela estaria fazendo aqui?
Três mulheres estavam falando com ela, uma ruiva, uma de cabelos cacheados e negra, e outra loira.
A de cabelos cacheados falou primeiro.
"Você conhece a Universidade Holloway?".
Então elas também estavam indo para lá, e iam pegar o mesmo navio, era a minha chance de finalmente conseguir realizar meu sonho.

Pov_Christine

"Infelizmente não sobrou nenhum dinheiro pra te incluir na passagem".
Argh! Porque eu não lembrei de pegar pelo menos mais um pouco de dinheiro depois que eu saí daquele lugar.
"Se eu pudesse me esconder em algum lugar...", depois desse comentário, eu sinto a minha mala nova se tremer e cair no chão.
Eu a abro, e as roupas haviam sumido, coloquei a mão e... não senti o fundo da mala.
"Quer que a gente confira a mala pra você?", Kalil perguntou.
"Não obrigada", fui mais fundo, "acho que eu vou alcançar alguma cOIIISAAAAAAA", acreditem ou não, eu caí dentro da mala, com violino e tudo.
"Christine, você está bem?", as três disseram em uníssono de fora da mala.
"Estou bem", graças a Deus não quebrei nada, "só preciso achar algum tipo de luz aqui", foi só eu falar isso, que um quarto bem aconchegante surgiu na minha frente.
O que me deu uma ideia.
"Vocês estão levando muitas malas?".
"Não, só algumas mudas de roupa mesmo", Dalia respondeu.
"Podem adicionar essa mala na viagem de vocês? Comigo dentro dela".
Nós nos olhamos e elas concordaram comigo, a mala foi fechada e levada até o compartimento do navio.
O quarto tinha paredes vermelhas customizadas, uma cama branca bem larga e um armário, onde estavam as minhas roupas.
Peguei meu violino e verifiquei se ele ainda estava inteiro, e sim estava, essa era minha maior preocupação no momento.
Decidi treinar um pouco nele, fazia um tempinho que eu não treinava com vontade.

Pov_Erik

Eu realmente vi a Christine entrar em uma mala? E sobreviver?
Agora mais do que nunca eu preciso segui-las, o único motivo para que elas estejam pegando aquele barco é para ir até a Universidade Holloway.
E eu prometi a ela que iria, então entrei no navio.

A/N: Obrigada por ter acompanhado até aqui, e se tiver curiosidade de pesquisar, Erik é gênero fluido, ou seja, tem flutuações de gênero, podendo transitar entre masculino, feminino e  não-binárie. Tive essa ideia em homenagem à uma pessoa que eu conheci esse ano.