Capítulo 11

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— Aí! — eu gritei quando o alfinete me perfurou.

Eu estava de pé a horas em frente a um grande espelho, eu ja tinha perdido a conta de quantos alfinetes já tinham entrado na minha cintura enquanto Mag Dowtonw ajustava o vestido no meu corpo de várias formas. Mag era uma das estilistas mais famosas da Itália, e ela mesma trouxera o vestido para mim, pelo que eu sei, ela conheceu minha mãe no ensino médio em New York, depois Mag voltou para a Itália e minha mãe foi pra faculdade onde conheceu o meu pai, mas isso já é outra história, ainda assim Mag e Margot eram amigas.

Pois é, uma geração que amava M's, Mag, Margot , Melina, infelizmente.

Em meu corpo havia um belo vestido de tirar o fôlego de qualquer um.

— Acho que está um pouco Largo na cintura — disse minha mãe segurando um braço com o outro com um olhar sério.

Eu me virei pra ela furiosa, ela só podia estar louca.

— Mas Margot, já está no limite, se eu apertar mais ela não vai conseguir respirar ali dentro. — naquele ponto eu concordava perfeitamente com a Mag.

O vestido azul claro, com renda no corpete e muito tule na saia fazia meu corpo parecer pesar uma tonelada, mas ainda assim parecia coisa de Princesa, era lindíssimo.

Todos que estavam naquele local gritaram quando balas começaram a entrar pela janela do Studio quebrando todos os vidros e furando todas as paredes, todos se jogaram no chão, meu primeiro reflexo foi proteger a minha mãe, mas quando olhei pra ela seu braço sangrava, meu coração foi tomado por um medo tão grande, a última vez que eu tinha sentido aquele medo foi quando a rainha Mary Anne ameaçou minha mãe na minha casa.

Mary Anne.

Não. Não podia ser. Será que ela estava tentando me dar algum recado com aquilo tudo? Mas porque ela faria isso? Não, ela não tinha motivos pra fazer àquilo, embora o cabo do freio do meu carro tenha sido cortado e até agora não ter aparecido provas de quem foi.

Naquele momento tudo estava claro. Alguém estava tentando me matar, e a primeira na minha lista era a rainha.

— Mãe, você tá bem? — eu perguntei aflita me arrastando até ela.

Ela respirava com um pouco de dificuldade.

— Está tudo bem, foi de raspão, não se preocupe. — ela disse enquanto eu colocava a cabeça dela no meu colo.

Eu enfim vi no fundo dos seus olhos castanhos claros a força, ela sentia dor e uma dor profunda, não só a dor física como medo, medo de perder a filha que ela tanto amava.

As balas aos poucos pararam de atravessar as janelas, meu coração batia descompassado, alguns costureiros e outros funcionários de Mag estavam estirados no chão, não gostava de pensar que talvez estivessem mortos.

Eu olhei para Mag que assim como eu estava sem ferimento algum.

— Mag chame ajuda, rápido! — ela parecia perplexa em ver o que seu Studio tinha se tornado — Vai!

Enquanto ela corria eu tentava estancar o sangue que saia do ferimento no braço da minha mãe.

— Vai ficar tudo bem — eu a confortei enquanto pressionava a barra do vestido sobre a ferida.

*Algumas horas mais tarde*

Eu já não aguentava mais o barulho das sirenes e as perguntas dos detetives, eu só conseguia me perguntar porque? Quem teria motivos para fazer uma coisa daquelas?

Minha cabeça doía, a minha volta haviam ambulâncias, e muitos policiais, a noite estava caindo quando ouvi a voz mais reconfortante entre as outras.

— Melina? — eu me virei e vi o Aaron correr ate mim com olhos preocupados olhando para a minha roupa — Meu Deus, você está bem? Vim assim que vi sua mensagem.

Eu suspirei antes de responde-lo.

—Sim eu estou bem, só não me faça perguntas agora — eu disse colocando uma mão na cabeça na esperança de amenizar a dor.

Ele ainda parecia horrorizado olhando pra mim, e só naquele instante reparei que eu ainda vestia o vestido do baile que infelizmente estava todo sujo de sangue.

— Não esquenta, esse sangue não é meu — eu apontei pro vestido.

Ele olhou mais uma vez antes de colocar as mãos nos bolsos.

— É uma pena ter estragado o vestido, parecia ser bem bonito — ele só podia estar brincando.

Eu olhei para ele perplexa, aquele garoto era maluco.

— Como consegue pensar nisso agora ? — eu franzi a testa dando um tapa no ombro largo dele.

Eu olhei para a minha mãe na ambulância que ainda teria que ir ao hospital, eu estava tão cansada, mas eu não abandonaria ela agora, de jeito nenhum. Suspirei com as pontadas que iam e vinham na minha cabeça.

— Você parece estar cansada, porque não vai pra casa? Eu vou com a sua mãe no hospital e levo ela pra casa depois — foram as palavras mais reconfortantes que poderia ouvir naquele dia tão tumultuado.

Eu consegui abrir um pequeno sorriso ao olhar nos olhos dele.

— Jura? — eu soltei os ombros em alívio.

Ele assentiu confirmando, uma vontade súbita de abraça-lo tomou conta de mim, mas não queria sujar sua camisa branca com sangue.

— Obrigada — eu disse a ele enquanto me virava para minha mãe — tudo bem pra você?

Ela sorriu segurando a minha mão, ela havia se tornado uma mãe tão diferente nos últimos tempos, estava mais doce e aquilo aquecia meu coração.

— Claro, vá tomar um banho, comer alguma coisa, eu tô bem — ela parecia estar bem, e eu precisava de verdade de um banho, e de um jantar.

Me virei novamente para o Aaron, ele tinha uma aparência tão tranquila, sempre, era tão seguro de si, as vezes eu tinha um pouco de inveja, uma inveja boa, da sua passividade. Caminhei até ele carregando o pesado vestido azul.

— Me encontra no Laframboise em duas horas, vai ser o tempo de vocês irem e voltarem do hospital. — ele engoliu em seco quando eu cheguei perto o suficiente para sentir seu peito subir e descer com a respiração.

Ele passou os olhos pelo coque bagunçado no meu cabelo e em seguida voltou seu olhar para os meus olhos.

— Ok — ele disse ainda olhando em meus olhos.

Passei por ele indo em direção ao meu carro, eu sentia minhas pernas pesadas, eu precisava de um banho e um vestido novo. Entrei no carro e fui pra casa.

Um banho de banheira era tudo que eu precisava, tentei esvaziar a cabeça e relaxar.
 

 

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