Quando Em tem que deixar tudo de lado.

5.2K 384 15
                                    

"Minha mãe-- Ela voltou para o hospital, e o mé-- Médico disse que o câncer dela voltou."

Eu deixei tudo de lado.

O meu orgulho, a raiva acumulada que eu tinha de Louis, e as lembranças de suas traições. A mãe dele estava com câncer. De novo.

A mãe de Louis, carinhosamente chamada por todos de Maggie (seu nome verdadeiro era Margaret), teve câncer enquanto eu e Louis estávamos por volta dos nossos catorze anos. Ela desenvolveu câncer nas mamas e foi um período horrível, tanto para Louis quanto para mim e minha mãe. Ela era quase uma segunda mãe para mim e vê-la naquela cama de hospital, a beira da morte, não era o que eu imaginava para o seu futuro. O câncer dela foi algo que uniu muito nós dois, pois o Louis se encontrou em um momento extremamente sensível, e eu era a única que entendia-o. Nossos amigos ficavam tristes, mas ninguém realmente se importava com Louis e Maggie como eu. Minha mãe fazia de tudo pelos dois. Ela foi a enfermeira de Maggie, conseguiu quartos melhores para ela, e ficava com ela durante a noite quando o pai de Louis não conseguia chegar. As duas eram quase melhores amigas antes da nossa separação.

Maggie lutou bravamente e conseguiu se expulsar o câncer após operações e sessões diversas de quimioterapia. Até onde eu sei, ela fazia quimio preventiva até hoje, para evitar novos tumores.

Ouvir Louis dizer que o câncer de Maggie voltou era um choque. Eu nunca esperei isso. Talvez pela nossa distância, devido a minha separação com Louis, eu tinha a impressão que ela estava bem.

Obviamente eu estava enganada.

"Louis," Foi após minutos de silêncio que eu consegui chamar o seu nome. Nós dois tínhamos sentado nos degraus e ele chorava intensamente no meu ombro, seus braços me envolvendo. Eu também estava chorando, mas tentava disfarçar, para ser forte por ele. A minha mão continuava a acariciar suas costas, tentando acalmá-lo. "Me explica o que aconteceu, por favor..."

Ele fungou algumas vezes antes de se distanciar lentamente do meu ombro, limpando suas lágrimas. Seu olhar era baixo e ele ainda soluçava. Era devastador vê-lo daquele jeito. Todos o tempo que ficamos separados, Louis sempre tentou me passar a imagem de que era invencível, de que estava tudo sempre às mil maravilhas. Vê-lo tão frágil, com sua armadura destruída, bem na minha frente, me fazia querer abraçá-lo até tudo acabar.

"Eu sabia que só você entenderia." Ele sorriu levemente e eu acariciei seu braço rapidamente, dando um sorriso leve de volta. "Quando eu cheguei aqui, a sua vizinha disse que vocês só iriam chegar mais tarde e-- Eu esperei, porque eu precisava te ver."

Entre soluços, a sua fala fez ele mesmo erguer o olhar até o meu. Ambos de olhos vermelhos e inchados, era quase como um deja vu de alguns anos atrás.

"Desculpa ter dito aquelas coisas, não sabia a real razão de você ter vindo." Eu disse, passando a mão pelo meu cabelo e puxando-o para trás.

"Não, você não precisa se desculpar. Eu mereço aquilo. Eu mereço ouvir tudo aquilo."

"Sim, você merece, mas não em um momento como esse." Eu comentei e ele concordou silenciosamente. Eu estava me apoiando no chão com uma das mãos enquanto a outra estava caída pelo meu corpo, e eu podia ver Louis encarando as duas, pensando nos seus próximos atos.

"Ela foi para o hospital na sexta à tarde. Eu pensei em procurar pela sua mãe lá, mas eu sabia que ela provavelmente me odeia agora. Eu estava certo. O olhar dela agora disse tudo." Ele desviou seu olhar e eu mordi o meu lábio.

"Isso não tem nada a ver. Ela nunca deixaria de cuidar da sua mãe por algo que você fez. Ela pode estar com raiva, mas ela ama vocês, vocês dois."

"Eu pensei em te ligar também, mas eu sabia que você não iria atender. Quando a Cat disse que você tinha viajado para a Califórnia, quase entrei em pânico achando que você tinha se mudado. Mas ela disse que foi só pelo final de semana, então eu relaxei. Só consegui passar por aquele ano por causa de você, Em. Você era quem me sustentava." Ele disse e eu puxei-o para um abraço.

"Eu ainda vou me mudar em duas semanas," Eu murmurei, ainda no abraço. "Mas eu sempre estarei aqui para o que você precisar. Você pode me ligar, e, sei lá, eu pego o primeiro vôo para Nova York."

Pude sentir seu sorriso.

"Achei que você me odiava. Estava cogitando que você não iria querer ouvir, mesmo que eu falasse da minha mãe." Ele murmurou de volta.

"Eu meio que te odeio, sim." Eu disse e ele riu, balançando a cabeça. "Mas eu amo a sua mãe. E eu sei o quanto você precisa de alguém agora. Eu estou aqui para você, Louis."

Ele recuou um pouco, deixando o meu abraço lentamente. Seus olhos estavam fixos nos meus, quase como se enxergassem os meus pensamentos.

"Eu realmente preciso de você, pequena." Ele disse, ainda com os olhos fixos.

"Eu sei. É por isso que eu estou aqui, Boo." Eu adicionei seu apelido carinhosamente. Não era como se eu tivesse perdoado Louis pelo que ele fez nos últimos anos, mas eu resolvi esquecer momentaneamente. Era como ele disse; ele precisava de mim. Um câncer era muito mais importante do que qualquer problema que nós dois tínhamos.

Louis sorriu levemente ao uso do seu apelido e eu pude ver o seu rosto inclinando-se lentamente até que ele pode... Beijar os meus lábios. Louis estava me beijando. Ai meu Deus, Louis estava me beijando.

Seus olhos estavam fechados, enquanto os meus estavam abertos em pânico. Ele continuou a beijar lentamente os meus lábios enquanto uma batalha mental ocorria dentro de mim.

Não sei se foi pena, ou o fato de que os lábios de Louis tinham o mesmo gosto desde que começamos a namorar - de menta e chocolate -, mas eu deixei. Mais que deixei, na verdade; pouco a pouco, pude sentir os meus lábios correspondendo os dele.

SIX ➣ 1d fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora