Quando Em vai à um enterro.

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Fiz uma playlist com as músicas que ouvi escrevendo esse capítulo. Talvez elas te façam chorar, talvez não (eu chorei muito ouvindo-as enquanto escrevia), mas aqui segue o link: 
http://8tracks.com/harrehfck/life-is-fragile 

espero que gostem!

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"Ah. Eu... Eu tenho que ir." Eu disse para Adam, e desliguei o celular. Calmamente, desci as escadas e fui até a cozinha. Minha mãe estava lá, e deu um pequeno sorriso para mim, que se desfez um pouco ao ver minhas mãos trêmulas.

Sem pressa, peguei uma caneca do armário, pretendendo tomar um café, mas ela escorregou da minha mão e se espatifou no chão com um barulho alto. Minha mãe deu um gritinho e eu me desesperei, me ajoelhando para catar os cacos da porcelana.

"Em! O que você tá fazendo?! Seus joelhos!" Minha mãe gritou, andando até mim com cuidado e me puxando para cima. "O que há de errado com você? Seus joelhos estão sangrando!"

Olhando para baixo, vi que, de fato, eu me ajoelhei nos cacos, e meus joelhos estavam pintados de vermelho.

"D-Desculpa", eu disse, inibida de sentir dor. Ela me sentou em uma cadeira da cozinha.

"Você está bem?" Minha mãe me perguntou, se agachando para ficar na altura dos meus ferimentos. Eu balancei a cabeça, negando. "Tá doendo?"

Eu assenti rapidamente, mas não falava dos meus machucados.

"Ah, querida, tudo bem. Vou pegar os curativos." Ela disse, mas eu não aguentei mais. Soltando um soluço bagunçado, me desfiz em uma poça de lágrimas. Agarrei o pescoço de minha mãe, chorando em seu ombro, e chorei mais, soluçando, sentindo a última ponta de esperança que eu tinha se desfazer em milhões de pedaços. Podia sentir o sangue correndo pelas minhas veias, minha visão ficando desfocada.

"Mãe, tá doendo tanto", eu disse entre lágrimas, apertando mais seu pescoço com os meus braços, e ela envolveu meu corpo com um abraço.

"Em... Do que você está falando?"

"Isso-Isso não pode estar acontecendo, não com ela, não pode estar", eu solucei, completamente perdendo o controle de mim mesma. Maggie não podia estar morta. Não podia. Ela tinha que voltar. Ela não podia nos deixar.

"Ela? Ela quem? Em, fala comigo", minha mãe disse, me afastando para olhar nos meus olhos.

"Maggie— Maggie está morta", eu disse, e o rosto da minha mãe caiu.

"Ah, querida", ela murmurou e me puxou de volta para o abraço, chorando mais silenciosamente no meu cabelo.

"Eu não quero que ela morra, mãe", eu disse quase em um grito, apertando sua blusa entre meus dedos. "Por favor, mãe, faz ela voltar, por favor..."

Enquanto mais e mais lágrimas se ensopavam no meu rosto e no ombro da minha mãe, meu cérebro relembrou todos as Ações de Graça que passei na casa dos Tomlinson, todos os biscoitos que Maggie fez para mim e Louis em nossa infância, todas as vezes que ela nos levou ao cinema para ver filmes de super heróis. Lembrei de como ela me acudiu quando meu pai se foi e minha mãe surtou, como ela cuidou de mim como se fosse sua filha. Como eu sofri com Louis em seu primeiro câncer. Como passamos dias e noites chorando no corredor, torcendo para que ela melhorasse. E ela melhorou. Mas agora ela estava morta. Por que isso está acontecendo? Maggie não merecia isso. Maggie não merecia nada disso.

"Ela não pode estar morta, não pode..." Eu funguei e a mão da minha mãe acariciou minhas costas lentamente, tentando parecer forte mas chorando também.

"Venha cá", ela me chamou, me levantando da cadeira, me levando pra sala e me sentando em um dos sofás. Seu rosto estava completamente inchado, seus olhos vermelhos e as lágrimas continuavam a escorrer de seu rosto. "T-Temos que c-cuidar desses machucados, eu já volto." Ela soluçou e se levantou, me deixando sozinha.

SIX ➣ 1d fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora