VI - Condenada eternamente

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"Maldita sejas, por onde vás;

Maldita entre Deus e Satanás;

Maldita por entre céu ou inferno!

Numa ave agourenta encarnarás

E pela morte suplicarás,

Mas será o teu sofrimento, eterno!


Nas sombras, teu caminho farás

E oculta, pela noite andarás,

Vivendo sozinha como as feras.

Quando aflita, à morte rogarás,

Mas nem mesmo a morte a ouvirá;

Passarão os anos, findarão eras!"


E a morte se foi naquela hora

Deixando a amargura que a devora

E uma dor pungente que a trespassa;

E vagando se foi mundo afora

Em forma de coruja que agoura

A tudo e a todos por onde passa.


E segue, pelo mundo a vagar;

Seus dias, passam-se devagar,

Sua existência é vã - sem sentido.

Nem mesmo o fogo a pode queimar,

Nem mesmo o vento pode levar

O sofrer desse ser exaurido.


Os anos recusam-se a passar,

E ela vai, com tristeza a entoar

Seu canto melancólico e surdo.

Pela noite se pode escutar

O som de um lúgubre pipiar,

Um choro agonizante e noturno.


Ainda hoje ela vaga por aí

Sem destino, sem ter aonde ir,

Condenada a errar eternamente.

Se quando a noite escura cair,

Um cântico plangente bramir,

É a bruxa chorando tristemente.


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