"Maldita sejas, por onde vás;
Maldita entre Deus e Satanás;
Maldita por entre céu ou inferno!
Numa ave agourenta encarnarás
E pela morte suplicarás,
Mas será o teu sofrimento, eterno!
Nas sombras, teu caminho farás
E oculta, pela noite andarás,
Vivendo sozinha como as feras.
Quando aflita, à morte rogarás,
Mas nem mesmo a morte a ouvirá;
Passarão os anos, findarão eras!"
E a morte se foi naquela hora
Deixando a amargura que a devora
E uma dor pungente que a trespassa;
E vagando se foi mundo afora
Em forma de coruja que agoura
A tudo e a todos por onde passa.
E segue, pelo mundo a vagar;
Seus dias, passam-se devagar,
Sua existência é vã - sem sentido.
Nem mesmo o fogo a pode queimar,
Nem mesmo o vento pode levar
O sofrer desse ser exaurido.
Os anos recusam-se a passar,
E ela vai, com tristeza a entoar
Seu canto melancólico e surdo.
Pela noite se pode escutar
O som de um lúgubre pipiar,
Um choro agonizante e noturno.
Ainda hoje ela vaga por aí
Sem destino, sem ter aonde ir,
Condenada a errar eternamente.
Se quando a noite escura cair,
Um cântico plangente bramir,
É a bruxa chorando tristemente.
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A bruxa
PuisiUma narrativa poética com nuances góticas e um apelo aos estilos tradicionais da poesia romântica. Conta a história de uma bruxa solitária que se apaixona e se apega a um amor impossível. As causas e efeitos desse amor podem resultar em consequência...