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Aires suspirou e em um estalo ele entendeu o que estava acontecendo, estava mostrando suas fraquezas. Isso não pode acontecer. — Ele dizia mentalmente.

Horrorizada Loreta o observava, Mariel estava encolhida na cama, de ouvidos atentos para uma próxima movimentação dele.

Ele olhou ao redor, abriu a porta, onde Magda já não estava e saiu do quarto, com semblante transtornado.
Loreta com a respiração pesada aproximou-se de Mariel, com a mão sobre a testa da menina, ela averiguou a temperatura...a febre estava voltando.

— Precisamos cuidar de você, Mari — Ela sussurrou tentando acalmá-la.

— Eu quero fazer a cirurgia, Lori! Por favor — Mariel sussurra aflita.

— Vai fazer, meu amor. Você vai fazer — Ela soprou notando que os olhos de Mariel traziam de volta o sono.

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— Acordou? — Agave sorriu acariciando os cabelos de Mariel que sorria levemente.

— Eu dormi? Nem percebi — Sussurrou notando que estavam sobre uma praia, deitados na areia fofa.

Ela olhou para si, usava um vestido vinho, rodado que ia até seus joelhos. Ergueu as sobrancelhas em surpresa, ao notar um decote coração....ela sorriu em alegria, um tanto confusa pela nova vestimenta.

Ignorando as confusões, passou os pés pela areia, abrindo um sorriso com a sensação, Agave a olhou e acompanhou hipnotizado os movimentos dos pés.

Ele também estava diferente, usava roupas leves, mas as cores já não eram as mesmas. A calça ainda era branca em tecido leve, mas a camisa era larga em um azul acinzentado que trazia um certo conforto.

Tudo naquele momento estava diferente, por um segundo Mariel percebeu que nas vezes que via Agave, seus problemas e dúvidas desapareciam. A visão se fazia presente e nada mais importava.

Mas naquele instante, toda a cena com Aires repassava em sua memória, a cirurgia, a cegueira que ali não existia, tudo a assustou fazendo iniciar um choro contido e melancólico.

Os braços, bronzeados de Agave a envolveu, ele a trouxe para perto, ela se aninhou ao pescoço dele, chorando sem entender como tudo acontecia.

— Escute...— Ele Sussurrou no ouvido dela. — Somos amigos, não somos? — Ela assentiu soluçando — conte comigo, faça o certo e não confie nele, mentiras e dúvidas surgirão, siga a intuição, confie em você e não deixe que roubem o que há em você. — Ela afirmou levantando a cabeça, olhando para ele — Promete? Independente de tudo? — Agave acariciou os cabelos dela.

— Eu prometo. — Mariel Sussurrou beijando a bochecha dele, se escondendo atrás dos ombros dele, que soltou uma alta risada.

Sob os lábios dela, gerou uma protuberância em um bico, que o divertia mais ainda, ela cruzou os braços, se afastando e bufando com as bochechas rosadas pela timidez.

Agave a puxou para perto, sem deixar de rir, ao ver as bochechas rosadas, perdeu-se em risadas, mordendo de leve uma das bochechas dela. Mariel em um ímpeto o beliscou no ombro.

Ambos se assustaram, paralisaram se olhando.

— Somos doidos! — Agave voltou a rir, trazendo o riso de Mariel que o olhava com um semblante feliz.

— Aqui, sempre é feliz, tem riso, carinho...gosto daqui.— Ela sussurrou ganhando a atenção de Agave.

— O aqui está dentro de você. — Ele pontuou com gentileza.

— Vou fazer uma cirurgia nos olhos, não sei como, mas vou. — Ela afirma confiante.

— Vai fazer, sei que tudo vai dar certo. Mari, será um caminho difícil e longo, árduo, talvez. Mas eu imploro não desista, não desista de quem você é. Mariel não desista de você.

MarielOnde histórias criam vida. Descubra agora