Capítulo 4 - Fiona

829 71 15
                                    


Pov Catarina

Eu nunca fui alguém impulsiva na minha vida, para ser bem sincera racionalidade deveria ser meu sobrenome, pensar duas vezes antes de agir era pouco, eu sempre pensava um milhão de vezes, principalmente depois que fui extremamente machucada pela única mulher que amei de verdade. Depois que Angélica me traiu com meu primo e melhor amigo nunca mais fui à mesma, jamais voltei a me entregar a uma relação, não voltei a confiar a ninguém meu coração, em resumo... Depois de Angélica me envolvi com poucas mulheres, mas para nenhuma tive desejo de dar o titulo de namorada.

No entanto, desde o dia que Verônica contou sobre sua preocupação com o emocional da amiga que teve seu casamento interrompido durante a cerimônia, por alguma razão me sensibilizei com a história e incentivei Vero a convencê-la mudar para BH. Mesmo sem saber dos detalhes daquele final trágico meu coração palpitou com a história, talvez fosse porque eu conhecia a dor de uma expectativa frustrada, de alguma forma eu entendia o que estava se passando no coração daquela desconhecida e assim como eu no passado acredito que ela precisava se reinventar, mas isso não seria possível se ficasse presa a tudo que viveu com o ex noivo.

Verônica havia me falado sobre a personalidade desajeitada da amiga, lógico que sua preocupação estava com os problemas que a convivência poderia nos trazer tamanha eram nossas inúmeras diferenças, mas juro que não pensei que fossem tantas. Em apenas uma semana de convivência com Lorena eu estava quase enlouquecendo, nós duas discutíamos quase que 24 horas por dia, eu digo quase porque isso só não acontecia quando estávamos dormindo ou quando eu ia trabalhar. O que Samantha tinha de bagunceira Lorena tinha de estabanada, sua desatenção arrancava diversas gargalhadas de Samantha que por sinal parecia venerar a recém-chegada. Mas eu? Bom, isso me tirava do sério com uma facilidade incomum, me tirava mais do sério ainda a capacidade que Lorena tinha de me fazer mudar de opinião com a mesma rapidez, quando eu via aquele seu jeito carinhoso com Laika ou a bondade que transbordava em seus olhos meu coração amolecia a ponto de me sentir culpada por ser rude com ela. Nenhuma outra mulher conseguia me desestabilizar com facilidade e de repente viver isso me enlouquecia.

– Bom dia! – Verônica entrou na cozinha já roubando meu suco.

– Ei, esse suco é meu! – Disse indignada.

– Era, meu amor. – Ela piscou para mim provocando risadas em Samantha. – Eu estou super atrasada para aplicar prova em uma das minhas turmas, então praticidade nessa hora.

– Já vi que hoje você não volta para o almoço. – Sam passou uma torrada para Verônica.

– Não mesmo, Sam. O dia vai ser de cão na universidade. A propósito, qual de vocês vai poder levar Lorena no local que ela quer alugar para montar o pet shop?

Tratei de baixar a cabeça quase enfiando-a dentro do prato com cereal que comia, não que Lorena parecesse ser uma companhia chata, ela só era irritante, eu não conseguia me imaginar ao seu lado por cinco minutos sem idealizar formas de matá-la.

– Eu adoraria, mas hoje tenho uma lista de remédios para serem manipulados, não posso correr o risco de chegar atrasada, meu chefe me mata.

Permanecia em silêncio, mas senti o olhar das duas me queimando e isso estava quase me provocando um tique nervoso.

– O que foi? Por que estão me olhando assim?

– Qual é, Cat, nós sabemos que você consegue atrasar um pouquinho para chegar até a agência, seu pai não vai brigar nadinha com você. – Aquele olhar de cachorro pidão de Verônica era um golpe baixo. – Ela não conhece nada por aqui.

Renascendo em seu olharOnde histórias criam vida. Descubra agora