Capítulo 21

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Rachel 

Mantenho meus olhos fechados, desligando toda a minha mente para me concentrar apenas nas batidas do seu coração. Eu nunca vi alguém se perder tão profundamente em meio ao pânico como Nico, seus olhos estavam vidrados e mesmo que estivesse me encarando ele não estava me vendo.

Sua cabeça bateu contra parede duas vezes, até que eu precisei segurar ela entre minhas mãos, tenho certeza que ele nem ao menos sentiu alguma dor. 

Meu medo estava prestes a me sufocar também, até que ele voltou a reagir respirando profundamente. Sei que não deveria está abraçando-o, mas simplesmente não posso soltá-lo e quando seu braços apertam meu corpo contra o seu é como se tudo em minha mente se dissolvessem e apenas a batida do seu coração fosse importante nesse momento. 

Aos poucos as batidas em seu peito se tornam mais sincronizadas em um ritmo constante, só então minha mente associa que ele está bem.

Quando o deixei sozinho no corredor, nunca imaginei que nossa conversa iria desencadear um ataque de pânico nele, só quando seus gritos se tornaram mais alto foi quando finalmente vim procurá-lo só para encontrá-lo completamente fora de si. 

— Mamã? — O grito de Jax me faz pular para longe dos braços de Nico, como uma adolescente pega pelos pais. Seus olhos me encaram e há tanta dor neles, que eu só consigo desviar o olhar quando Jax me chama pela segunda vez. — Mamã? 

— Você pode ir — coloca suas mãos nos bolsos da calça jeans, recostando a cabeça contra a parede. Mordo meu polegar com medo de deixá-lo sozinho, mas sabendo que Jax também não pode ficar sozinho por tanto tempo.

Olhando para ele uma última vez, começo a ir em direção a Jax, mas volto no meio do caminho para puxá-lo comigo para cozinha. 

Ele não precisava me acompanhar se não quisesse, mas no fundo posso sentir que ele também não quer ficar sozinho. Ao chegarmos na cozinha solto sua mão, no momento em que Jax nos nota ele levanta seu prato vazio e sorrir um sorriso cheio de dentes. 

 — Mãe, cabou.

— Oh, meu garotão comeu tudo sozinho!

— Pala, mãe! — Grita tentando escapar dos meus beijos, quando finalmente estou satisfeita e ele está preste a acordar os vizinhos. Tiro ele do seu cadeirão, deixando-no chão com seus brinquedos, colocando seu prato na lava-louça. 

— Nico, você quer que eu esquente seu pedaço? — Quando não responde, olho por cima do meu ombro e o encontro ajoelhado em frente a Jax, que toca seu rosto com as pequenas mãozinhas, como se estivesse tracejando cada ponto do seu rosto. Seu dinossauro favorito está no chão, enquanto sua atenção elegeu Nico como algo ainda mais importante que seu velho amigo de pelúcia.  

Aperto o pano em minhas mãos, prendendo minha respiração o máximo que posso. Ordeno minha mente para que tire o maior número de fotos desse momento, porque é tudo o que lembrarei para o resto da minha vida. Quando um soluço tenta sair, mordo os nós dos meus dedos prefirindo a dor do que atrapalhar o momento entre eles. 

— Papa? — Escuto Jax perguntar, olho para Nico em expectativa, espero ele olhar para mim, mas toda sua atenção está voltada no pequeno a sua frente. 

— Sim, eu sou seu papai. — Jax solta um lindo riso infantil de pular em Nico, envolvendo seu minúsculos braços em volta do pescoço de seu pai. O soluço que estava lutando para mantê-lo escapa, mas pressiono minhas mãos em minha boca para silenciar os demais.

Observo Nico fechar os olhos e inalar fortemente como se estivesse tomando seu primeiro fôlego de vida, ele levanta e Jax coloca suas perninhas em volta da sua cintura. 

INEVITÁVEL - Série Law Angels 1 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora