Capítulo 8

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Seeeextooooooouuuuu/Saaaabaaadooooouuu

Ignorem os erros ❤️

Rachel 

Estou sentindo-me completamente sufocada. Como se uma corda imaginária estivesse presa ao redor do meu pescoço e a qualquer passo em falso, ela me enforcaria. Não lembro de ter chorado tanto desde o nascimento de Jax, onde não conseguia pegá-lo nos braços depois de me sentir falha por não conseguir dar a luz, como qualquer outra mulher.

Não era pra ser difícil, tudo o que eu precisava era empurrar, mas meu corpo não estava preparado para esse momento e precisaram realizar uma cesariana de emergência para não piorar nosso sofrimento. 

Depois desse momento eu só sentia dor e o pensamento persistente que eu era inútil, por nem ao menos conseguir trazer meu filho ao mundo. Minha mãe repetiu que eu era uma garota forte, mas eu não conseguia acreditar. O sentimento de culpa aumentou quando Collin e mamá mudaram completamente suas vidas para me acompanhar durante o tempo que passei no hospital. Eles cuidaram e amamentaram Jax nos primeiros dias, porque eu não conseguia nem ao mesmo olhar para ele. 

Não sei bem como aconteceu, mas uma certa noite acordei com seu choro, nunca tinha escutado seu choro, desde que Collin e Mamá estavam sempre por perto. Mas dessa vez nós dois estávamos sozinhos. Eu e ele. Mesmo com dor e indo contra as recomendações, consegui levantar e pegá-lo nos braços pela primeira vez, suas mãos por instinto estavam procurando meus seios e apenas deixei ele nos guiar.

Era a nossa primeira vez, e em tão pouco tempo ele me ensinou o que é ser mãe. É ser imperfeita, mas superar a imperfeição com amor. Jax não precisava de uma mãe com um ótimo emprego, formada na melhor universidade do Estado e muito menos alguém preparada para ser mãe, ele só precisava de uma mãe, e eu era isso pra ele. Sua mãe. 

No momento em que nossos olhos se encontraram eu soube o que era pra ele e prometi que nunca deixaria de ser essa mãe, seu tudo. Assim como ele é o meu mundo. Ao mesmo tempo em que sentia a mulher mais feliz do mundo, eu me sentia pessoa mais podre por esconder meu filho do pai, mas tudo o que fiz foi por amor, por ambos.

Nico nunca sonhou em ser pai e ele deixou isso bem claro quando nos conhecemos, Jax foi fruto de um acidente, onde eu fui a única responsável. Eles não precisavam pagar por um erro meu, eu estava disposta a pagar por isso sozinha, mas parece que estive equivocada nos últimos anos. E agora preciso pagar pelo meu erro, o que significa perder meu filho. 

Só o pensamento é devastador, eu sempre fui uma garota forte e independente, mas desde que Nico retornou estou me sentindo completamente oca. Depois que Collin e Livie saíram ontem eu e Jax ficamos abraçados no meu quarto apenas escutando o coração um do outro. Ele pode ser completamente travesso em alguns momentos, mas quando preciso dele, meu menino sabe consolar sua mãe. Hoje pela manhã tentei seguir nossa rotina tranquilamente para ele não desconfiar. Levei-o para a casa de sua avó e depois fui para o meu emprego de meio período como professora assistente em uma escola infantil.

A professora que é minha superiora consegue ser uma escrota em seus melhores dias, mas nem sua personalidade conseguiu minha abalar, o único momento que estive um pouquinho de paz foi quando atravessei o pólo em direção a biblioteca que fica entre o ensino infantil e o ensino médio. É uma longa caminhada, mas nenhum lugar pode ser tão longe para uma garota encontrar seus livros. 

Quando a sra. Adeline se aposentou um novo bibliotecário assumiu seu posto. Ainda não tivemos muito contato, mas Kevin lembra um pouco meu pai, se ele ainda estivesse vivo provavelmente teriam a mesma idade. Sempre que ele fala sobre sua filha, ele fala com amor e sinto um pouco de inveja por ela. Eu perdi isso. 

— Querida, você está linda hoje. 

— Obrigada, Kevin. — Entrego um caixa com muffin que busquei no restaurante antes de vim para cá. — Alguma novidade para mim? — Tomo um gole do chá no meu copo térmico analisando os livros na estante. Às vezes posso jurar que já li todos os livros na estante, mas Kevin sempre encontra alguma novidade nesse lugar. Com exceção de um jovem garoto sentado nas mesas distantes, estamos só eu e Kevin.

— Para você sempre. — Busca no meio das prateleiras até que encontra um velho livo. — Acredito que você vai gostar desse. 

— O silêncio dos inocentes? — Sorrio para ele, antes de desviar minha atenção para o livro. — Isso não é um pouco assustador, Kevin? 

— Monstros não saem dos livros, querida. — Estremeço um pouco ao ler a sinopse, mas decido encarar o desafio. Talvez isso possa me tirar um pouco do meu pesadelo real. 

— Você soube da garota que está desaparecida? — pergunto indo até o balcão para o completar o registro.  

— A prostituta? — fala com desprezo, o que me faz recuar um pouco. — No mais ela fugiu com alguém por causa de drogas. 

— Outras duas garotas morreram também e elas não eram prostitutas. — Comento sem expressar minha verdadeira opinião, não nos conhecemos a muito tempo, mas o desprezo pela morte de uma garota me causou incomodo. 

— Sim, pobres garotas. 

— O fato de uma garota ser ou não prostitua, não a define. — Murmuro esperando que ele ainda escute. 

Encerra o cadastro e me entrega o livro. — O fim sempre chega para aqueles que não esperam. 

Gelo percorrer minha espinha aumentando a frequência do meu coração, causando um pequeno tremor quando pego o livro estendido na minha direção. 

— Obrigada, Kevin.

— Boa leitura, querida. — Com um aceno fraco, saio da biblioteca sentido o sol esquentar meu corpo. Os jornais estão noticiando o caso das duas garotas mortas, mas parece que não se importam com o fato de que há uma garota desaparecida. Sua profissão não a torna menos humana, mas parece que a deixa em um patamar menor para sociedade. Abraçando meu livro contra meu peito, acabo esbarrando no velho zelado do prédio, Tedd. 

— Mil desculpas — abaixo para pegar alguns materiais que caíram do carrinho. — Eu não vi o senhor. Por favor me desculpa — falo com um sorriso culpado. 

Ele murmura algo parecido com um obrigada, entrega o meu livro que caiu no chão, antes de desaparecer rapidamente. A sensação de mal estar continua percorrendo meu corpo, mas a ignoro murmurando meu mantra para conseguir paciência e aguentar as próximas duas horas com Brenda sem matá-la na frente de jovens crianças. 

***

— Rachel você não corrigiu o exercício da Clotilde. — Levanto do lugar que estou ajoelhada perto de sala tirando suas duvidas sobre a atividade e vou até Brenda. 

— Era para você ter corrigido. — Falo com minha melhor voz doce. — Meus alunos são a partir da letra J. 

— Eu não lembro desse acordo. — Bate a caneta contra seus lábios enrugado que ela jura serem bonitos, mas parecem ameixas secas. 

Ainda sorrindo respondo:

— Você mesmo separou as pastas. — Aponto para cima da mesa. — Lembra? 

— Oh claro! Mas acabei exagerando muito no meu encontro você sabe como é — empilha os papéis das suas pastas em um pequeno monte. — Na verdade não, não há muita diversão para mães solteiras. — Empurra sua pilha de exercícios na minha direção.  — Aqui, você pode corrigi-los. Preciso de um café.

Não me dá a oportunidade de responder, e sai da sala rebolando em seus saltos que a deixam parecendo uma girafa bebê bêbada. 

— Vaca. — Murmuro, mas parece que foi alto suficiente porque logo um coro de pequenas vozes falando vaca me acompanham.  

— Não, não, não. Maças. Continuem contando as maças — bato minhas mãos juntas e logo todas voltam a suas atividades, enquanto eu tento fazer valer meu salário valer a pena. 

INEVITÁVEL - Série Law Angels 1 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora