Ele não sabia, mas os dias por ali agora se passavam calmos e tranquilos. – o que uma divida não faz né! – Pensava ele entusiasmado de alegria. No momento que ele percebeu isso, a principio não entendeu muito bem, mas logo depois conseguiu associar tudo a uma questão de sossego. O que acontecia era que em sua casa morava um inquilino na parte de baixo que em demasia aprontava de mais, quando bebia principalmente. Toda vizinhança já estava até acostumado com aquela zoeirada que ele arrumava durante todo o final de semana. Pois bem, mas essa fera podia ser domada, e por apenas duzentos reais. Mas, por quê duzentos reais, você deve estar se perguntando? Bom, a um tempo atrás, mais exatamente a uns dez meses, ele ficou devendo um pequeno armazém de orgânicos que por sinal um morador da casa ( o filho do dono) era o dono. Desse modo, ele era um dos fregueses que mais comprava naquela pequena lojinha, porem não pagava facilmente. Como a pequena lojinha vendia não muito e para os poucos que vendia demoravam muito a pagar, foi há falência e o dono teve que fechar as portas e o inquilino como já de preste ficou devendo duzentos reais. Mas, na continua vida de pobre que o dono já levava, não se preocupou em cobrar, pois pensava que cedo ou ais tarde ele iria lhe pagar, afinal de contas eles moravam juntos, praticamente na mesma casa. E como ele era muito tranquilo, e alias, para aguentar a chatice alcoólica desse inquilino tinha que ser de fato muito tranquilo mesmo. Sendo, os dias foram se passando, o primeiro mês passou em uma calmaria que só, mas ninguém percebera. No segundo mês, ao se encontrarem ele disse de maneira apressada que tinha que lhe pagar e coisa e tal, mas o dono, pobre e de chinelo de dedo dizia- Esquenta não sô, tá beleza- Dentro de três meses, quando estava deitado em sua cama, ele percebeu que o inquilino chegava em casa sorrateiramente, e com todo aquele álcool em seu corpo. Então, mesmo ali deitado ele pensou- espera ai, o fato dele estar me devendo duzentos reais esta sendo bom, pois uma hora dessas era pra ele vim com esse bafo de cachaça falando asneiras e cuspindo- e ainda deitado pensou- tai uma boa explicação se escravidão- Continuando ali no quarto ele sorri, abriu a porta e foi até a área de fora, se aproximando assim do barraco do inquilino e ali ficou, fumando um cigarro e observando a lua calmamente e sentindo por dentro uma sensação de confiança e poder, enquanto o inquilino permanecia ali quietinho, respirando baixo, tudo isso pra evitar ver o patrão, ou melhor, o dono da divida, daqueles míseros duzentos reais que comprara toda essa condição de paz e silencio. Permanecia sem nem um tostão, mais tinha algo mais caro que havia ganhado, o controle da vida de um inquilino na mão. E nesse sentido, depois de dez meses veio ele como quem estivesse algo no bolso, provavelmente o dinheiro da divida para lhe pagar, mas como ele era mesmo garrado para pagar, resolveu perguntar primeiro e já afirmando ao mesmo tempo dizendo- Vou lhe pagar hoje, olha minha conta lá depois!- Rapidamente, com uma resposta esquivada, sorriu e disse- Aaa.. não, beleza, tranquilo, tranquilo. A tarde eu vou tá aí!- E na verdade quem começou a fugir foi ele, ou seja quem começou a sair da própria questão de receber divida. E essa se tornou uma longa relação amigável entre dois seres capitalistas e o mais interessante é que os outros moradores da casa nunca souberam o porque daquela quietude e educação nunca vista antes. E viveram felizes para sempre.
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O Clandestino
Cerita PendekOlá, bem vindos ao meu mundo literário! Esse é um pequeno conto em que um homem acima da meia idade, um autista e dois adolescentes rebeldes se envolvem em um dia inusitado. Improvisando e dançando conforme a música eles garantem uma aventura compl...