Um guitarrista meio louco se dirigiu até a Praça Minas Gerais quando percebeu um estante de paz e sossego. Chegando lá, logo notou uma galera de três pessoas fazendo um som, por sinal muito bom, apenas com a vós, percussão e uma sanfona que ate então estava parada pois ninguém sabia tocar. No canto da praça, se encostaram na parede de uma casa muito modesta e ali se derramarão em musica e golo. Com a chegada do guitarrista louco uma mulher que não se desgrudava da janela da parede da casa, pediu para que ele tentasse tocar um pouco de sanfona, com sua educação acatou o pedido da moça e começou a dedilhar aquele equipamento pesado e sinistro. Por mais estranho que fosse para o guitarrista louco aquela parafernália de botões movidos à tragos e sopros, ainda conseguia solar pela musica tocada na roda, algumas vezes atingia o ápice de um momento em sua bebedeira, pela primeira vez descobria que sanfona era mesmo um instrumento muito belo e lindo. E assim foram a noite inteira com muita calma ao relex do lugar, observando o movimento das viaturas passar. A praça era de Igrejas e grama, em volta tinha poucas casas, do lado de baixo do canto que estavam tinha uma sala com um outro lugarzinho aconchegante e curioso, então perto do fim da madrugada o guitarrista louco já meio cansado de desfrutar o equipamento, pois estava errando todos os acordes, não conseguia se acertar na musica, e os músicos da roda começavam a perceber isso, só a moça da janela que não se cansava de aplaudir. Perante esse impasse, ele resolve se esticar um pouco mais para ver o lugar direito, e como num piscar de olhos a sanfona caiu e se espatifou em vários pedaços no chão, na hora ele perguntou de quem era, afirmando ao mesmo tempo que dava para concertar, logo desceu até lá e começou ali mesmo a remontar com a ajuda do responsável pela sanfona. Insistiram até o dia amanhecer e perceberam que ao redor tinha um belo jardim com flores exorbitantes um uma bela corrente de água circundando por si só todo o clímax do lugar, diante disso cansados de tentar reconstruir o instrumento e não obterem êxito, sentaram por um tempo para descansar, há essa hora todos tinham ido embora, até o silencio parecia ter ido dormir também. Com muita destreza o guitarrista louco começou a atirar olhares em todas as direções para tentar enquanto seu corpo se acomodava no banco do jardim encontrar peças que estavam faltando, mas durante essa rápida visão pode notar algumas peças perdidas que não faziam sentido algum em estar naquele lugar, contudo foi lá buscar. Mas os trapos estavam diante de uma porta muito misteriosa, pequena, porem aberta. Ao se abaixar para pegar os botões da sanfona o buraco da escadaria lhe rouba os olhos lhe puxando para o fundo, explorando o máximo que sua visão podia enxergar, era a principio só uma escada velha num canto de uma casa antiga, então o guitarrista louco resolveu entrar. Desceu as escadas de maneira rápida e cuidadosa pois não queria deixar esperando no jardim o responsável pela sanfona. Ao descer a primeira escada viu que tinha outras, e outras, umas eram de madeira em degradação, outras de barro e outras de concreto por sinal muito bem feitas. Depois de passar por mais de cinco escadas e ver aquele cenário paradisíaco e assustador convidando cada vez mais a descer e a descer. Sem pensar duas vezes o guitarrista louco se recupera e sobe correndo as escadas, na subida percebeu que existia outros caminhos, outras paredes e escadas e a volta parecia ser mais longa e demorada, afinal tinha que subir, e subir mas por sorte conseguiu voltar ao jardim, antes deu mais uma boa olhada com sua respiração ofegante das correrias dos degraus , dessa vez conseguindo ver certos vultos lá no fundo, mas não pode dimensionar a qualidade do fatos pois se moviam de forma grandiosa em um espaço relativamente pequeno, ficou sem saber o tamanho das pessoas que via de longe. Renegado a isso tudo trouxe as peças para o senhor da sanfona e sentou intrigado no banco de novo, pensando em repouso as sete horas da manha, não sabia se devia contar isso para alguém, ou se alguém já sabia, mas parecia que não, então de dentro da casa perante ao jardim sai uma família toda de branco com o Pai a Mãe e os marmanjos, enquanto isso o guitarrista louco havia acabado de ascender um cigarro de palha que exalava alto o seu odor e harmonia chamando a atenção de toda a família que passava. Logo um doutor famoso na cidade por seus atos grotescos e desrespeitosos de acordo com a ética da sociedade, lhe ardeu os olhos pois se dirigiu a sua direção dizendo para largar disso, e que tem coisa muito melhor que isso, e foi embora com a sua família, com a sua personalidade de menino mal mas com ironia de um menino do bem. Isso deixou de certo modo meio confuso a cabeça do guitarrista louco pois havia muito tempo que não via esse sujeito e muito menos sabia que ele morava ali, só sabia que ele não era brincadeira, mesmo estando vestido de branco. Ao decorrer de sua paciência o senhor da sanfona foi embora e deixou só o guitarrista. Como percebeu que toda a família da casa tinha saído para ir a missa de domingo, dedicou seu tempo em dar uma ultima bisbilhotada na escada que parecia ser tão complexa e sem fim. Então, acelerado de curiosidades se pôs de novo a descer a escada em meio a nebulosidade dos vultos prospectos de sua imaginação, ou da até então realidade daquela dimensão, ao perceber o cenário que variava do menor espaço ao maior possível, as vezes desajeitado, bagunçado , as vezes organizado por uma forma desconhecida de mera aceitação. Seguia assim com passadas longas buscando alguma explicação para aquilo tudo, que era tão bonito e tão feio, parecia estar num lugar sem tempero, sem gosto. Depois de passar por vários espasmos diferentes de escadas fortes e fracas, o guitarrista louco sentiu medo pois já estava longe do alto que morava, então decidiu voltar, e como um labirinto em que estava não foi nada fácil mas mesmo assim não desistia, começou a pegar caminhos novos por onde nunca passara, se sentia cassado ao tomar posse daquele lugar, em um aspecto baio no espelho mas não se amuava. Com muito custo pegou uma escadaria que o deixou ver de novo o a saída do buraco em que estava, mas rapidamente à umas cinco escadas a cima tinha um ser pequeno de asas pairando no ar, parecido com uma borboleta mas com forma de humano, a observar intensamente de um jeito faminto a porta de entrada para as escadas, parecia querer sair também. Do outro lado clareava um caminho mais fácil, mais aberto a uma possível saída , com poucas escadas, então largou os olhos daquele ser hibrido e diferenciado e rumou a esse caminho despercebido de perigo. Segurando firme a sua insegurança pelos degraus formosos de tamanha magnitude, começava a perder cada vez mais a vontade de olhar para traz, pois o que vinha a sua frente era uma casa, uma mansão de cômodos saudosos e receptíveis com vultos de pessoas mais semelhantes a sua comodidade intelectual, porem eram encontros muito rápidos, estavam todos sempre se arrumando pareciam estar atrasados para ir a algum lugar, com isso não conseguia se comunicar com ninguém afim de receber ajuda. Até que em sua insistência pela casa, chegou num cômodo parecido com uma cozinha, com uma moça negra, grande e já se arrumada com um cabelo mais negro ainda cacheado, tapando totalmente o seu rosto mas de alguma forma o seu olhar retumbante ainda circulava por entre os negros cachos. Rapidamente ao perceber pouca possibilidade de comunicação logo a perguntou._ OI MOÇA, DESCULPE INVADIR A SUA CASA ASSIM MAIS! ONDE ESTOU, AQUI É BELO HORISONTE? - E com seus cabelos pomposos a moça respondeu com outra pergunta, por espanto do guitarrista louco._ NÃO SEI! O QUE VOCÊ ACHA? PARA ONDE VOCÊ ESTA INDO?_ De maneira confusa e erradicada de ansiedade respondeu com resto de sua simplicidade à moça ao olhar para a janela._ NÃO SEI, MAS PENSEI QUE AQUI FOSSE BELO HORISONTE, PARECE!_ Então largou da moça as perguntas, e desceu mais umas escadas ao ver que estava em uma espécie de prédio ou shopping, pois estava a cada andar mais rodeado de pessoas cada vez mais apressadas e desnorteadas. Quando chegou ate o solo de asfalto notou os carros, os pedestres e a poluição, os mendigos, o típico jeito da população, coisas que para ele eram a prova de que estava em um lugar normal. Andando por debaixo dos prédios e pontes, notou certa movimentação de pessoas mais desesperadas ainda, correndo para pegar uma van, a qualquer preço, de qualquer jeito, parecia ser a única van do mundo. Cercado de curiosidade foi procurar saber o que era, ao se aproximar da multidão que o empurrava e massacrava percebeu rápidas silhuetas de pessoas de sua família, como Tia, Avó, Pai e Mãe, mas não conseguia se aproximar deles, por mais que gritasse ou atirasse gestos, eles nem se quer procuravam o ver, pois estavam já na porta tentando negociar com o motorista da van. Cansado de tanta insistência voltou se a sentar em um canto da rua para descansar, enquanto pensava, o que a sua família estava fazendo ali. Depois de um tempo de reflexão continuou rumando ao destino de seu destino, até chegar num canto isolado saindo da multidão ao encontrar um vigário na estrada com seu parceiro de prontidão, com suas vestes de um modelo furtivo e audacioso. Sem receio de novos ares se pôs a perguntar o vigário desconhecido._ POR QUE MISTÉRIO AQUELAS PESSOAS COINCIDEM TANTO EM PEGAR AQUELA VAN DE APENAS DOZE LUGARES?_ E de maneira espantosa e sem cobrar nada pela informação, o vigário lhe respondeu com um sorriso no rosto._ ELES ESTÃO INDO PARA O SHOW DO GUITARRISTA LOUCO._ A pós receber com clareza ótica e sonora a notícia do vigário, o agradeceu, e foi embora decidido em parar de se decidir, de parar de fingir em se preocupar, de tentar ser ou estar , pois já estava conformado com o seu legado, tudo que queria de fato era apenas continuar a descer escadas, sem saber onde ou quando iria chegar ou parar, pois sabia que em cada degrau teria um novo show para fazer e uma nova história para contar.
![](https://img.wattpad.com/cover/206018544-288-k993583.jpg)
YOU ARE READING
O Clandestino
ContoOlá, bem vindos ao meu mundo literário! Esse é um pequeno conto em que um homem acima da meia idade, um autista e dois adolescentes rebeldes se envolvem em um dia inusitado. Improvisando e dançando conforme a música eles garantem uma aventura compl...