- Julian! Atende a porra do telemóvel! - grito, desesperada, caminhando de um lado para o outro no balneário feminino. - Atende, merda!
- O que é?
- Finalmente! Porque demoraste tanto tempo? Estou numa crise existencial.
- Outra vez a pensar em buracos negros ou na relatividade das coisas?
- EU. TENHO. MAMAS. - grito. - Fui vestir a camisola para educação física e, adivinha: Não entra! Porque não me disseste nada?
Após longos momentos de silêncio, ouço uma gargalhada, e outra, e muitas outras se seguiram. Julian realmente acha isto piada?
- Inocente Grace. Não sei o que seria de mim, sem ti. Ou melhor, o que seria de ti sem mim. - continua a gargalhar.
- Não é engraçado. As leggings que eu trouxe quase que não passavam dos quadris e a camisola quase nem sequer passa do peito. E, pior, os meus caracóis estão completamente destruídos por ter tentado ir contra as leis da física. E eu preciso de ir para a aula, agora. Tens de me emprestar alguma coisa. Nem fodendo que eu vou vestir aquela camisola, tens de me emprestar uma!
- Desculpa, bebé, mas não estou na escola. - gargalha, novamente.
- Vai à merda. - desligo, irritada.
Edward. Eu tenho aula com ele, este ano.
- Gracie?
- Olá. Eu preciso de ti, tipo, urgentemente.
- O que é que se passa? Onde é que estás? Diz-me, que eu vou já ter aí! - ouço um barulho do outro lado da linha e a sua voz rouca tornar-se ofegante.
- Preciso de uma camisola. Bem, tecnicamente, a minha anatomia corporal mudou mais do que eu tinha percebido e, agora, a camisola que eu trouxe não me serve. - tentei amenizar as palavras, porque o à vontade não era tão grande assim. - Estou no balneário.
- Não me assustes dessa maneira, Grace. - diz com uma voz chateada e, antes mesmo de me desculpar, ele termina a chamada.
Fico sentada nos bancos que ladeiam e preenchem o pequeno espaço do balneário, matutando sobre a reação inesperada de Edward, quando ouço passos.
- Toma. - vejo Edward a aparecer com uma T-shirt preta nas mãos, e solto um suspiro de alívio.
Sem pensar muito nisso, atiro-me para os seus braços agradecendo-o infinitas vezes. Ele retribui o abraço e, por momentos, não consigo pensar em mais nada a não ser na transmissão de calor que compartilhamos. As suas mãos assentes sobre a minha pele despida, provocam-me arrepios e as minhas pernas fraquejam.
- Acho que era melhor vestires-te. - Edward, fala. - Podem pensar coisas erradas se te virem só de sutiã comigo.
- Tenho quase a certeza que não. - gargalho forçadamente, vestindo a peça de roupa, que me assenta bem melhor do que a camisola que eu trouxe. A verdade, é que não me sinto constrangida de estar em roupa interior à frente dele (ou de Julian) porque, como Benny faz questão de relembrar constantemente, nós somos praticamente irmãos, crescemos juntos e sempre partilhamos tudo, até à relativamente pouco tempo. E, para além disso, não há grande coisa para ver. - Mais uma vez, muito obrigada.
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grace
Teen FictionA minha vida não dá para escrever uma história. Sou um nada, que tem tudo em mim. Sou uma adolescente, com um amor não correspondido. Sou um monte de clichés, mas não sou igual a mais ninguém. Sou um desastre que anda por aí, uma mutação de ideias a...