Por um instante, paraliso no lugar de susto e choque, ainda atordoada a medida que ele avança para dentro da sala.
E algumas coisas passam pela minha mente em questões de segundos.
Primeira é a certeza de que não estou alucinando e aquele homem alto vestindo um terno bem cortado é mesmo o cara que passa correndo por mim todas as manhãs e que hoje tinha me ajudado a levantar quando fui ao chão.
Porém, ainda demora alguns instantes para a ficha cair e eu entender que o homem que agora abaixa a minha frente, pegando o porta-retratos do chão deve ser Alex Black.
O CEO da Black Investiment.
Meu chefe.
Puta que pariu.
Ele recoloca o porta-retratos no lugar e meu estômago vai ao chão quando percebo seu olhar de censura pousado em mim.
Dou dois passos atrás, limpando as palmas subitamente suadas na saia e lamentando meu rosto queimando de vergonha.
Vasculho meu cérebro assoberbado em busca da minha voz que desapareceu em meio a minha estupefação.
— Eu sou Nina Giordano a... secretária. Nova secretária, senhor Black, é...
— Sim, eu imaginei. — Ele me interrompe. Sua voz é fria como gelo. Áspera. Quase brusca.
Como se estivesse irritado com algo.
Ou comigo.
Embora continue parado me fitando com um olhar impassível.
— Me desculpe... Não estava bisbilhotando, eu...
Um levantar de sobrancelha levemente irônico é sua única reação.
Claro que ele sabe que eu estava bisbilhotando sim.
Sei que meu rosto está tingido de vermelho, enquanto abaixo a cabeça, mortificada.
Algo me diz que eu deveria obrigar meus pés a se moverem o mais longe possível da ira de Alex Black. Mas em vez disso permaneço no lugar, como se esperando por sua punição.
O que é ridículo.
O que ele poderia fazer comigo?
Mesmo tendo uma parte do meu cérebro fazendo essas conjecturas, uma outra parte permanece estática.
Submissa.
— Acho que ainda não fomos apresentados formalmente. Meu nome é Alex Black. — Ele diz por fim.
Levanto o olhar, ainda assustada como um coelho pego em uma armadilha para ver a mão estendida em minha direção. Eu a seguro, ainda incerta. É levemente áspera, e eu não esperava por isso.
Alexander Black não deve ser o tipo de pessoa que faz qualquer trabalho que estrague as mãos.
Pessoas ridiculamente ricas não costumam o ser.
Ele solta minha mão e se afasta, sentando-se em sua cadeira, e com um olhar impaciente faz um gesto para que eu sente a sua frente.
— Por favor.
Engulo o medo e faço o que ele ordenou. Notando que minhas mãos estão trêmulas.
Por que diabos estou com medo daquele cara?
Não costumo ser assim. Não costumo temer nada.
Porque não há nada a ser perdido.
Nenhuma consequência é ruim demais para alguém que já perdeu tudo.
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Black - O lado escuro do coração
Romance** Atenção, este livro está completo na Amazon** Por isso, aqui agora é apenas degustação. Ao perder os pais com apenas sete anos, Nina imaginou que viver sem o amor da família era a pior sofrimento que poderia existir. Porém, às vezes, o amor, assi...