Capítulo 2

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Por um instante, paraliso no lugar de susto e choque, ainda atordoada a medida que ele avança para dentro da sala.

E algumas coisas passam pela minha mente em questões de segundos.

Primeira é a certeza de que não estou alucinando e aquele homem alto vestindo um terno bem cortado é mesmo o cara que passa correndo por mim todas as manhãs e que hoje tinha me ajudado a levantar quando fui ao chão.

Porém, ainda demora alguns instantes para a ficha cair e eu entender que o homem que agora abaixa a minha frente, pegando o porta-retratos do chão deve ser Alex Black.

O CEO da Black Investiment.

Meu chefe.

Puta que pariu.

Ele recoloca o porta-retratos no lugar e meu estômago vai ao chão quando percebo seu olhar de censura pousado em mim.

Dou dois passos atrás, limpando as palmas subitamente suadas na saia e lamentando meu rosto queimando de vergonha.

Vasculho meu cérebro assoberbado em busca da minha voz que desapareceu em meio a minha estupefação.

— Eu sou Nina Giordano a... secretária. Nova secretária, senhor Black, é...

— Sim, eu imaginei. — Ele me interrompe. Sua voz é fria como gelo. Áspera. Quase brusca.

Como se estivesse irritado com algo.

Ou comigo.

Embora continue parado me fitando com um olhar impassível.

— Me desculpe... Não estava bisbilhotando, eu...

Um levantar de sobrancelha levemente irônico é sua única reação.

Claro que ele sabe que eu estava bisbilhotando sim.

Sei que meu rosto está tingido de vermelho, enquanto abaixo a cabeça, mortificada.

Algo me diz que eu deveria obrigar meus pés a se moverem o mais longe possível da ira de Alex Black. Mas em vez disso permaneço no lugar, como se esperando por sua punição.

O que é ridículo.

O que ele poderia fazer comigo?

Mesmo tendo uma parte do meu cérebro fazendo essas conjecturas, uma outra parte permanece estática.

Submissa.

— Acho que ainda não fomos apresentados formalmente. Meu nome é Alex Black. — Ele diz por fim.

Levanto o olhar, ainda assustada como um coelho pego em uma armadilha para ver a mão estendida em minha direção. Eu a seguro, ainda incerta. É levemente áspera, e eu não esperava por isso.

Alexander Black não deve ser o tipo de pessoa que faz qualquer trabalho que estrague as mãos.

Pessoas ridiculamente ricas não costumam o ser.

Ele solta minha mão e se afasta, sentando-se em sua cadeira, e com um olhar impaciente faz um gesto para que eu sente a sua frente.

— Por favor.

Engulo o medo e faço o que ele ordenou. Notando que minhas mãos estão trêmulas.

Por que diabos estou com medo daquele cara?

Não costumo ser assim. Não costumo temer nada.

Porque não há nada a ser perdido.

Nenhuma consequência é ruim demais para alguém que já perdeu tudo.

Black  - O lado escuro do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora