Prólogo

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Eu não aguento mais passar por tantas e tantas entrevistas de emprego. Nunca pensei que conseguir uma vaga na minha área fosse ser tão cansativo e praticamente impossível, ainda mais estando em Nova York. Contando com a que eu me encaminho agora, já foram 12 entrevistas e nenhum retorno. Eu sempre fui uma aluna exemplar na faculdade, não consigo entender como conseguir um emprego pode ser tão difícil.

E lá vou eu para mais uma entrevista, dessa vez em uma revista de moda, não em um jornal como era de se esperar de uma jornalista. A vaga nem ao menos é completamente compatível com a minha formação, mas na situação que me encontro, com as contas começando a chegar a minha porta, qualquer vaga está ótimo. Até mesmo a que está sendo oferecida, de assistente.

Chego ao prédio da Elias-Clarke cinco minutos antes do horário marcado, pois Emily, minha amiga, que inclusive trabalha na revista, me disse a importância de estar sempre adiantada, porque mesmo adiantada, a pessoa poderia estar atrasada. Respiro fundo e me dirijo a recepção. Uma menina loira muito educada me atende e me entrega um crachá de visitante. Aproveito para perguntar qual o andar da Revista Runway, meu destino.

Sigo em direção aos elevadores e entro apertando o número correspondente ao andar da revista. Ao chegar no local desejado, cruzo as portas de metal e me deparo com uma entrada em portas de vidro, uma mesa com uma atendente e o nome da revista na parede logo atrás dela. Tudo era bem clean. A movimentação era grande, com várias mulheres – uma mais linda que a outra -, andando de um lado para o outro com pressa. Timidamente, me dirigi a recepcionista dando meu nome, e pediu para que eu aguardasse. Enquanto eu fazia o que me era pedido, pude notar como as pessoas se vestiam bem naquele lugar. Eu nunca me importei muito com moda, mas não acho que me visto de forma absurdamente feia. Coloquei a melhor roupa que eu tinha em meu guarda-roupa após Emily me implorar para que eu não aparecesse com as roupas que eu costumava usar em meu dia-a-dia.

Noto uma morena me observando de cima a baixo e dou um sorriso sem graça. Ela logo revira os olhos. Ótimo, posso ver que causei uma maravilhosa primeira impressão.

— Você é Andréa, certo?! – Disse com cara de desdém. - Eu sou Rebecca.

— Sim, prazer. – Estiquei minha mão para um cumprimento, mas quando percebi que ela não pegaria, troquei o peso em cima dos meus pés um pouco sem graça com a reação da morena a minha frente.

— Não temos tempo para essas formalidades, venha, vou lhe apresentar a revista. — Disse e seguiu sem olhar para trás. Segui atenta a cada explicação que ela me dava e em cada porta que passamos eu fiquei mais encantada. Chegamos ao setor onde minha amiga trabalhava, porém ela não estava lá. Terminamos o tour pela revista no closet que era simplesmente enorme, e lá encontramos Nigel, um homem maravilhoso e muito simpático, completamente o oposto de Rebecca. Após isso seguimos para a sala, que se eu fosse aprovada, seria dividida entre eu e ela. A sala era pequena, composta por duas mesas, uma de cada lado e ao fim dela haviam duas portas que davam para uma sala maior, da editora chefe da revista.

— É o seguinte – a morena falou me fazendo dar um pulo por estar distraída observando tudo – A Miranda é extremamente exigente e se você for contratada, será a segunda assistente dela e eu a primeira, ou seja, se você fizer algo errado, não prejudicará somente a você, mas também a mim. Ela chega em exatos – olhou para o relógio em seu pulso - treze minutos. Então, acho bom você tirar essa cara de sonsa porque hoje você vai passar por um dia de experiência. – Disse se sentando a sua mesa e ligando o computador. Repeti seus movimentos sem saber muito bem o que fazer.

Nem cinco minutos se passaram e seu celular emitiu um toque, fazendo ela se levantar rapidamente e seguir para a porta de entrada da sala em que estávamos, aparentemente nervosa.

— Ela está chegando! – gritou em plenos pulmões, colocando todos que já se moviam com rapidez, se moverem mais rápido ainda, desaparecendo de qualquer lugar que pudessem ser vistos. Rebecca me mediu mais uma vez de forma nervosa e voltou seu olhar para frente ficando extremamente séria em um segundo seguindo para o corredor, fazendo assim, com que eu não a visse mais.

Abaixei minha cabeça e comecei a rabiscar uma coisa qualquer em uma folha qualquer que estava em cima da mesa, e despertei com um baque surdo de algo sendo jogado em cima de mim. Um casaco.

Olhei para cima e lá estava ela, a mulher que fazia todos se assustarem. Seus olhos eram grandes e azuis, seus cabelos prateados em um penteado perfeito e sua elegância... Nem sei como descrever a elegância do ser parado a minha frente.

— Rebecca, quem é essa? – Ela perguntou com uma voz calma e fria. Então eu confirmei, a voz dela era a coisa mais linda que eu já havia ouvido em toda a minha vida.

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