— Não é ninguém, Miranda. – Disse a morena ignorando completamente a minha presença, como se eu fosse realmente ninguém.
— Rebecca, não seja tola. Se ela não é ninguém, o que ela está fazendo sentada nesta mesa? – A mulher de cabelos prateados disse erguendo uma sobrancelha e caminhando em direção a sua sala sendo seguida pela morena arrogante.
— Ela é a menina que o RH enviou para ocupar o cargo de segunda assistente. – Ouvi ela dizer com o mesmo desdém de quando me conheceu.
— Ótimo, já que eu estou aqui, eu mesma converso com ela.
— Miranda, creio que isso não seja necess... – Rebecca foi cortada antes mesmo de conseguir terminar de formular sua frase.
— Das cinco últimas vezes, você disse a mesma coisa. – Ela disse de forma seca e logo completou – Isso é tudo. – A morena saiu da sala e sentou em sua mesa.
— Você vai vir aqui ou me fará esperar o dia todo? – Miranda questionou.
— Vai, ela está falando com você, vai, vai. – Rebecca sussurrou ansiosa e eu me levantei seguindo em direção a sala de onde havia sido chamada.
— Então senhorita...
— Sachs. Andréa Sachs. Mas pode me chamar de Andy. – Sorri nervosa, porém educada.
— Você gosta de moda, Andréa? – Ela questionou e franzi a testa.
— Claro que gosto. – Respondi tentando entender onde essa pergunta iria levar.
— Hm. O que lhe trouxe a procurar uma vaga na revista? – Me questionou. Senti seus olhos medindo meu corpo de cima a baixo. Isso era aparentemente normal nessa revista.
É claro que eu tinha duas opções de resposta. Uma simples e verdadeira: as contas estão começando a chegar e eu preciso de dinheiro para pagá-las ou estarei na rua ou a que ela provavelmente gostaria de ouvir.
— Crescimento profissional. Claro que como jornalista não é exatamente uma vaga que se encaixa na minha área, mas eu espero que... – Fui cortada subitamente por aquela voz fria e calma.
— Isso é tudo. – Arregalei os olhos com sua fala repentina e fiquei parada com aquela mulher me medindo mais uma vez de cima a baixo. Abaixei minha cabeça sem entender o que aquilo queria dizer, virei as costas e segui em direção a saída. Quando cruzei a porta de vidro e estava prestes a alcançar o elevador, ouço a voz de Rebecca.
— Andréa, você está contratada. – A morena arrogante simplesmente virou as costas e voltou para seu posto. Ainda fiquei uns segundos parada, tentando entender o que havia acabado de acontecer. Jurei ter jogado fora qualquer probabilidade que eu tinha de obter aquela vaga quando comecei meu discurso sobre me encaixar na área ou não. Despertei de meu transe e voltei para a sala onde agora, seria oficialmente o meu trabalho.
— É o seguinte, quando o telefone tocar, você atende. Sempre. – A morena disse ajeitando algumas pilhas de papéis em sua mesa sem me olhar. – E você só sai dessa mesa se alguém estiver morrendo. Maneei a cabeça afirmando e segui em direção ao armário para guardar meu casaco.
Caminhei lentamente para a mesa a minha frente peguei um bloco de anotações a fim de anotar cada passo de Rebecca. Olhei em direção a sala da minha agora chefe. A porta estava aberta, porém a mulher estava concentrada demais em seu notebook para notar qualquer coisa a sua volta.
— Pare de encarar e faça seu trabalho. – Rebecca completou bufando. – Era só o que me faltava mesmo. Mais uma incompetente.
Dei a volta na mesa e me sentei, liguei o computador posicionando o teclado sem fio em cima da mesa juntamente ao mouse e meu bloco de anotações. Eu não sabia o que fazer, então comecei a balançar os pés em um claro sinal de nervosismo.
O telefone tocou e Rebecca logo puxou do gancho dizendo as seguintes palavras que anotei para não me esquecer: "Escritório da Miranda Priestly....", "Ela está ocupada no momento...", "Seu recado foi anotado..." e nas três próximas ligações que fizeram para o escritório ela repetiu as mesmas coisas. Aparentemente Miranda não era de atender ligações, somente recebia os recados e mandava Rebecca ligar e dar outro recado de volta. Estava anotando mais algumas coisas que a morena a minha frente fazia quando Miranda pois a chama-la.
— Rebecca... Re-bec-ca... – Rebecca porém estava muito ocupada ao telefone e fez um sinal para que eu fosse até a mulher ver o que ela necessitava.
— Aí está você, Rebecca. – Disse sem tirar os olhos do computador. – Achei que ia esperar eu te demitir para vir ver o que eu precisava.
— Na verdade... É a Andy. – Disse inocente e ela me olhou por cima dos óculos.
— Que seja. Preciso das fotos da nova coleção, ligue para o restaurante de sempre e faça uma reserva para o almoço, ligue para Cara e diga que quero que leve as meninas. Peça para Emilly vir a minha sala com as amostras de tecido, quero um café em no máximo 20 minutos. Isso é tudo.
Anotei tudo de forma desengonçada no bloquinho, tendo a certeza que não estaria com o café em mãos em vinte minutos. Qual é o restaurante de sempre? Quem é Cara?
Saí de sua sala com uma feição apavorada e Rebecca pareceu notar. — O que ela pediu? – Repeti tudo o que ela tinha dito, a morena revirou os olhos. — Deixa que eu cuido do resto, vá buscar o café. Tem que ser um expresso com leite, sem espuma e com café extra. Quente. Bem quente. – Acenei para Rebecca e saí em disparada, olhei o relógio e eu só tinha 10 minutos. Ótimo. Bufei frustrada enquanto aguardava o elevador.
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Run(a)way
FanfictionE se a gente pudesse reescrever "O Diabo Veste Prada" de uma outra forma? E se a Andréa não largasse a Miranda em Paris? E se o Nate não existisse? E se a Emilly não fosse a Emilly? Bom... Andréa tinha apenas 23 anos quando resolveu se mudar para No...