- Tina! saca isso aqui!!o brasileiro diz em algum lugar no andar de cima; logo paro de tomar meu cereal com leite e olhar com cara de bunda pra escada; estou faminto e morto de sono
-..O que foi, zil?..
eu digo; meio gritando e ao mesmo tempo a voz riscada; pelo próprio sono em si. acho que ainda não acordei; e está muito frio pra lavar o meu rosto.
eu fico olhando pro nada; não recebo resposta. Logo franzi as sobrancelhas ; gritando novamente
- QUIÉ???...
...
ele deu uma de mãe agora, foi?
eu bufo; saindo da mesa e deixando o pote com cereal em cima da mesa; bocejando e andando escada acima; irritado por não ter dado sequer 2 colheradas no café da manhã.
logo estaria no andar de cima; olhando para o corredor. eu vou até o banheiro; em passos largos; não havia ninguém.
logo suspiro; intrigado.
- VEM LOGO TINA, SEU LERDA
consigo ouvir Brasil......acima de mim?..
eu olho para cima; mesmo que obviamente ele não estaria no teto feito homem aranha, e começo a rir do próprio pensamento heróico. Logo me lembro, algo meio difícil de se esquecer quando mora em uma casa a 17 anos:
temos um sótão.
- TINA, CADÊ TU??? JÁ TÁ CRESCENDO TEIA DE ARANHA EM MIM PELA DEMORA
não entendo o que ele queria dizer com aquilo, o sono realmente me deixava mais lerdo. Logo eu acabo rindo alto; simplesmente pela própria piada interna ter tanto haver com a dele; ou ao menos isso faz sentido na minha cabeça. Logo paro de rir; já pensando que deixar o brasileiro sozinho poderia causar um incêndio monstruoso; indo pra lá mais por preocupação do que por curiosidade. ele chega nas escadas do sótão; se agaichando para abrir a pequena porta ali; me sentindo como willy Wonka de Tim Burton. eu espirro pela poeira assim que entro no local levemente escuro; encarando o brasileiro que estaria de pé ; com um sorriso imenso no rosto
- acabei de achar algumas coisas fodas!
ele diz; ajeitando o cabelo no boné inseparável dele. Logo acabo dando um sorriso inconsciente pela cena doce; logo se levantando e limpando as roupas pela poeira
-se me falasse que teria tanta poeira ; eu ficava lá embaixo tomando meu café da manhã
rebato; meio de mal humor.
- por isso que não falei. viu? sou um gênio.
olho finalmente para o brasileiro; que sorria orgulhoso da genialidade provavelmente inexistente dele; enquanto rio baixo; meio puto por ter aceitado a idéia de ir pra lá, já preocupado com algum bicho no café da manhã.
- jajs- tá bom...o que quer me mostrar?..
- achei algumas fotos e esse colar aqui
era um colar negro; uma cruz na ponta metálica e uma ponta meio pontuda demais; coberta por ferrugem.
-....isso parece antigo
- 1600....1700 no máximo.
- a quantidade de dinheiro por isso??? acho que não passa de 50 reais..-
- oh não ; me casei com um cara frio e calculista demais..
o brasileiro diz; logo me toco que ele estava falando do ano de fabricação ; não dá quantidade de dinheiro que aquele colar poderia ser vendido. trocamos olhares e rimos alto; odeio as piadas dele, mas rio por pena.....mesmo que AS VEZES são boazinhas.
- por que iria vender isso?
- pra ganhar pesos, capo.
- aprecio o elogio- eu acho.
o brasileiro para de rir depois de um tempo, perguntando aquela frase um quanto infantil ; como uma criança que não quer vender o boneco estragado por afeto.
- iríamos ganhar dinheiro se fizéssemos isso.
- não precisamos de dinheiro..
- sempre precisamos-
- pra?...
- não sei, talvez ¿¿cOmIdA??
eu digo. não sou tão frio assim; só estava em um leve-péssimo humor e estava com fome.
- poxa Tina; dinheiro não é felicidade.
- mhm, tá bom.. então vai fazer as tuas macumbas pra criar dinheiro extra?
eu digo. o brasileiro para de sorri; olhando pra mim meio sério demais: teria se ofendido um pouco; Umbanda não é uma religião com apelidos tão legais assim; porém naquela hora eu nem havia reparado que era por conta daquilo; usar a palavra virou algo totalmente normal pra mim.
- aí Tina, você tá ficando chato..
- eu SOU chato.
- só de manhã.
- talvez.
- é. acho que vou vender esse colar aqui...Não tem muito preço
ele diz; franzindo as sobrancelhas ; meio chateado. não entendi nem entendo porque daquela tristeza toda; principalmente porque um dia antes daquilo eu não conseguia de jeito nenhum terminar meu livro; e isso me irrita imensamente.
me arrependo de não ter sido mais gentil com ele; porém naquele dia eu estava realmente mal. eu olho para a janela do local; não fazendo contato visual com ele; porém percebo que ele me observava
então me viro; e ele estava me observando.
---fim capítulo 12~•°-
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Um garoto chamado Vera Cruz
Action"Quantas vidas possíveis já descansam Nesta bem pobre e diminuta morte, Quantas vidas possíveis que outra sorte Daria ao esquecimento ou à lembrança! Quando eu morrer, morrerá um passado; Com esta flor, morreu só um futuro Nas águas que o igno...