Julia
Acordo e meu pai já saiu. Tomei meu café e passeei um pouco no condomínio com a Mel para realizar minha caminhada matinal. Avistei a Bia correndo ao redor da praça, não suporto esse projeto impecável de mulher. A Beatriz se acha a última bolacha do pacote, com o seu corpo invejável, porém, conseguiu grande parte com cirurgias. Nada era dela, quer dizer, na verdade, é, pois, ela pagou! Não gosto da forma que ela fala com o meu pai, ela falta pouco se atirar em seu colo, mas por sorte o Tony a ignora.
Meu pai é muito bonito, super conservado com seus 37 anos bem vividos. Já notei que ele tem uma quedinha pela Clara e a recíproca é totalmente verdadeira, não sei porque ainda não rolou nada.
A Mel se irrita, já está cansada de andar, pensa em uma cadela preguiçosa.
— Vamos para casa, filha! — falo e ela dá um latido ficando em pé esperando ser pega no colo.
— Você é uma folgada mesmo, você é pequena mais pesa, pingo de gente!
Sim, converso com a minha cadela, pois, sei que ela me entende.
Chegando em casa a Clara me passa uma mensagem me chamando para almoçar antes de ir para a escola. Aceitei sem questionar quando soube ser lasanha. Tomei um banho e me arrumei de lá eu iria direto para a escola.
Ando pela calçada do condomínio, o sol reflete em meu rosto dificultando minha visão. Olho para o chão e me distraio olhando para o meu tênis cinza que está encardido, como não vi isso antes de sair de casa? Esbarro-me em um corpo maior que o meu, subo meu olhar devagar para apreciar a vista. Enrubesço ao me deparar com os olhos verdes do Carlos.
— Oi, Ju! Tem que olhar por onde anda, gatinha! — ele sorri de lado.
— Desculpa, estava distraída. — digo sem graça.
— Tranquilo, então é você que minha irmã está esperando para almoçar?
— Acredito que sim! — sorri.
— Se soubesse, teria esperado para o almoço. — ele me analisa.
— Vou entrar antes que a comida esfrie. — fico sem graça ao perceber seu interesse por mim.
Toco a campainha e o Carlos entra no carro sem tirar os olhos de mim, o que me causa um leve arrepio que não sei explicar. Do outro lado da calçada a Bia está com a cara feia nos olhando.
A voz da Clara ecoa no interfone.
— Você de novo! Oque você quer agora Carlos! — ela se irrita.
— Ei calminha, é a Ju! — respondo.
— Desculpa meu amor, pode entrar.
O portão destrava e o empurro para entrar.
— Desculpa Ju, é que meu irmão me tirou do sério! Você acredita que ele está de casinho com a puta da Bia? — ela gesticula.
— Ah! Então foi por isso, que ela ficou de cara feia ao me ver conversar com ele lá em baixo!
— Sério que a bonita já está com ciúmes? Além de quenga é burra! Provavelmente meu irmão só quer diversão, mas por via das dúvidas, é melhor afastar essa vaca do Carlos!
— Melhor mesmo, essa daí é pior que doença contagiosa! — rimos.
— Vamos parar de falar da Bia porquê não quero ter indigestão!
— Vamos porque o cheiro da lasanha está maravilhoso! — inspiro e sinto o aroma agradável.
O gosto fez jus ao cheiro, nos deliciamos com a lasanha e depois jogamos conversa fora até que deu meu horário. A Clara insistiu em me dar uma carona até o colégio, mas não deixei, gosto de ir andando, a escola é perto e estou com tempo. Notei que a Bia estava no portão e se escondeu ao me ver passar, então virei e gritei para Clara que ainda estava me vendo sair.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Em Família
RomansaEM FAMÍLIA A família tradicional não é mais a mesma faz um tempo. Há quem ainda milite contra seus novos formatos e nuances, mas sabemos que o curso da vida não tem retorno. Apesar de não retornar, a vida de Júlia consegue confundir bastante essa j...