Você é impossível

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Por Gizelly

- Você não está entendendo - expliquei de maneira firme, me servindo de mais uma xícara de café. - Você vai vir até aqui buscar esse sofá hoje. Agora pela manhã. Na verdade - continuei -, se eu fosse você estaria vindo agora.

Kalimann desceu abotoando a camisa e sentou à mesa na minha frente.

- Eu já percebi que você não me entendeu. Então, eu vou ser mais clara: você não pode pedir um depósito de cartão de crédito por um serviço que ainda não prestou, se comprometer a prestá-lo em um determinado momento e atrasar o procedimento.

O homem da lavanderia estava tentando argumentar do outro lado da linha. Em vão, obviamente. Ia ser do meu jeito. Ele só estava demorando para entender isso.

- Querido, querido! - repeti para que ele se calasse. - Não me importa. Eu já fiz um depósito inicial para uma lavagem que deveria ter sido feita ontem. Se o serviço que eu solicitei não incluía vocês virem buscar meu sofá e depois devolvê-lo, vocês deveriam ter me avisado ontem, quando eu fiz a solicitação, o agendamento e o pagamento. E agora você quer que eu agende de novo e pague para que vocês venham buscar?

Ele estava dizendo que o agendamento era para ontem e que eu não levei o sofá então ele tinha suposto que...

- Você supôs que eu ia te dar meu dinheiro para lavar meu sofá e depois ia desistir de lavar meu sofá e te deixar com o dinheiro que eu paguei para que você lavasse o meu sofá? O senhor acha que eu sou idiota? - Ele estava tentando falar. - Então não me trate como se eu fosse idiota. Meu bem, você vai vir buscar esse sofá hoje. Ou eu vou querer meu dinheiro de volta. 

Ele estava dizendo que não tinha como fazer isso hoje de jeito nenhum.

- Querido, ou você me vê hoje pela manhã quando vier buscar meu sofá, ou me vê daqui algumas semanas em uma sala de audiência depois que eu te processar por propaganda enganosa. Que propaganda? A que diz no seu site que vocês pegam o material e devolvem em casa.

Ele explicou que seria por um custo adicional. Kalimann deu uma mordida na torrada e me observou com admiração.

- Então, você deveria dizer isso na propaganda.

"Não deveria?"

- Vamos ver o que um juiz vai dizer. E alguns jornalistas locais que eu conheço. Eles adoram esse tipo de discussão judicial, envolvendo empresas locais e direitos do consumidor. Conheço pelo menos uns dois que escreveriam um gordo artigo a respeito.

Ele ainda queria argumentar. Ele tinha colhões, isso era verdade.

- Querido, estarei te esperando em, no máximo, duas horas. Se você não chegar depois disso, não vai me encontrar em casa. Eu vou ter saído para visitar a redação de um jornal local e um fórum.

Desliguei.

- O Furacão gizelly - Rafaella resmungou, servindo-se de café. - Se ele soubesse com quem está lidando já estaria aqui.

- Por que você está me elogiando?

- Não foi um elogio. É uma constatação. Você não é horrível em tudo - ela explicou.

- Ah, obrigada - reclamei.

- Como eu disse: não foi um elogio. Quer dizer que foi no meu sofá que você deixou um estranho te comer?

- Por que você precisa falar desse jeito?

- Foi isso que aconteceu, não foi?

- Eu fiz amor com o cara, não precisa ser grosseira quando descreve.

Sexy Lawyer (Readaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora