Você não recicla?

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Por Gizelly

- Como foi o seu dia, querida?

Ela tinha um sorriso impossível, estampado do meio do rosto. Olhei para ela sem emoção, deixando claro que não tinha achado graça nenhuma da brincadeira estúpida.

- Qual o seu problema?

- Problema? Nenhum. Tenho um emprego maravilhoso, ganho muito bem, tenho bons amigos e uma secretária pessoal espetacular.

Ela se aproximou e me deu um beijo estalado na bochecha. Eu virei com a mão aberta para lhe dar um tapa com toda a minha força, mas ela já estava preparada para essa possibilidade e se afastou ainda mais rápido.

O hall estava sem caixas. As com rótulos compreensíveis já tinham sido desempacotadas e seus objetos tinham ido para seus devidos lugares. A sala de estar e de jantar ainda estavam abarrotadas.

- Sabe, Gi - ela começou, jogando três pastas de processos no meu sofá. - Para quem disse que só precisava de uma semana para arrumar tudo, você parece bem atrasada.

- Tive que desinfetar e esterilizar o lugar onde eu vou dormir. Gastei a maior parte do tempo com isso, não que seja da sua conta.

- "Não que seja da minha conta?" - ela sentou no sofá e serviu de um pedaço de pizza que eu tinha pedido quando a fome maior que meu desejo de acabar tudo o mais rápido possível. - Pelo que eu me lembro dos termos do nosso acordo, tudo que você faz é da minha conta - ela riu, mordendo uma fatia fria.

- O acordo é: eu arrumo sua casa e você me deixa em paz - lembrei, tirando a fatia da boca dela.

- E isso - disse apontando pra pizza - é meu. - joguei a fatia de volta na caixa.

- Ah... Vai ser assim, é? Então, já que a casa é minha, eu posso simplesmente entrar no banheiro quando você estiver tomando banho, não é? A porta é minha, quero dizer. Eu posso abri-la quando quiser.

- É esse o tipo de argumento que você usa no tribunal? É por isso que sua taxa de ganhos de causas é tão baixo.

- Minha porcentagem é 93%! - ela respondeu, rindo. Ok. Era uma porcentagem impressionante. A minha era um pouco melhor, obviamente. Mas muito pouco. - E eu não sei por que você se incomodaria - continuou, soltando o nó da calça de lado e pegando a fatia de volta. - Não é como se eu nunca a tivesse visto nua.

Sabe quando você está quase no seu limite? Sabe aquele momento em que seu copo está quase cheio e só uma gota pode destruir tudo? O momento em que você quase foi há várias caixas atrás. E, de repente, com aquelas poucas palavras, Rafaella kalimann fez meu corpo d'água transbordar.

Fechei meus punhos e me joguei contra ela com força. Ela tinha um vídeo perigoso, poder sobre meu futuro e sobre minha reputação e uma taxa de sucesso invejável, mas, por Deus, ela não teria a minha pizza.

- Isso é meu!

Puxei Rafaella pela gola da blusa e ela me segurou pelo braço com a mão livre. Ela era claramente mais forte do que eu, e conseguiria me afastar com facilidade. Sem pensar, montei em cima dela, mantendo-a presa no sofá.

- Devolva minha pizza - ordenei.

- Você não vai mais comer isso. Deixa de ser egoísta.

Tentei alcançar a mão que mantinha a pizza longe de mim, mas ora ela segurava um de meus braços, ora o outro, e sempre conseguia me impedir de atingir meu objetivo. Eu queria esmurra-la e mordê-la.

Mesmo com toda minha raiva, a proximidade com Kalimann era sedutora, quase proibida. Se ela ficasse excitada, eu ia rir. Seria um Vitória extra. Eu estava de joelhos quando consegui segurar com as duas mãos o braço em que ela segurava a pizza, e senti seu outro braço me envolvendo, tentando me fazer com que eu me abaixasse. Tinha plena consciência de que meus seios estavam na altura do seu rosto, mas não abandonei minha presa e esperei que toda a situação seio/rosto fosse distraí-la por tempo suficiente.

Sexy Lawyer (Readaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora