Sou como um oceano, profundo demais, largo demais, bonito demais, perigoso demais. Mergulho nesse mar de mim mesma, corpo, olhos ardendo. Ondas de pessimismo, e desesperança me derrubando. Intensidade é um veneno, que se toma com gosto. Aprendi isso com o ralo do joelho, e as perebas persistentes da pele. Rios, lagos, e poços fazem estrago dentro de mim. Quando acho que escapei sã, uma chuva forte me lembra que ainda sou eu, assim mesmo. Tenho medo, e por mais que eu procure, não tenho sossego.
Eu gostaria de matar a mim, mas depois eu teria que me ressuscitar, e esse lance de morrer e viver não é minha praia. Eu não sou oito, ou oitenta. Eu sou sempre um bilhão, um bilhão de destroços, garrafas de sangue vívido, espelho trincado, parede rebocada cinquenta e sente vezes, tijolos de barro quebrados, roupas espalhadas pelo chão, água com gás. Eu sou um montão de coisas que não suporto.
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Poesia.
PoetryPoesias, poemas, textos, e versos que escrevo quando preciso dizer aquilo que não consigo em voz alta.