Uma bala

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— Então virou-se, e disparou. 

Um tiro com uma direção exata, ódio semeado, desejo de escapatória, e ambição fervente. Bastou uma bala para que o tempo parasse, para que o trabalho fosse de água à baixo, para fugir da sentença dolorosa. Bastou uma bala e o ambiente cheirou pólvora. Bastou uma bala para ver olhos crescidos com fobia, nervos trêmulos, taquicardia, injustiça espalhada pelos arredores, sangue, gritos, desespero. Uma bala para que alguém morresse pela jura de amor feita. Um tiro, para que colegas chorassem, refletissem, e se perguntassem; vale a pena, se uma única bala pode aniquilar a jura, o amor, a justiça, a calma, e a sanidade? Vale a pena doar sua carne por quem atiraria nela sem pudor, por despeito e ganância? Talvez valha, e eu não saiba o quanto. O que sei é que uma bala, não é apenas uma bala.

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