SEM CULPA - DEGUSTAÇÃO

Capítulo 1

DIEGO

Contive o suspiro quando mirei minha família no aeroporto. Olhei para eles com o coração acelerado de tanta saudade. Minha família era muito unida. Sou grato por tudo que meus pais me ensinaram. Hoje, com 28 anos, mesmo sendo autossuficiente, meus pais continuavam me dando a mesma atenção que eu recebia quando adolescente. Já tinha se passado três anos desde a ultima vez que vi meu pai e irmã. Terminei minha especialização em Ortopedia Pediátrica em Nova Iorque e estava de volta a minha cidade natal, Cuiabá. Minha mãe me visitou três vezes nesse meio tempo, e eu resolvi dar um tempo e focar unicamente em mim.

Meus pais são médicos e minha irmã está no terceiro ano de Psicologia. Eles são sócios do maior hospital do Estado de Mato Grosso, o São Cristóvão. É o maior hospital em estrutura física, tem os melhores especialistas e a maior variedade também. Já foi premiado nacionalmente por qualidade de atendimento mais de uma vez. Os Baldini, Arantes e Artuzzo são sócios no São Cristóvão.

Chego perto dos meus pais e minha irmã caçula se joga em meus braços.

- Que saudade, que saudade, que saudade irmão!

-Laurinha, minha pequena como você está? Também estava com muita saudade- Respondo com emoção em minha voz, abraçando-a de volta.

-Achei que tinha nos abandonado para sempre! Você não responde minhas mensagens, não me dá atenção, seu chato!- Ela diz socando meu braço de brincadeira.

- Muito ocupado, Laura.

-Diego Baldini, nem acredito que voltou! Graças a Deus agora você vai ficar conosco. - Minha mãe me abraça e abaixa minha cabeça para conseguir beijar meu rosto. Sou alto e ela é baixinha, como Laura.

- Bom ter você de volta filho. Todos te aguardavam ansiosamente- Diz meu pai me abraçando, ou pelo menos tentando já que minha mãe não me solta.

-Obrigada pai, é bom estar de volta.- Digo com sinceridade.

Fomos para onde estava o carro do meu pai, curtindo a proximidade da minha família, sentindo o ar quente super tropical da Grande Cuiabá.

A cidade estava mudada, maior, típica capital. Mesmo que eu conhecesse boa parte do mundo, eu adorava Cuiabá. Meus amigos e minhas primeiras experiências estavam aqui e foi no São Cristóvão que descobri meu amor pela Medicina. Voltar para esse lugar sempre me fazia nunca esquecer de onde vim e a minha verdadeira base. Sou apaixonado por esportes radicais, para o desespero da minha mãe. Eu e Gustavo, meu melhor amigo, sempre estávamos vivendo perigosamente com outros companheiros, fazendo rapel em Chapada dos Guimarães, corridas de moto, trilhas, acampamento, tudo que envolvia natureza e adrenalina. E eu sentia falta de tudo isso.

Chegando ao condomínio dos meus pais, fui avisado que meu apartamento estava intocável como deixei. Era sexta-feira, me estabeleceria novamente no domingo mas por insistência de meus pais ficaria o fim de semana com eles, para o almoço de domingo. Na segunda recomeçaria no Hospital São Cristóvão. Uma excitação de recomeço me deixava animado.

Entrando na casa dos meus pais uma onda de melancolia me invadiu. Foi minha casa a vida inteira e, diferente da cidade, parecia que nada havia mudado. A casa branca, com pilares marrons estilo georgiana, sempre exalando classe. Porém, diferente das outras casas imensas que já frequentei, a casa dos meus pais era acolhedora e cheia de vida. Como minha família.

-Mia não para de mandar mensagem perguntando se você já chegou - Disse Laura, enquanto entrava comigo no meu antigo quarto. Mia Artuzzo e irmã de Gustavo, meu melhor amigo. Nós crescemos juntos. Mia foi a minha primeira namorada, e por algum tempo achei que seria a única.