V ELLIE

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Um silêncio incomodo se instalou entre nós, ele deveria estar exultante em me rebaixar a esse nível, mas sua expressão era totalmente oposta. Sombria, enigmática e intimidadora, tão diferente do Leon apaixonado que conheci.

O garçom aparece com a comida, ele enche nossas taças com água e distribui os pratos.

— Tenham um bom jantar — Deseja se retirando.

Observo os pratos escolhidos por ele, filé de atum grelhado e o tradicional purê de batatas com uma pitada de noz moscada. Tudo que eu gosto.

— Sua comida vai esfriar — Ele diz, levando um pedaço do filé aos lábios.

Provo a comida sentindo a náusea passar e contenho a vontade de gemer com o gosto maravilhoso. Com o canto dos olhos, consigo perceber os olhares voltados a mim.

— Se acostume a isso — Sou pega de surpresa — Apesar de ser o irmão mais discreto, aparentemente, sou assunto para as revistas de fofocas e blogs.

Respiro fundo, remexo o purê antes de levantar os olhos e criar coragem para perguntar algo.

— Como estão seus irmãos? — Leon deposita o talher sobre o prato, pega o guardanapo e calmamente, limpa os lábios.

— Devem estar bem. — Responde pegando a taça com água. — Nosso contato se resume a poucos telefones durante o ano.

As palavras dele cortam meu coração, eles eram tão próximos na infância, antes da separação dos pais. E, após, se mantiveram unidos até Blake sair de casa. A indiferença com que ele fala da família é assustadora.

— E o seu... — Ele me interrompe.

— Termine o seu jantar!

Faço o que ele manda, porque a comida está deliciosa.

— Seu prazo começa amanhã — Meu apetite morre. — A assistente de Isabela entrará em contato informando o horário para a reunião.

Encaro a taça de água nervosamente, a parte do trabalho com Isabela seria fácil em cumprir, mas o resto era o que me preocupava. Um calafrio percorre meu corpo.

— Infelizmente, não estarei na cidade durante a próxima semana, então terá que conter a sua ansiedade para dormir comigo. — Ele sorri com o canto da boca.

Lago os talheres no prato e o encaro.

— Prometo tentar. — Respondo com a voz cheia de sarcasmo.

Leon paga a conta.

Enquanto caminhamos para a saída, não consigo ignorar as pessoas como ele faz. Os funcionários, apesar de toda a descrição, exibem uma cara de espanto, não sei dizer se é porque queriam estar no meu lugar ou porque ele vai muito ali, acompanhado.

O trajeto até minha casa foi rápido e constrangedor, não trocamos nenhuma palavra e não houve contato visual ou físico. Leon estacionou o carro em frente ao meu prédio.

— Tenha uma boa semana — Diz.
Leon pega minha mão e a leva aos lábios.

— Você também — Puxo minha mão e saio do caro.

Ele espera eu entrar para ir embora.

Me arrasto até o elevador, repassando os acontecimentos da noite.

Um ano inteiro ao lado de Leon Hard, o quanto aquilo poderia mudar a minha vida?

***

A reunião com Isabela foi marcada para as 14, munida com um portfólio contendo alguns dos meus trabalhos, rumei para a empresa dela. Eu não sabia muito sobre seu trabalho, apenas que teve uma ascensão meteórica nos últimos meses. Seu nome foi o mais listado na procura por organizadores de eventos, qualquer pessoa com mais de cinco dígitos na conta bancária seria louco de não contratar seus serviços.

| DEGUSTAÇÃO | Julgada | Os Hard IIOnde histórias criam vida. Descubra agora