Primeiro Contato

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Ágatha acorda sentindo cheiro de café, seu corpo está descansado mas talvez pela mudança no fuso horário ela ainda queria estar dormindo. Ela se levanta se espreguiçando e começa a arrumar a própria cama, costume que ela sempre teve.

- Bom dia, irmãzona! - ela se vira assustada e vê Anne na porta - Bom dia! - a mais velha sussurra praticamente - A mamãe pediu para ver se você estava acordada e avisar que o café da manhã está pronto, te espero, ok? Não demore ou eu não vou poder me despedir antes de ir para a escola! - e com isso a menor sai cantarolando.

Quando Ágatha aparece todos já estão lá, e ela se senta ao lado de Anne que sorri contente - Bom dia! - ela diz em tom de desanimação e os demais respondem em coro - Dormiu bem? - Samuel pergunta - Sim, apesar que esse fuso horário me deixa meio perdida! - Imagino! - ele diz rindo.

A moça se serve com café preto e uma torrada, nunca teve costume de comer de manhã, no máximo uma fruta e café, então para ela é tudo muito estranho e exagerado. Uma mesa com várias bebidas, frutas e comidas só para manter a manhã? Para a mesma aquilo só era um exagero de ricos.

- Não vai colocar açúcar no café? - Tomas a pergunta - Não, gosto dele totalmente amargo! - ele a via naquele momento como uma garota completamente esquisita, mas não comentou nada - Ágatha, vou resolver todos os trâmites para que você comece a estudar o mais rápido possível, ok?! - a voz do Cien indicava que aquilo era mais uma ordem do que qualquer coisa - Eu não trouxe meus históricos, então provavelmente começarei do zero, não é? - Eu resolvo isso, no máximo você vai estudar de novo um semestre. - ela olha para ele mas não diz nada.

Quando todos terminam ela ajuda Marta a limpar algumas coisas - Cien e Samuel passam o dia no trabalho, Tomas fica fora quase o dia todo, Anne estuda no período da manhã e eu também fico fora de manhã, então a menos que você queira ir comigo a minha loja, você vai ficar sozinha! - Tudo bem, eu não me importo, acho que eu vou ficar dormindo! Mas do quê é sua loja? - Flores! É pode parecer estranho mas eu amo flores e não abro mão da minha floricultura! - a mulher fala e depois se retira para se preparar para sair.

- Eu já disse, não tenho as três primeiras aulas hoje! - Tomas diz irritado - Não acredito em você! - Sam... Pelo amor de Deus... Se não acredita liga pra lá... Eu não vou ficar por lá sem ter o que fazer, depois eu vou, não irei faltar hoje eu prometo! - o mais velho o encara - Ok, ok, mas quanto estiver na hora vá, entendeu?

Tomas observa o irmão sair do seu quarto com um sorriso satisfeito. Ele acreditou na sua mentira, mesmo estando errado Tomas acreditava que seria por uma boa causa, afinal aquela era a oportunidade de tentar descobrir coisas sobre a Ágatha.

- Sam, cadê seu irmão? - a matriarca pergunta - Ele só vai mais tarde, não tem aulas agora! - Entendi! Ágatha estamos indo, bem no almoço eu chego não se preocupe com nada e qualquer coisa o Tomas está aí! - Ok, obrigada e tenham um bom dia! - a mulher e os filhos saem acenando.

Quando ela sobe as escadas vê um par de olhos azuis lhe esperando na porta do seu quarto, ela age totalmente indiferente - Quer alguma coisa? - ela para na frente do Tomas, ela emana toda a calma do mundo, ele por outro lado sente seu coração acelerar - Quero conversar! Temos a mesma idade é provável que nos entenderemos! - ela o olha suspeita - Não penso da mesma maneira, mas o contrário disso pode resultar em confusão, não vejo muita escolha.

Ela abre a porta e ambos entram. Ágatha se senta na poltrona e ele na cadeira da escrivaninha. - Gostou da decoração, baseado no que sua mãe falou sobre seus gostos eu pensei que você iria gostar dos posters! - ele diz olhando em volta - Gostei, se queria me perguntar isso poderia ter feito lá fora! - ela é seca, e ocasiona alguns instantes de silêncio.

- Bom, vou ser direto! Eu já sabia que você emanava confusão, mas imaginava que você iria dar trabalho, e que provavelmente iria odiar a todos nós, especialmente minha mãe e a Anne, só que eu errei, você só não gosta do Cien não é? Por quê? - ela se surpreende, mas logo começa a rir - Gentileza se paga com gentileza, sua mãe e irmãos não fizeram nada pra mim então por quê eu descarregaria ódio neles? O Cien é alguém que eu não gosto e isso não vai mudar.

Quando o silêncio se instala, ela o quebra - E quanto a você? Desde que eu botei o olho em você percebi que você era um ímã de problemas, estou errada? - ele começa se irrita com o deboche dela - Isso não é da sua conta, você não sabe nada sobre mim. - E o quê você sabe sobre mim? Tudo que você deve saber sobre mim é que eu sou a garota problemática que nem o pai quis saber, a garota que vivia em confusões não é? Porque se for isso, sinto muito mas você não sabe de nada!

Tomas num momento de raiva se levanta e coloca suas mãos nos braços da poltrona, a prendendo lá, enquanto se inclina a encarando - E diz onde isso está errado? Que eu saiba era pra você estar presa não? Você não é a única que tem demônios por aqui, então não se ache especial por isso! - ele quase grita isso pra ela.

Ágatha o segura pelo colarinho se levantando forçando ele a arrumar a postura - Escuta aqui, eu não tô nem aí se você gosta de pagar de riquinho revoltado, ou se quer ser o muleque que precisa de atenção especial, não estou competindo com você, eu prometi a minha mãe que seria alguém melhor e estou tentando cumprir. Então não me enche e vá cuidar da sua vida, eu não quero arrumar mais problemas ficando perto de você! - ela o derruba na cama.

Quando as costas dele batem no colchão macio, sua blusa se levanta um pouco, o suficiente para mostrar o hematoma em seu abdômen, ele tenta cobrir mas ela já viu - Então você é do tipo que se mete em brigas e apanha... Não me surpreende seu irmão ficar pegando no seu pé!

Ele se levanta e sai batendo a porta atrás dele. Ágatha se senta novamente, ela suspira enquanto pensa "Ele tem olhos tão frios que me lembram gelo, e a coloração azul cristalina é estonteante mas não posso me deixar se intimidar por um babaca como ele".

Tomas se joga em sua cama frustado, "Ela e aquele ar debochado dela, sou idiota em pensar que poderia me dar bem com ela, mas eu me sinto estranho quando olho para ela, os olhos negros dela são intensos e ela é intensa, isso me deixa curioso".

LOST SOULSOnde histórias criam vida. Descubra agora