Só confie em mim

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Samuel chegou correndo no hospital, ele viu Agatha lá, em pé ainda com o telefone em mãos. Ele pode então realmente ver o quão abalada ela estava, visto que até sua mochila tinha ficado no casebre abandonado. Como se não respondesse a sua lógica, ela a abraçou apertado, as costas dela batendo forte em seu peito. Ela por sua vez se assustou e só então notou que ele estava chorando.

Ela girou nos braços dele e passou os seus próprios ao redor do mesmo. O rapaz enterrou o rosto na curva do pescoço dela, enquanto a aperta mais. A moça acariciava as costas dele com uma das mãos. Aquele momento de certa forma parecia precioso demais, mesmo que fosse ocasionado por algo ruim.

Depois de um tempo, Samuel se afasta - Desculpa, eu acho que... - Não peça desculpas, não há necessidade! - ela diz o cortando, e ele acena com os olhos enchendo de lágrimas novamente - Os médicos já deram alguma notícia? - ele pergunta olhando para as portas duplas da emergência.

- Ainda não, mas também não tem tanto tempo que chegamos! - ela responde o guiando a uma cadeira, quando se sentam ele diz - Precisamos avisar a mamãe e o papai! - ela só acena com a cabeça concordando. O jovem se levanta novamente e liga para a mãe, a avisando do ocorrido e pedindo para avisar o patriarca.

Quando ele se senta novamente, ele parece ainda mais tenso, e em seus olhos voltam a arder lágrimas. Então ele sente a mão de Agatha abraçar a sua e a apertar suavemente em total conforto e carinho - Vai ficar tudo bem! - ela diz mas não acredita totalmente em suas palavras, ainda procurando algum conforto Samuel deita sua cabeça sobre o ombro dela, a surpreendendo, e eles ficam assim.

Algum tempo depois o casal chega, e Marta vai direto neles - Alguma notícia? - ela parece derrotada - Ainda não mãe! - o jovem responde sem se mover de sua posição - Onde está Anne? - ele pergunta - Ela já tinha pedido pra ficar na casa de uma amiguinha lembra? Já que amanhã elas não têm aulas! - a mulher responde sem tirar os olhos das portas - Ainda bem! - o rapaz diz baixo.

Cien sentou se quieto de frente para os jovens, ele observou as mãos entrelaçadas e o repouso que o rapaz fazia no ombro de sua filha, ela estava com um olhar muito preocupado, e mesmo assim parecia tentar confortar o outro de alguma maneira. "Ela é como a Joanna bondosa, e infelizmente, deve estar sentindo o mesmo que a mãe sentia quando isso acontecia com ela", como se fosse uma deixa pensar na filha, os olhos dela encontraram os dele.

Samuel, que olhava para a face dela, notou e quase afobado pelo o olhar do homem se endireitou em sua cadeira, sentindo se envergonhado por um instante. Agatha que ainda olhava para o pai, sentiu lágrimas querendo surgir, pois de alguma forma sabia exatamente o quê ele pensou, "A mamãe, ela sofria assim por mim, e você deve saber disso!".

Antes que a moça pudesse refletir alguma coisa, a porta se abriu, um homem de óculos, pele escura e com um ar totalmente respeitável e confiável, saiu. - Vocês são da família do Tomas Carter? - Sim, eu sou a mãe dele! - Marta diz apressada, se aproximando do médico. O homem suspira - Ele está estável agora, e fora de perigos maiores, mas ainda deve passar por alguns procedimentos. Ele exagerou e enfim, parece que ele também não estava dormindo bem, ou se alimentando corretamente, nos últimos dias.

Todos ficam surpresos, e o homem fala novamente - Ah, meus modos, desculpem, sou Roger Wattson, ele estará sobre meus cuidados por enquanto. Só queria informar que o pior já passou, mas que fiquem atentos, pode ter sido uma tentativa de... - ele não precisa completar, todos entendem e ficam pasmos de choque e tristeza.

.....

Alguns dias se passam, Tomas já está melhor, mas ainda não teve alta. Agatha decide ir vê-lo sozinha pela primeira vez. A porta do quarto que ele está entreaberta, mas mesmo assim ela bate. - Entra! - ele responde, e ela entra.

Ele está sentado na cama, com um livro, quando ele olha pra ver quem é, seu olhar entediado se transforma em surpresa. Ele soube por Samuel que foi ela quem o encontrou lá, mas não tinha falado com ela desde que acordou.

- Como você está? - ela pergunta, enquanto deposita uma sacola no criado mudo - Eu, eu tô bem, na medida do possível, e você? - Tô na mesma de sempre! - ela responde sem olhar para ele - Obrigado, por ter me achado, acho que você me salvou a vida! - Por nada! - ela parece indiferente, mas ele a vê apertando as mãos em punhos.

Antes que ele comente, ela indaga o olhando nos olhos - Você tentou mesmo se matar? - a pergunta o atinge - Não, claro que não, eu só estava tentando me saciar. - ele é sincero - Escuta, eu já ouvi você dizendo que não adianta, mas por favor, procura ajuda! - ele é pego de surpresa com aquilo - Por que você se importa?

Ela pondera antes de responder - Eu não sei, eu também me perguntei isso, mas eu não sei, eu apenas me importo - ele encara os olhos sinceros dela e nota que os seus estão começando a lacrimejar - Tomas, eu tô conseguindo mudar, eu sei que você também consegue, então me ajuda a te ajudar! Não permita que isso te controle assim, por favor! - as lágrimas dele são inevitáveis quando ela termina de falar.

Ela percebe e o abraça rápidamente em silêncio, lhe dando um sorriso gentil quando se afasta - Você realmente acha que eu consigo Agatha? - Acho! Você só tem que ser focado, e tem que achar um motivo para você mudar! - ela pausa e sorri - Eu por exemplo, estou fazendo isso porque não quero mais ver minha mãe sofrer por minha causa. - ele a olha e sente suas bochechas esquentarem.

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⏰ Última atualização: Dec 18, 2021 ⏰

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