Capitulo 1: Apresentações

70 4 1
                                    

Essa não é uma história de amor como outra qualquer.  O que posso dizer? O  amor nem sempre acontece  como deveria. Duas pessoas se conhecem, sentem um sentimento mutuo e desfrutam de momentos inesquecíveis. Provavelmente este processo todo não aconteça nem com metade dos relacionamentos. O amor muitas vezes  chega sem pedir licença. Invade  corações e depois luta para não ir embora.  Já aconteceu com vocês de gostar de alguém que nem sabia que gostava dele? Aconteceu comigo.  O amor chegou  sem eu estar disposta  a receber-lo  de portas abertas. Traumas do passado me fizeram fugir de qualquer coisa que parecesse amor.

Mas o amor encontra seu jeito, não importa o quanto fujamos dele. Hoje vou contar a história de como me apaixonei por alguém sem querer durante um momento muito difícil da minha vida, como descobrir  que ele a muito me amava. Como percebi que no fundo sempre o amei. Eu me chamo Elisa Souza, o meu Souza é escrito com Z.

É muito difícil precisar o momento que o amor começa. pode ter sido  no primeiro olhar, na primeira vez que  escutou minha voz, na primeira vez que sentiu ciúme por outro cara está perto de mim. Vou começar essa história por mim mesma já que ele percebeu que me amava primeiro.  Acho justo, já que ele acreditou que o meu presente era mais importante que o seu futuro.

Tenho 20 anos, gosto de ouvir música alta, cantar no chuveiro, fazer  academia,  conversar, comer chocolate, tomar uma xícara de café quente  antes de começar o dia e de tirar cochilos curtos todo início de tarde, logo após o almoço.

Não gosto de cozinhar, de falar com pessoas metidas, de comer frutos do mar e de ouvir cantadas prontas.

Antes de conhecer o Marcos era uma mulher que não acreditava mais no amor. Só queria viver minha vida, curtir minha juventude, ser feliz comigo mesma. Se por acaso durante esse processo encontrar-se o cara certo, o cara que me fizesse esquecer o passado e provasse que homens prestavam, eu ainda o mandaria primeiro para merda antes  de  me permitir viver o melhor de um relacionamento com ele. No fim foi isso mesmo que eu fiz.

Sou morena cor de jambo, estilo índia. Tenho 1,65 de altura, cabelos pretos tocando o bumbum, olhos castanhos, corpo magro.  Me considero bonita mais não faço muito sucesso com os homens.

Como explicar? Fico um pouco constrangida em falar sobre isso. Basicamente  não tenho os atributos que chamam a atenção nos garotos.  

é uma coisa muito escrota: Parece que para metade deles tudo se resume em peitos e bundas. Quanto maior, melhor...

Como eu sei disso? experiencia de vida. Tive namorados, no plural mesmo..  A maioria lances curtos, não é culpa nossa se nos interessamos por alguém e depois descobrimos que não combinamos tanto assim. O importante é seguir em frente. O problema é quando gostamos de alguém que aparenta gostar da gente, que faz agente pensar num futuro e depois o encontramos  numa boate agarrado a uma garota de corpão.  Uma garota que tem tudo que você não tem, ele fica sem saber como se justificar. Mas não precisa. Ta na cara. Só não enxerga quem não vê. Ele tinha ido atrás do que sentia falta em você. Isso tinha acontecido comigo e não gosto nem de lembrar. Esse foi meu trauma com os homens. 

Se isso ainda não é o bastante, basta abrir os olhos e limpar os ouvidos. Sei o que vejo todo santo dia. É praticamente impossível uma mulher andar pela rua nesse país sem ouvir uma gracinha, uma piadinha, muitas vezes coisas obscenas.  Na cara dura. Sem o menor pudor. E quanto mais corpo a mulher tem mais ela é obrigada a ouvir isso, mais é disputada nas festinhas de final de semana. 

Homens são mesmo animais, pelo menos a metade deles.

Sou universitária, curso engenharia ambiental a dois anos na universidade federal de Cruz das Almas, uma cidade pequena do interior da Bahia onde atualmente moro sozinha. 

 Não sou daqui, é claro. Sou da capital do Estado, Salvador. Vim para cá em busca de um sonho, assim como 90 porcento dos alunos da faculdade. Ter o nível superior numa instituição reconhecida que abriria as portas para um futuro fabuloso. Eu me tornaria uma grande engenheira  referencia na recuperação de áreas degradadas e no combate ao desmatamento clandestino.   Essa era minha  meta a longo prazo, estava caminhando para ela no meu ritmo, havia até conseguido uma bolsa estudantil por notas, 430 reais que eram meus para fazer o que quiser.  

Tudo estava indo bem na minha vida ate o mundo desabar de uma hora para outra .

Uma grande recessão econômica tomou o mundo inteiro, quebrando centenas de empresas e diminuindo a arrecadação dos governos, pelo menos é o que dizia o noticiário da televisão. Não entendo muito desses assuntos. Não tinha ideia do quanto iria impactar minha vida. 

Para começo de conversa as compras no mercado subiram horrores,  o que foi um baque no meu orçamento já que faço praticamente todas as refeições em casa. Depois a faculdade cortou as bolsas sem nenhum aviso prévio alegando contingenciamento de despesas. Isso me fez sair da academia, o que não foi fácil pra mim. Era praticamente minha única atividade de lazer. Me virei como podia para manter as xerox, para comprar as apostilas,  para pagar palestras, tudo pela minha formação profissional, fiz isso usando uma pequena poupança guardada para emergências. O dinheiro era pouco e não durou muito, o que me deixou totalmente dependente da renda do meu pai para prosseguir os estudos. Pensei em procurar um trabalho mais não deu muito certo. Aqui no interior não parecia existir a modalidade meio turno nas empresas e a maior parte dos estabelecimentos abria também aos sábados entrando em choque totalmente com minhas aulas que sinal não tinha horário fixo. Um dia era pela manhã, outro dia o dia todo, outro dia a tarde, outro dia a noite, era um curso integral, de seis em seis meses mudava a grade e com ela todos os horários das aulas que podiam acontecer até mesmo aos sábados. 

 Eu ainda estava pensando se conseguiriam uma vaga de garçonete em algum barzinho a noite quando meu mundo tremeu pela segunda vez na mesma semana. 

- Oi pai, disse quando meu telefone tocou naquela manhã de quinta-feira, 21 de maio. Eu estava com o notebook ligado procurando alguma coisa para assistir no Youtube enquanto tomava meu café da manhã  quando meu telefone vibrou. Não sei se foi por ser ainda muito cedo, por  ainda está sonolenta, eu meio que só balançava a cabeça e sussurrava hum e humrum. Meu pai desligou a ligação e eu ainda fiquei com o telefone no ouvido por não sei quanto tempo até  o alarme tocar muito alto direto nos meus tímpanos, já eram 7:30, a hora de sair correndo pra pegar o ônibus para aula das 08:00.

Meu pai havia dito que perdeu o emprego, que não tinha condições de me mandar nada além de uma passagem de volta pra casa.  Seu aluguel venceria em dois dias. O que ela iria fazer?

Elisa juntou suas coisas e saiu correndo para o ponto de ônibus para não perder a aula. 

Sem perceber, deixara o café intacto sobre a mesa e o notebook ainda ligado...

Homens seriam a ultima coisa que pensaria naquele dia. Estranhamente foi naquela situação que se aproximou do Marcos pela primeira vez. Mais esse assunto é coisa para o próximo capítulo. 

Apaixonada por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora