Capítulo 3

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Sentada nas tradicionais cadeiras escolares de um braço, Elisa tentava prestar atenção na aula de física 1 ministrada pelo professor Otávio, um coroa enfezado que não tinha didática alguma. 

A sala onde estava era ampla com capacidade para uns 100 alunos. Parecia ter bem mais do que isso. As cadeiras estavam muito próximas, os corredores bem estreitos, deveria haver pelo menos umas 150 pessoas lá.

Isso porque era uma matéria que reprovava muito. Os alunos tinham um pouco de culpa, muitos não estudavam o que deveriam, vários não tinham base suficiente para acompanhar a aula em ponto de bala, mais de longe o professor levava essa responsabilidade. O cara ficava metade da aula demonstrando formula, a outra metade explicando a formula. A aula era um saco, agente saia entendendo menos do que quando entrou na aula.

Se reprovasse aquela matéria não poderia prosseguir no curso no ritmo normal visto que ela era pre requisito para pelo menos meia duzia de disciplinas que por sua vez também eram pre requisito para tantas outras.

Estava lascada. Nem no seu juízo perfeito entendia muita coisa da aula. Imagina agora que estava com a cabeça em outro lugar. Continuou copiando as demonstrações do quadro, tentando focar sua mente em alguma coisa produtiva. Ficar se torturando não ia adiantar nada. Precisava ocupar a cabeça com outras coisas também. No fim não adiantaria conseguir o dinheiro para continuar estudando se não conseguisse passar nas disciplinas.

Teria que reservar livros na biblioteca, depois teria que tirar xerox de lista de exercícios, provavelmente teria que assisti vídeo aulas,  no pior das hipóteses pagar aulas extras. Resumindo teria que gastar dinheiro...

 - Pessoal, atenção por favor, disse na voz grave o professor.

- Visto que nosso período de avaliação se aproxima e diante da grande quantidade de alunos e ainda diante do péssimo histórico de reprovações que Física 1 possui. Eu considerei por bem solicitar um Monitor para auxiliar vocês nas possíveis dúvidas que já tenham ou venham a adquirir durante as semanas de aula.  Confesso que tive dificuldades em encontrar uma pessoa qualificada o suficiente, mais enfim  encontrei alguém minimamente capaz de iluminar nuances da física a vocês . Aquele rapaz de preto ali é o Marcos, ele já foi meu aluno e é um rapaz de boa fé. 

Toda turma acompanhou o gesto do professor em busca dessa tal pessoa que ele acabara de elogiar. - Fala sério, desde quando minimamente capaz é um elogio?  

- Oi pessoal, muitos de vocês já me conhecem, falou um garoto que estava sentado no canto da sala, próximo a janela. Estarei disponível duas vezes na semana, as quintas e as terças, das 18:00 as 20:00 horas, nesta mesma sala. 

- Aquela voz de novo, pensou Elisa. - O rapaz que ela havia esbarrado um pouco mais cedo, antes do início da aula. - O nome dele era Marcos, sim, Marcos, tentaria não esquecer. Elisa destetava esquecer coisas, ficava se sentido meio burra.

O garoto vestia uma camisa preta básica, acompanhado de uma calça jeans de marca desconhecida e um par de tênis preto. O conjunto combinava com sua pele morena, mais continuava sendo roupa barata.

 - Credo amiga, Esse vai ser o nosso monitor? Sussurrou  Jennifer na cadeira atrás a sua. Geralmente ela ficava calada durante as aulas. Mas dessa vez não conseguiu se segurar.

- Pelo visto vai. 

- Eu não vou perder meu tempo estudando com ele. Não deve ter qualidade nenhuma. Definitivamente não passa uma boa imagem.

O modo como o rapaz se vestia não era problema para Elisa. Ela não pagava as contas de ninguém, não estava conseguindo nem pagar as suas pra falar a verdade. 

- O rapaz não parece tão mal assim.

- Ta cega amiga? 

- Jennifer, nem tudo na vida é dinheiro e status.

- Porque o resto é beleza e inteligencia e ele não tem nenhum dos 4. 

- Se o professor escolheu ele é porque ele deve saber física.

- Então quem depois de aprender isso ia aceitar ensinar de graça 2 vezes na semana? Os monitores não ganham nada. E olha o horário, 18:00 horas, só vão vim os desesperados.

Isso é verdade. Não era nada inteligente da aulas de graça, a faculdade oferecia um certificado por isso, nada muito útil. 

- Você tem razão amiga, falou Elisa só pra terminar com aquele assunto chato.

- Finalizada as apresentações, disse o professor, podemos encerrar as aulas por hoje. 

- Finalmente, disse Jennifer. - Amiga você quer carona pra casa? Kelvin vem me buscar hoje. 

- Eu quero sim, tenho muita coisa pra fazer em casa.

- Em casa eu não faço nada. Não sei como você sobrevive sem uma diarista. 

- Eu também não sei como sobrevivo.

Sairam pela porta enquanto o Marcos aguardava os alunos deixarem a sala para fecha-la.

Teve a impressão que ele a seguia com o olhar. 

Devia ser só impressão sua mesmo.  Quem mandou esbarrar em pessoas por ai...

A impressão não passou, nem mesmo quando deixou o pavilhão de aulas e entrou no onix preto do Kelvin


    

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