Capítulo 8

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Elisa queria paz e não teria se não resolve-se de uma vez por todas esta situação. A cidade era muito pequena. Toda vez que encontra-se Marcos não iria saber aonde enfiar a cara e com certeza o encontraria, todo dia, pelo resto dos anos seguintes. 

- 2 mil por um not usado? Perguntou indo direto ao ponto. O corretor automático corrigiu para 2 mil por um não usado. Estava sem sorte mesmo..

Marcos logo visualizou mais não respondeu de cara. Isso era muito irritante. Com certeza estava pensando numa resposta. O que falar para alguém que você acabou de oferecer dinheiro por sexo?

- Boa noite, respondeu ele simplesmente.

 Normalmente Elisa responderia boa noite antes de puxar assunto. Não estava no seu estado normal, nem tão pouco sua noite estava sendo boa.

- Má noite para você também! Responda a pergunta!!

- O valor está abaixo do esperado? Disse ele um minuto depois ( pareceu durar uma eternidade)

-  Pare de enrolar, gritou Elisa para a tela do computador esquecendo que ele não podia ouvir. - Eu não to no meu estado normal, digitou. - Pra eu te mandar pra porra é daqui pra li.

- Já temos intimidade pra isso?

- Vai pra porra Marcos.

- Desculpa te irritar.

- Desculpo não :( 

- Eu ofereci a mais pelos produtos porque quero te ajudar. Você precisa de dinheiro, lembra?

- Então agora você é alguém caridoso? Eu não vou sair com você.

- Não precisa misturar as coisas. Não to fazendo isso pra você sair comigo. Só pra te ajudar.

- Não sei o onde você quer chegar com isso mas não vou te dever favores, não vou ser sua amiga, nem vou falar com você de novo na vida, entendeu?

- É justo.  Vou ai pegar os produtos, chegarei mudo e vou sair calado.

- Vim aqui?

- Tem outra ideia de local para me entregar os produtos que estou comprando?

- Os aparelhos ainda não estão prontos. Preciso limpar meus arquivos pessoais.

- Faz assim, Irei levar o dinheiro, os aparelhos recebo depois quando você fizer isso. Quero garantir a compra.

- Você está fazendo isso pra mim ver? Se for isso vai dá viagem perdida porque  não vou sair te ver. 

- Eu toco o interfone. Aguardo um minuto, deixo o valor numa mochila na porta e vou embora. Você nem vai ver minha cara. Talvez sinta meu cheiro, você sabe, vou de bike.

- Não faço questão de sentir seu desodorante da natura. 

- Se esse é o caso, então tudo bem, desculpe todo o incomodo,  Adeus.

Adeus? Como assim adeus. O cara bagunça minha cabeça toda e depois me diz adeus? Ta certo que ela havia dito que não falaria com ele nunca mais na vida, mas ele não podia sair assim, como se fosse o certo na situação. Ela foi a vítima, não ele.

- Ainda não acabamos nossa conversa.

Ele não visualizou.

- Marcos, ainda temos coisas a conversar.

Nada.

 - Não quer falar comigo mais, beleza. É um favor que você me faz. Pega seu dinheiro e envia no cu.

Não era de falar palavrão, não gostava deve tipo de coisa. Mas existem alguns estados de espírito que só mesmo um palavrão para descrever. Estava pensando numa coisa pior para escrever quando escutou aquelas duas batidas na porta. As duas batidas de sempre. Dois toc tocs bem distantes um do outro. - Seu Albérico não tinha hora menos incomoda para aparecer?

Ele era o dono do prédio. Tinha 96 anos, não era muito amigável. Sempre próximo do aluguel ele ia de porta em porta avisar aos inquilinos. Tinha uma disposição que fazia inveja a muitos novos. Se alguém não pagasse em dia acabou-se o mundo. Ele guardava na mente não sei como e não renovava o contrato de aluguel. Pedia até que entregasse o imóvel. Ele fazia isso porque era chato pra caramba e também porque a localização do seu prédio era muito boa, próximo da faculdade e do centro. Havia uma fila para conseguir morar aqui.

- Abriu a porta sem dizer nada. Estava sem paciência para etiqueta. Seu Albérico ficou parado por um tempo esperando ser cumprimentado, ele tinha todo tempo do mundo e uma necessidade de ser bajulado. 

- Vim avisar sobre o vencimento do aluguel nesse fim de semana. Estarei aguardando o pagamento no meu escritório como de costume. 

- E como de costume eu passarei para pagar seu Albérico, muito obrigada pela informação.

- Como de costume ele deu as costas e saiu andando devagar rumo  ao próximo apartamento. Era muita falta do que se fazer mesmo. Respirou fundo para não bater a porta com força e voltou para o celular.  Ela tinha em mãos 236 reais. Podia e no banco raspar sua conta, mesmo assim não daria 400 reais. Precisava do dinheiro, ponto final. A questão é se venderia o not para a oferta de 800 reais ou para Marcos. Isso é se qualquer um dos dois ainda quisesse comprar.

Teria que deixar de ser idiota. Se humilhar e conversar com Marcos. Ele era sua ultima esperança. 

- Marcos, desculpa. Releva vai. Você viu como eu estava.

Ele visualizou.

- ?

- é velho, releva.

- ok

- Eu detesto gente que responde ok.

- ok

- Você ainda vai vim?

- Eu ainda vou?

- Você quer me castigar ne? 

- Não temos intimidade para isso.

- Então você não vem?

- Eu não venho, leu Elisa sentindo seu mundo tremer. 

Sentiu que ia chorar de novo quando escutou o interfone tocar

- Já estava aqui esse tempo todo. Você tem um minuto pra descer. Depois disso vou deixar a mochila aqui e vou embora.

Pela segunda vez naquela noite não acreditava no que acabara de acontecer. Iria receber 3 mil reais? Poderia comprar outro computador, outro celular, todos novos na loja e ainda pagar o aluguel. Parecia ser bom demais para ser verdade. Não podia recusar. Uma vez ouvira que alguém perdido no deserto deve aceitar toda água que encontrar. Desceu rapidamente as escadas e olhou através do olho mágico para ver se ele não estava esperando do outro lado. Não viu nada. Abriu a porta e encontrou  uma mochila preta para notebook. Estava pesada. Abriu rapidamente e viu notas de 50. Muitas. Subiu as escadas com o coração na boca. Não tinha ideia de quanto pesava 3 mil reais, mais parecia pesar muito mais do que deveria.

Contou com cuidado cada nota, chegando ao valor de 8 mil reais. No fundo da mochila havia um cartão escrito a mão.

Nossa aula esta noite e nossa caminhada pela faculdade foi o melhor encontro que tive em anos. Na mochila consta o pagamento do primeiro encontro mais o valor dos produtos que comprei na sua mão. Você por acaso não conhece alguma boa pessoa que esteja precisando desses produtos? Se sim pode da-los em meu nome. No sábado a tarde estarei andando de patins no parque da cidade as 15:00 horas. Apareça se tiver interesse num  segundo encontro. Use roupas de ginastica. Abraço. 

Elisa ficou sem saber o que pensar... 

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Apaixonada por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora