Capítulo 7

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Elisa saíra andando sem ver muita coisa a sua frente. Estava em choque. Por sorte seu subconsciente conhecia cada buraco daquelas ruas mal calçadas. Conseguiria chegar em casa ate mesmo de olhos fechados. Por sorte, não correria o risco de ser atropelada, as ruas estavam vazias, elas eram muito mal iluminadas naquele trecho, o que salvava um pouco era a meia luz que vinha das varandas das casas que se atreviam a deixar as portas abertas. Era apenas mais uma noite normal.

Elisa trazia um gosto amargo na boca, estranho né? Sentia ânsia de vomito.Tudo isso devido a proposta indecente.  5 mil reais era muito dinheiro, muito mesmo,  mas prostituição era algo que nunca faria na vida.  - NUNCA!  Por que então aquilo não saia da sua cabeça? 

- 5 mil reais, 5 mil reais. Merda de 5 mil reais.

- Como alguém podia propor algo assim? Com tanta naturalidade? Realmente não sabia. Primeiro  pensou não ter escutado bem quando ele falou, depois pensou não ter entendido bem o que ele tinha falado,  quis acreditar tratar-se de uma brincadeira de mal gosto. Por fim concluiu está falando com um maluco, um pervertido. 

- 5 mil reais...

Foi embora sem da uma responta, sem se importar com as ruas vazias e com os motoqueiros que as espreitas roubavam os estudantes a noite. A essa altura era só o que lhe faltava, ser assaltada e lhe levarem o celular que precisava vender para pagar o aluguel. Sinceramente ainda não acreditava no que acabara de acontecer. Tentou cuspir para tirar o gosto amargo da boca e não conseguiu, não tinha saliva. Pegou um dos brigadeiros na vasilha e mastigou forte, tentando tirar aquele gosto da sua boca. Só conseguiu morder o lábio. -  5 mil reais... Um encontro,  Marcos disse que queria vários encontros. 5 mil reais cada. 5 mil...

Aquela proposta não saia da sua cabeça. Estava ficando confusa. Seria a solução dos seus problemas. Poderia continuar a faculdade, pagar seu aluguel, fazer seu mercado, se cuidar. Por outro lado teria que se permitir fazer tantas coisas, continuaria sendo ela mesma depois daquilo? Quem é que tinha 5 mil reais hoje em dia para um encontro? O país estava quebrado, milhões de desempregados, milhares de empresas quebradas, não havia 5 mil reais dando sopa por ai pra ninguém que não fosse rico. Elisa não conhecia o Marcos. Com exceção de hoje, nunca haviam tido nenhum contato físico com ele. O mais próximo que estiveram um do outro foram quando assistiram alguma aula na mesma turma e só. Elisa sabia que ele era inteligente, o cara tirava boas notas e dava aulas, pareceu ser educado e prestativo também. Até mesmo o achava bonito, apesar do cabelo mal penteado, a barba por fazer e as roupas básicas que ele sempre vestia aonde quer que o visse. O menino nem mesmo tinha uma moto, andava de bicicleta o dia todo para cima e para baixo. Todo mundo sabia que ele dava aulas particulares em troca de gorjetas, então como ele tinha 5 mil reais para lhe pagar por encontro? POR ENCONTRO. Havia algo de muito errado nisso. 

- Se ele pensa que pode brincar comigo está muito enganado. Vou exigir pagamento antecipado, disse ela chegando em casa. - Peraí? Ela estava falando como se já tivesse aceitado o acordo, mais não tinha aceitado. Não iria aceitar de jeito nenhum. Iria?

Abriu o portão do prédio branco de 4 andares, aparentemente o único na cidade desse tamanho e subiu as estreitas escadas até o segundo andar onde morava. Passou por um corredor com vários apartamentos até chegar ao seu número 217. Fechando a porta, atirou a vasilha no chão e tirou aquelas roupas suadas. No banho tentou entender melhor a situação. Se hipoteticamente o Marcos tinha aquele dinheiro todo porque ele iria querer justamente ela?  Com 5 mil reais um homem poderia ter varias mulheres pelo período de duas horas. . Então por que ofereceu esse dinheiro pra mim? Eu não tenho peito, não tenho bunda. Será que ele quer me filmar? ou será que ele tem um álbum com uma coleção de fotos das garotas que ele pretende transar? Eu não sei de mais nada. Na verdade sei - Preciso pagar meu aluguel. 

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