/sábado, 09:00 am/

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Despertei com o peso do corpo dele sobre o meu, suspirei cansada da noite anterior e ainda tentava me situar onde estava. Tentei me levantar, mas percebi que se eu o fizesse, ele cairia do sofá.

Antes de acordá-lo aproveitei para observar seu rosto sereno e agora mais velho, rústico e com marcas da idade, continuava perfeitamente expressivo, sua expressão ainda me causava arrepios por todo o corpo. Não aguentei e depositei um beijo na ponta de seu nariz, como fazia há anos atrás e ele mostrou que seguia o mesmo sono pesado de sempre, sorri boba ao lembrar de quão difícil era acordar ele.

- Poncho - encostei em seu rosto, para ver se despertava - ei, acorda - falava baixo perto de seu ouvido

- hmmm, não quero - ia se ajeitar, mas como comentei antes o sofá estava pequeno para nós dois e ele despencou no chão me causando risadas altas

- ei, machucou? - continuava rindo, enquanto ele se ajeitava para continuar dormindo no chão - Poncho, acorda! - o sacudi - não vim aqui para te ver dormir - ri enquanto puxava seu braço

- ah é?! - exclamou fingindo estar bravo - então veio para que? - me puxou pela cintura, me fazendo deitar ao lado dele e se virou para mim

- para tatuar seu cheiro em mim - sorri e encarei aquele olhar que me estremecia

- você me deixa louco - me beijou, apertando minha nuca em suas mãos - como se eu ainda tivesse 20 anos - afastou meu rosto e sorriu, me dando selinhos

- mas, esse é meu objetivo - gargalhei divertida e ele sentou, me puxando para levantar também - vou tomar um banho, ok?

- vou preparar um café e te alcanço lá - falou recolhendo as taças que ficaram pela sala

Fui andando pelo corredor ainda levitando nas memórias de horas atrás, entrei no quarto e de primeira vi uma foto de Dani na mesa de cabeceira, já na lateral da cama tinha uns brinquedos espalhados deixando um rastro de onde eles haviam brincado, ao observar aqueles dois ambientes, senti uma realidade dura cair sobre meu corpo. Aquela era a casa deles, onde ele criou a família dele junto dela, que apesar de não estar aqui hoje, havia deixado seu toque nos detalhes. Em segundos me senti uma intrusa, caminhei até a foto de Dani e busquei todos os detalhes de Poncho que haviam naquela pequena criança.

- Não arrumei o quarto ainda, ele foi embora ontem de manhã - falou ao entrar no quarto, enquanto me via com o porta retrato na mão

- Não tem problema, mostra que a casa tem vida - devolvi a foto para a mesa de cabeceira - Porque ela foi embora? - o indaguei e ele recuou

- Quer mesmo falar disso? - assenti e me sentei na cama

- Sim, preciso saber para entender qual meu papel aqui hoje. Não quero estar aqui me apegando novamente, para você voltar pra ela na próxima semana - ele ainda não estava acostumado com esse meu lado que não fugia das respostas

- Nosso relacionamento tinha virado uma grande amizade, percebemos que não nos gostávamos mais como um casal e sim como pais do Daniel - sua voz tinha pesar, ele suspirou ao terminar a frase - mas, não foi fácil chegar a esse entendimento, foi preciso coragem dos dois lados para que pudéssemos assumir isso um para o outro - abaixou o olhar, percebi que não queria continuar se abrindo

- Nunca imaginei que chegaria o dia em que eu me sentiria uma intrusa na sua vida - soltei um riso desapontado - minha separação ainda me dói muito também, não precisa querer esconder que a sua não está doendo em você - o encarei

- Tenho outra maneira de sentir, você sabe - suspirou e veio até mim, deitando com a cabeça em minhas pernas e eu só me permitir distribuir carinhos por seu cabelo.

- Você tem esperanças que volte? - continuei com os carinhos e ele fechou os olhos, não podia acreditar que estava vivendo essa cena com ele

- Não sei - deu de ombros e o silêncio se fez - ... ela me lembrava tanto você, no inicio precisei cuidar para não trocar os nomes - sorriu envergonhado - mas, respondendo sua pergunta, não sei se quero ir e voltar - suspirou, como se estivesse medindo as palavras - a gente sabe como isso pode não dar certo, tenho medo da imagem que passaria para o meu filho, tendo um relacionamento de vai e vem - falou sincero

- Vocês não podem definir o relacionamento de vocês se baseando nisso, é comum pais separados reatarem, não acho que isso afetaria ele - fui sincera, me surpreendendo logo depois, pois só eu sabia o quanto eu sofreria a partir do momento que eu saísse desse apartamento, principalmente se o relacionamento dele voltasse a existir.

- Não imaginei que teria essa conversa com você - soltou uma leve gargalhada e me encarou

- A quarentena tem deixado o mundo de cabeça pra baixo mesmo - acompanhei seu sorriso

- Ainda quer tatuar meu cheiro em você? - passou as pontas dos dedos em meu rosto e apenas assenti, fechando os olhos para sentir cada toque - vem! - levantou e me puxou para o banheiro

Ele ligou a banheira, enquanto eu terminava de prender o cabelo, entrei devagar buscando um espaço entre suas pernas para me recostar. Aquele momento me teletransportava a tantos outros, que foi impossível não suspirar ao perceber que estávamos de novo nos envolvendo entre nossos términos.

Suas mãos começaram a acariciar toda a lateral do meu corpo, me causando arrepios e espasmos, seu queixo permanecia encostado entre meu pescoço e ombro, podia sentir sua respiração quente provocando um calor em minha nuca, não precisávamos falar nada para saber o que cada um estava sentindo ali, estar com ele já era um ambiente tão seguro e conhecido, que podia fechar os olhos e saber exatamente o que fazer.

Já sentia meu corpo esquentar com seus toques em meu corpo, ele percebendo o quão entregue eu estava àquela situação, resolveu descer suas mãos por minha barriga, indo até minha virilha e ali continuou distribuindo leves carinhos, depois de sentir que eu já arfava e desejava mais do que pequenos carinhos, abriu espaço com seus dedos e me penetrou fazendo movimentos circulares que me faziam estremecer, em desespero perdi uma de minhas mãos por seu cabelo e nuca, enquanto a outra passou a acariciar seu membro, que já fazia pressão em minha lombar.

Em um ato já estávamos de frente para o outro, me posicionei por cima, encaixando nossos corpos em um movimento suave que fez ele esbravejar de prazer em meu ouvido e pressionar minha cintura com as mãos. Estar de frente para ele e perceber que eu ainda tinha muito poder sobre seu corpo e principalmente sobre seu desejo, me excitava ainda mais, enrosquei meus braços em seu pescoço e rebolava lentamente em movimentos de ida e volta, enquanto suas mãos passeavam por minhas costas, nunca e cintura desesperadas de desejo.

- não para - sussurrava abafado em meu ouvido e pude sentir que ele já estava no limite, então continuei me movimentando até que o corpo dele relaxou embaixo do meu, me fazendo aguardar uns segundos até que pudéssemos voltar para que eu pudesse atingir o limite junto com ele.

- gostoso - mordi seu queixo, enquanto ele estava com a cabeça jogada para trás, tentando controlar a respiração

- não quero que você vá embora - me segurou pela nuca, me fazendo encará-lo

- eu tenho que ir - dei de ombros e mordi o lábio inferior

- Porque? - me encarou, ainda segurando minha nuca

- Porque tenho, não vim pra ficar, não tenho roupa e nem nada meu aqui - dei espaço para que nossos corpos pudessem se desconectar um do outro

- A gente vai na sua casa buscar - se ajeitou voltando a sentar na banheira

- Ardilla - ele riu ao ouvir o apelido - se eu fico aqui, não respondo por mim - ri divertida

- Eu também não, então está tudo certo - segurou minha mão e beijou

- Vamos tomar café e decidimos - sai da banheira, indo até o chuveiro para terminar o banho

- Já está decidido, ardillita - me seguiu e entrou no chuveiro também

/CONTINUA/

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/ era pra ser / DyPOnde histórias criam vida. Descubra agora