/ viernes, 7 de agosto de 2020/

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Conseguia perceber o quanto ele estava desolado com tudo isso, a decepção era expressada através de seu olhar, mas também por seus gestos e falas. Eu realmente não queria que ele descobrisse dessa maneira o quão desesperada eu estava com toda essa situação, porque eu sabia que ele ficaria desse jeito. Afinal, Alfonso estava feliz desde o primeiro dia em que soube desse bebê.

Agora, que sentia pontadas na parte de baixo da barriga, me veio um medo imenso de perdê-lo, meu desespero era outro, queria saber se ele estava bem, queria me desculpar com ele por ter falado que não o queria, precisava fazer isso ou não me perdoaria jamais.

- me perdoa meu pequeno - acariciava minha barriga e sussurrava bem baixo meu pedido de desculpa, não queria que Poncho ouvisse - a mamãe errou muito ao falar que não te queria, eu quero e te amo demais, mais do que a mim mesma, você é o melhor presente que eu poderia receber - seguia sussurrando e acariciando minha barriga, até que adormeci ali.

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Acordei percebendo que já haviam passado algumas horas e pelo cheiro que vinha da cozinha, imaginei que já havia chegado a hora do almoço. Levantei devagar, respirando fundo e ainda segurando a barriga, caminhei devagar até o quarto e lá voltei a deitar, ainda sentia dores pelo corpo, mais pela tensão da discussão do que por qualquer outro motivo.

- Agora que sua mãe já está sabendo, pensei de você combinar com ela de ficar com você na sua casa - ele entrou no quarto e caminhou em minha direção, entreabri os olhos quando escutei sua voz

- Minha mãe não é a melhor pessoa para me acompanhar enquanto eu espero um filho seu - suspirei cansada - se nem naquele estágio em que estava ela se comoveu, agora será pior.

- Porque ela teria que se comover? - foi debochado

- Porque eu preciso de suporte e apoio, igual ao que estou recebendo de você - fui ríspida

- Eu sou um estúpido cachorro que faz tudo por você - falou desapontado e com uma voz péssima

- Não quero discutir, ainda não me sinto bem e preciso descansar - tentava cortar esse ínicio de provocação - um dia voltamos a conversar sobre isso - ele saiu do quarto e eu voltei a dormir.

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Já havia passado 1 semana desde a nossa última discussão, nossa relação mudou da água pro vinho, sem sorrisos, sem abraços, sem carinhos, sem conversas e recuerdos. Ela havia se tornado apenas a mãe do meu filho que precisava dos meus cuidados, eu ficava incrédulo como nosso relacionamento sempre caía nessa mesma armadilha, íamos bem na superfície, até que um furacão nos engolia e nada mais voltava ser igual.

Eu seguia dormindo no quarto de Dani, aproveitava o tempo longe para estudar roteiros que havia recebido para audições e também trabalhar um pouco nos projetos que estava envolvido. Diana havia pedido que as visitas diminuíssem pelo risco de contaminação e assim fizemos, então, eu não fazia ideia de quando veria meu filho novamente e isso apertava meu coração, diminuía um pouco da saudade quando nos falávamos por telefone.

- Posso entrar? - deu dois toques na porta e colocou a cabeça pra dentro, apenas assenti - Queria conversar - tinha a expressão séria e insegura

- Senta ai - apontei a cama, enquanto eu me sentava na poltrona

- Primeiro queria te pedir desculpa por esse desconforto que causei durante esses dias - suspirou segurando o choro, estava mais emocional do que o normal - não queria te magoar, mas eu precisava pensar em mim e no meu bem estar - seu olhar não me encarava, estava visivelmente com medo e isso não era um bom sinal - Segundo, vim aqui para podermos conversar abertamente, porque eu preciso definir o que vou fazer e quero sua opinião - um riso sarcástico escapou de mim e ela me encarou com raiva

- Desculpa, pode falar - abri os braços, abrindo o caminho para a fala dela

- Poncho, a gente não planejou isso tudo, eu não planejei isso - abaixou a cabeça e as apoiou em suas mãos - se eu soubesse que esse bebê aconteceria, eu não viria aquele dia - sua sinceridade me congelava - você mais do que ninguém sabe que essa não foi a família que sonhei em construir - bufou já com lágrimas escorrendo por seu rosto

- Dulce, quando você vai sair do campo das ideias e reconhecer que não existe família dos sonhos? - a interrompi indignado com essa fala adolescente que ela mantinha

- Eu quero criar esse filho como produção independente - falou de uma vez, me deixando extremamente sem reação, podia sentir minha expressão congelada em uma grande cara de espanto.

- Enlouqueceu? - bufei e levantei da poltrona passando a andar de um lado a outro - eu juro que estou tentando ser empático com você, Dulce - suspirei nervoso - mas, você extrapola todos os meus limites de paciência e respeito, carajo.

- Se eu divulgar como produção independente, vai ser melhor para minha imagem, Poncho! - sua voz já aumentava o tom

- Foda-se a sua imagem, Dulce! Esse filho também é meu - apontei o dedo pra ela

- Como você pode ser tão egoísta e não pensar em mim, ein? - dessa vez quem levantou foi ela - Pra você vai ser incrível ter um filho comigo, ninguém vai te julgar e muito menos criticar por ter tido um filho com a sua ex de anos, mas pra mim vai, VOCÊ SABE DISSO, ALFONSO! - começou a gritar com a voz rouca de nervoso - VOCÊ SABE QUANTAS VEZES A IMPRENSA JÁ ACABOU COMIGO, JÁ ACABOU COM A GENTE! - soluçou, limpando asperamente as lágrimas - EU PRECISO ME RESGUARDAR, PRECISO ME PROTEGER DISSO TUDO.

- Dulce, com certeza existem outras maneiras da imprensa não acabar com a sua vida - diminui o tom, tentando fazer com que ela voltasse ao normal também, não queria um discussão insana e infantil - a gente pode achar um caminho, ardilla, por Deus! - segurei suas mãos, buscando encontrar seu olhar.

- Poncho, eu não vou aguentar de novo, não vou - se debruçou em meu colo aos prantos - não vou aguentar me ver sozinha, sem você, sem meu casamento, sozinha, em um casa com um bebê.

- Você nunca mais vai estar sozinha, ardilla. Eu prometo, olha pra mim - afastei nossos corpos e segurei seu queixo - Eu juro que você não vai estar sozinha, somos adultos, somos maduros, hoje o cenário é outro, acredita em mim - ela ainda tinha o olhar perdido e choroso

- Não me deixa sozinha, por favor! - suplicava, enquanto debruçava o rosto em meu ombro novamente e eu só sentei novamente na poltrona a aninhando em meu colo, enquanto ela chorava profundamente triste e ali a perdoei por tudo, porque vi seu medo escancarado pelos hormônios, vi o desespero em seu olhar e pude por um momento sentir o que ela estava sentindo.

- Eu jamais faria isso, pequena - acariciava seus cabelos e a aninhava ainda mais em meus braços - eu te amo e amo nosso filho - depositei minha mão em sua barriga e ela agora soluçava um pouco mais calma.

/continua/

Olá meninas, esse é o penúltimo capítulo. Como foi uma fic que escrevi enquanto estava em home office, ela ficou curtinha, mas espero muito que tenha gostado <3

Existe mais coisa escrita para uma possível segunda temporada, então se quiserem, comentem aqui o que acham da ideia e o que vocês imaginam que tenha nela.

/ era pra ser / DyPOnde histórias criam vida. Descubra agora