Kate
Apoiei o celular entre o ombro e a orelha para continuar escutando a tagarela, ao mesmo tempo em que tentava responder um e-mail, antes que o senhor arrogante Vitor chegasse.
— Você sabe que a gente ainda não conversou sobre isso, não é? Você só deu voltas e mais voltas! — Ana reclamava do outro lado da linha.
Era difícil prestar atenção no que ela dizia, enquanto digitava.
— Porque não tenho o que dizer, Ana!
Olhei para o grande relógio analógico que Vitor havia mandado colocar na parede alguns dias atrás, era como se ele fizesse parte da parede, cada peça perfeitamente encaixada na mesma. Era quase oito horas e novamente havia sido a primeira a chegar no escritório, desde que Karen começou a ter mal estares diários.
— Você, Katharine Monteiro, a garota mais cheia de lições de moral me aparece de caso com um professor. Nosso professor. E me diz que não tem nada a dizer? — abri a garrafa de suco de laranja natural, fitando o meu bloquinho de post-it com anotações pessoais. — Nãão! Você tem que ter muito a dizer. A questão é. Não sei se quero que você diga como isso chegou a este ponto ou se ele é... você sabe? Lá em baixo. De quanto estamos falando?
— Ana! — quase engasguei com o suco deixando cair um pouco em cima da mesa. Droga! Me apressei ao passar um guardanapo, livrando meu post-it do líquido adocicado. — Primeiro e mais importante: não fale a palavra professor se tiver meu nome antes ou depois em uma mesma frase, caso não queira que sejamos pegos!
— Uh lá lá! Serem pegos. Isso é excitante! Por isso está com ele? Pela adrenalina do proibido?
— Não! — larguei a caixinha de suco na mesa e apoiei meu braço esfregando o rosto com uma resposta de e-mail inacabada a minha frente. Sempre foi fácil contar as coisas para ela, então porque isso era tão difícil? — A verdade?
Estiquei minha mão pegando o bloquinho de anotações novamente. Devido à ausência de Karen, tive que atender diversos clientes e sócios que precisavam ter contado direto com Vitor. Muitas dessas pessoas retornavam e agiam como se me lembrasse delas, era constrangedor fingir que sim. A forma que encontrei de gravar cada um? Escrever seu nome no post-it com alguma observação que me fizesse lembrar, como meu pai fazia ao analisar um perfil.
— É o que espero. — Ana respondeu me fazendo endireitar na cadeira.
Encarei a tela do computador, precisava terminar antes que o senhor Vitor chegasse e começasse com seus sermões. Não sabia se Karen estaria aqui, normalmente ela só mandava mensagem lembrando de afazeres ou perguntando como estava as coisas. Me limitava ao responder "está tudo bem" quando na verdade, só queria poder pedir socorro e dizer o quanto o nosso chefe era insuportável.
— Honestamente, não sei o que está rolando Ana... Não tenho respostas para suas perguntas. — queria muito ter, manter a desencanada estava sendo cada vez mais difícil.
Parecia errado falar sobre Heitor para alguém, mesmo sendo a pessoa que mais confiasse na vida. Era algo a dois, não parecia certo ser divido, a intensidade não seria compreendida e dava preguiça tentar explicar algo que apenas era sentido.
O silêncio da Ana me deixou intrigada, ela que antes falava sem parar ficou sem palavras. Aquele vazio de afirmações só poderiam ser um mau presságio.
— Merda Kate! — escutei o telefone chiar com o sopro que ela deu. — Isso não é bom.
Sua voz soou franco e preocupada.
— Eu sei. — respondi baixo. Ana apesar de idealista e toda a sede de viver, era uma pessoa sensata e dificilmente não tinha razão.
— Você está apaixonada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Romance Proibido
Romance[+16] Era para ser apenas uma noite de ano novo, mas o destino tem planos controversos e questionáveis. Em plena noite mais agitada de todas Kate queria se libertar, viver, SER JOVEM! Porque ela queria sentir essa compulsão por arriscar, suprir seu...