Heitor
O sol entrava pela janela esquentando meu corpo ao mesmo tempo em que fitava a vista que ela me proporcionava. Era quase nove da manhã, não fazia muito tempo que havia me levantado, apesar de não ter dormido quase nada essa noite. A culpa veio na madrugada e trouxe com ela a insônia, por me lembrar de ter sido fraco e cometido o mesmo erro pela segunda vez, ainda pior, sabendo das possíveis consequências, as quais não fizeram muito sentido quando Kate estava no meu colo, porém, agora estavam claras e bombardeavam minha cabeça. Tentava relaxar tomando um café quente, observando a rua ainda molhada que o Sol logo secaria.
Sempre gostei da sensação do início do dia. O momento em que a mente desperta, associando os últimos fatos com a situação onde você se encontra no agora, quando seu corpo parece uma máquina ganhando energia aos poucos. Durante o tempo em que morei com meu pai, acordava com os pássaros cantando e o chiado da água fervendo para o café, eram as melhores manhãs ao som de Bossa Nova que vinha do radinho da tia Bel sempre que ela preparava seu diário pão de queijo. Já aqui o dia começa à medida que os barulhos dos carros aumentam e os som dos freios dos ônibus parando no ponto se tornam mais frequentes, sem falar do falatório das pessoas em variados tons de voz.
Olhando pela janela observava pessoas que também começavam seu dia, um senhor saindo da padaria cumprimentando todos educadamente, a moça apressada provavelmente atrasada e até mesmo o homem de terno preto que passa sem olhar quem está a sua volta. Estudar as pessoas sempre foi meu passatempo, provavelmente esse interesse veio por minha paixão em criar histórias, por mais que há um bom tempo não às escrevo, pretendo voltar em breve.
Fortes batidas na porta de entrada chamaram minha atenção, rapidamente coloquei uma camiseta e fui em direção ao barulho na intenção de descobri do que se tratava, já que não estava esperando por ninguém. Pelo olho mágico vi uma moça jovem segurando desajeitadamente uma caixa e algumas sacolas a ponto de cair. O que ela faz aqui?
Abri a porta depressa, pois ela estava prestes a deixar tudo cair no chão.
— Até que enfim, me ajuda. — peguei a caixa que a loira me entregou. — Para que campainha se ela não presta?
— Quebrou faz algumas semanas... O que você faz aqui? — questionei sem entender encarando ela que colocava as sacolas no chão. Aliviada soltou o ar.
— Não posso visitar ver meu irmão? Estava com saudades e decidi te fazer uma surpresa. — Lara abriu um grande sorriso antes de me abraçar, percebi ali que realmente estava com muita saudade da minha pequena.
— Claro que pode! Só achei que me avisaria. Não comprei nada para o café da manhã. — falei indo em direção à mesa para por a caixa.
— E você acha que eu não sei? Por isso passei no mercado, estou faminta... Ei! Cuidado com essa caixa. — correu antes que eu jogasse a caixa na mesa. — Trouxe um presente para você, abre. — apontou para a caixa de papelão já colocada na mesa.
Só agora percebi que a caixa tinha furos e não estava fechada de verdade, apenas levantei uma aba da mesma e pude ver uma bolinha de pelo, com um laço azul enrolado no pescoço me encarando.
— Um gato? Você está me dando um gato? — olhei tentando entender o que se passava na cabeça de Lara.
— Niklaus, para te fazer companhia. — declarou simplesmente, passando a mão no seu curto cabelo loiro.
— Você está me dando um gato? Com nome? Você colocou nome, no meu gato?... Eu vou ter que comprar comida para ele? Não basta a minha? — fitava aquela bolinha de pelo cinza que agora miava.
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Meu Romance Proibido
Romansa[+16] Era para ser apenas uma noite de ano novo, mas o destino tem planos controversos e questionáveis. Em plena noite mais agitada de todas Kate queria se libertar, viver, SER JOVEM! Porque ela queria sentir essa compulsão por arriscar, suprir seu...