Capítulo 42

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Boa leitura🐍
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{Narrado por Shawn}

Não conseguia dormir de novo. 

Lembra-se de O coração revelador, de Edgar Allan Poe? 

Provavelmente você leu no ensino médio. Não? Bom, vou dar um resumo. Um cara mata outro e esconde o corpo embaixo das tábuas do assoalho de sua casa. Ele ouve as batidas do coração do homem embaixo das tábuas por causa da culpa que sente. Ou isso, ou o cara é maluco, eu nunca soube ao certo. 

Enfim, esse sou eu... com uma pequena modificação. Estou vivendo O coração farejador, de Shawn Mendes. Passei a noite toda virando na cama, sentindo o cheiro de  Camila tão forte no meu travesseiro que, depois de duas horas tentando dormir, levantei e tirei os lençóis. Também peguei um travesseiro extra que guardava no fundo do closet, e no qual  Camila nunca havia tocado, e joguei a roupa de cama e o outro travesseiro no corredor. 

Snif-snif. 

Tum-tum. 

Deitado no colchão sem lençol, com o travesseiro sem fronha, eu ainda sentia o cheiro dela. Isso nem era possível fisicamente. Mas o cheiro não diminuiu. Bati no travesseiro com o punho para afofá-lo. 

Tum-tum. 

Depois de um tempo, levantei-me da cama e revistei o quarto. Ela devia ter deixado um frasco de perfume em algum lugar. Tirei tudo das mesinhas de cabeceira, cheirei a embalagem de lubrificante inodoro e olhei embaixo da cama. 

Nada de perfume. Snif-snif.  Tum-tum. 

* * *

Na manhã seguinte, eu estava me arrastando. Pelo menos era sábado, e eu não precisava ir para o escritório. Embora eu preferisse trabalhar a ter a conversa que teria com Lucca hoje. 

Eu devia ser sádico. Ou era masoquista? Sempre confundia as duas coisas. Qualquer que fosse o nome, o momento só podia ser uma terrível coincidência. Eu estava prestes a magoar as duas pessoas com quem me importava na vida. 

Fanny me recebeu na porta de cara feia. Eu não poderia estar mais eufórico quando ela não falou nada, bateu a porta na minha cara e gritou daquele habitual jeitinho simpático. 

Lucca estava feliz e animado, como sempre. Ele saiu, e fizemos nosso cumprimento ensaiado. 

Depois, quando ele olhou para mim, franziu o nariz. 

— Está doente? Ou aconteceu alguma coisa? 

— Não. Por quê? 

Ele saltou os dois degraus da varanda. 

 — Parece abatido. E apareceu aqui no meio da noite outro dia, e sua voz estava estranha. 

— É. Desculpa por isso. Não queria te acordar. 

Ele deu de ombros. 

— Minha avó disse que você queria conversar comigo sobre alguma coisa. 

Respirei fundo e respondi:

— Sim. Hoje temos que conversar um pouco. 

Entramos no carro, prendemos o cinto de segurança, e Lucca virou para olhar o banco de trás. 

— Não trouxe as varas de pescar? 

Balancei a cabeça. 

— Hoje não, amigão. Quero te levar a um lugar. 

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