Epílogo

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boa leitura 🐍

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 {Narrado por Camila}


Dois anos atrás, exatamente nesse dia, eu estava arrasada. 

Acendi as últimas duas velas e diminuí a intensidade das lâmpadas na sala de estar. Perfeito. A lareira estava acesa, a mesa estava arrumada com a porcelana que ganhei da minha mãe quando saí de casa, vinte velas criavam o clima romântico, e eu tinha o prato preferido de Shawn no forno. Olhei em volta e sorri. Finalmente esse homem teria um encontro com uma namorada no Dia dos Namorados. 

No ano passado, eu havia planejado uma noite especial para essa data, mas, como a maioria das coisas desde que conheci Shawn, nada aconteceu de acordo com o esperado. 

Naquela manhã, recebemos um telefonema de Lucca. Ele estava no hospital com a avó. Quando acordou e a encontrou inconsciente, ele telefonou para a emergência. Fanny tinha sofrido um AVC. 

Uma semana depois, ela faleceu dormindo, ainda na UTI. E nossa vida mudou de forma inesperada mais uma vez. 

Dois anos atrás, o homem de quem eu era namorada havia oito anos me deu um fora no Dia dos Namorados. Hoje eu criava um adolescente ao lado de um homem que me faz querer montar nele e apertar seu pescoço ao mesmo tempo. 

Mas nunca estive mais feliz. 

Um dia depois da morte de Fanny, Shawn entrou com o pedido de guarda temporária de Lucca. Pedimos a guarda permanente alguns meses depois. Insisti para Lucca fazer terapia, temendo que ele pudesse enfrentar dificuldades pela perda da segunda mulher da vida dele. Como seu guardião, Shawn foi com ele a algumas sessões, e também acabou procurando um terapeuta para falar sobre a culpa relacionada à morte de Sarah. Isso fez muito bem aos dois. 

Peguei o porta-retratos da estante da sala e deslizei um dedo sobre o rosto sorridente de Sarah. 

— Não se preocupe. Eles estão felizes. Estou cuidando bem dos seus meninos. 

Durante o último ano, encontrei consolo falando com ela em diferentes ocasiões. Quando Lucca agia de modo difícil, ou quando Shawn me irritava com sua incessante superproteção. Tinha com ela uma dívida eterna pela vida linda que eu vivia hoje, e dizia isso a ela com frequência. 

Ouvi a chave na porta e me encostei na bancada da cozinha, expondo uma porção provocante de colo enquanto esperava meu maluco entrar em casa. Ele abriu a porta e olhou imediatamente para o que eu exibia. Deixou as chaves e duas sacolas em cima da bancada. Seus olhos procuraram os meus, mas voltaram ao decote duas vezes antes de ele

 perceber que o apartamento estava cheio de velas. 

— Cadê o Lucca? 

— Foi dormir na casa do Adam, amigo dele — falei com um tom insinuante. 

Shawn sorriu. 

Um sorriso malicioso iluminou o rosto de Shawn. Ele se aproximou com um olhar determinado que me arrepiou toda. 

Tive que me controlar para ficar quieta, não me agitar com a expectativa. 

Ele enlaçou minha cintura com um braço e me puxou contra o corpo, enquanto a outra mão segurava minha nuca. 

— Vou fazer você gritar tão alto que os vizinhos podem até chamar a polícia. 

O beijo me deixou sem ar. Eu não tinha dúvida de que ele pretendia cumprir a ameaça. 

Tivemos que moderar um pouco a vida sexual em casa depois que nos tornamos pais de um adolescente. Se antes fazíamos sexo pelo apartamento todo – encostados na parede, no chão da sala, em cima da bancada da cozinha, no chuveiro–, depois da chegada de Lucca nossa atividade teve que ser confinada, e o barulho, limitado. 

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