* Especial dia dos namorados
A sensação de estar caindo do lugar mais alto do mundo em alta velocidade e sem nada em que se agarrar era uma das sensações mais agoniantes que já senti na vida. Você sabe que está caindo, você olha ao redor e não tem nada e nem ninguém em que possa se agarrar, você fica sem ar por causa da pressão, seu coração se acelera esperando o fim, porque você sabe que o fim está próximo. Você sabe que logo logo tudo ficará escuro, a dor, talvez, não seja tão grande quanto você temia, rápido e instantâneo, você consegue pensar tudo isso em uma fração de segundos enquanto a esperança some a medida que você desce em alta velocidade. A queda é inevitável, não existia um galho de arvore onde você pudesse estender as mãos e segurar, não existia um Superman que chegaria voado e lhe agarraria antes que você virasse meleca no chão. Não existia um super-herói. Não nesse mundo.
Acordei de um salto, com o coração acelerado e falta de ar, demorou poucos segundos até perceber que estava deitada em minha cama sã e salva, o alivio vindo logo em seguida por não estar morta, apesar de que algo no meu coração apertava me deixando com uma sensação ruim do que estava acontecendo ao meu redor. Toby não estava no quarto e aquilo me fez lembrar de seu novo amiguinho peludo que havia passado a noite conosco, mas nenhum dos dois estavam ali.
Levantei e logo me olhei no espelho, algo estava me incomodando e não conseguia distinguir o que era, me deparei com minha imagem e aquilo realmente me assustou, meus olhos estavam fundos com enormes olheiras escuras preenchendo ao redor, meu cabelo estava sem cor, minha pele estava pálida, minha aparência estava horrível como a de alguém que estava muitos dias sem dormir. Mas eu não conseguia lembrar de quase nada do dia anterior, lembrava do gato, lembrava de ter dormido e estava com uma sensação estranha no meu coração, um aperto, uma angustia, algo que eu tinha que fazer o quanto antes. Desci e passei quase correndo pela porta do quarto da minha prima fingida, Rowena poderia enganar a todos, mas algo dentro de mim, algo que eu sabia, que tinha visto, ou que alguém tinha me contado, ou ambos, me avisava constantemente sobre ela. Ela não era o que todos pensavam, eu tinha certeza e tinha provas.
Sentados tomando café da manhã estavam Toby e minha tia Mikaella, o gato preto estava ao lado do meu irmão observando sua comida.
— Bom dia. - falei e puxei uma cadeira para sentar, a tv estava ligada e passava algumas notícias da cidade.
— Bom dia, querida. - minha tia sempre gentil respondeu e colocou meu café na minha frente, imaginei como aquela mulher tão boa tinha gerado alguém como a Rowena, eram totalmente diferente na personalidade, mas fisicamente eram quase idênticas.
No mesmo momento em que tive aquele pensamento, minha prima Rowena surgiu na cozinha, o olhar gentil e bondoso de sempre, o sorriso que iluminaria uma cidade no escuro, mas eu sabia que não poderia confiar, aquilo era uma máscara. Os cabelos de Rowena hoje pareciam ainda mais brilhosos que antes, era como a luz do sol de tão dourados e os cachos estavam cada vez mais definidos, parecia uma daquelas bonequinhas de porcelana antiga, senti um fio de inveja por estar me sentindo um caco.
Ela deu bom dia pra tia Mika e lhe deu um beijo amoroso no rosto, depois sentou-se e me olhou dando um sorriso gentil, nem parecia aquela bruxa falsa que encontrei na escola ou que esconde fotos bizarras de crianças chorando.
— Bom dia, prima. – ela falou e começou a comer um pãozinho que tinha em sua frente. Rowena era muito delicada nas coisas que fazia, muito refinada e muito elegante, e naquele momento percebi que se ela não o decidisse mostrar quem realmente era, isso ninguém descobriria nunca.
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Coral Roses
FantasyCoral Roses é uma garota que passou 4 anos de sua vida presa em um hospital psiquiátrico por sofrer da síndrome de Alice. Finalmente ganha sua liberdade quando completa 16 anos e agora está voltando para casa e pro mundo real. Coral pretende desven...