O estranho e misterioso Jack

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Aquele garoto era diferente de tudo que já havia visto. Fiquei caída no chão, analisando cada detalhe dele enquanto sua mão pendia estendida esperando por a minha. Ele usava uma calça preta e a camiseta era listrada de branco e preto parecendo uma zebra. Os olhos eram negros como a escuridão e os cabelos eram... diferente. O sorriso dele parecia zombar de mim e aquele era um sinal de que provavelmente não gostaria dele, se conseguisse sair viva dessa, ele poderia ser um assassino em série.

— Não sou um assassino. – ele falou, sorrindo e com a mão ainda estendida. – Se é isso que está pensando.

— Como você... ? – me afastei sem conseguir levantar do chão.

— Calma ai boneca, pela sua expressão deu pra perceber exatamente o que você estava pensando. – ele falou e recolheu a mão colocando-a dentro do bolso.

— Não me chame de boneca. – falei, mostrando minha total irritação e levantando-se sozinha.

— O que uma garota tão adorável quanto você está fazendo sozinha no meio dessa floresta tão sombria? – a pergunta parecia ser uma piada, até mesmo pelo fato dele parecer estar se segurando para não soltar uma gargalhada. Limpei as folhas que estavam em minha roupa e fuzilei ele com o olhar.

— Não é problema seu. – dei as costas e sai.

— Claro que é problema meu, agora você está sob minha responsabilidade.

— O que? – me virei pra ele porque não acreditei no que ouvi.

— Salvei sua vida, então tecnicamente, você está sob minha responsabilidade até eu lhe deixar em casa em segurança.

Dei uma gargalhada irônica enquanto me virava para voltar pro meu caminho.

— Você não me salvou coisa nenhu... – antes que pudesse me virar completamente, aquele garoto me puxou rapidamente e me agarrei nele como um cachorrinho com medo. Bem na minha frente tinha um enorme buraco na qual quase cai.

— O que você estava dizendo? – ele sorriu vitorioso enquanto me abraçava.

Empurrei ele e olhei com atenção pro buraco, não estava ali antes, ou estava e não pude perceber, mas de toda forma, esse garoto havia me salvado. Parecia ser um buraco muito fundo.

— É um poço. – ele falou, deu a volta no buraco, as mãos dentro do bolso. — Dizem que é tão fundo que lá de dentro dá para ver as estrelas em plena luz do dia.

Peguei uma pedra e joguei lá dentro, me aproximei tentando ouvir o barulho da pedra encontrando a água, mas isso não aconteceu, realmente deveria ser fundo.

— Como isso veio parar aqui? – perguntei ainda olhando pro poço.

— Você não lembra? - a pergunta me fez olhar diretamente pra ele, esse garoto agora parecia estranho, os olhos dele parecia brilhar ao olhar pra mim, era um mistura de malicia e desafio. Ele estreitou os olhos esperando minha resposta.

— Como assim? – levantei e fiquei de pé bem próximo dele, ergui a cabeça para encara-lo.

— Você é daqui, não é? Todos que são daqui sabe que esse poço está aqui a muito, muito tempo.

Flashs iluminaram minha cabeça por breves segundos, lembrei de algo sobre algum poço, mas não conseguia identificar se era memoria real ou imaginaria. Também não queria falar com esse estranho que nem conhecia. Todo cuidado era pouco, não poderia correr o risco de voltar para o hospital psiquiátrico. Tinha que cuidar do meu irmão.

— Não me lembrava desse poço. Por isso estou na floresta, pra tentar lembrar novamente.
— Você perdeu a memória?

— Acho que sim. – falei e dei um sorrisinho vitorioso pra ele. Agora eu estava no comando.

Coral RosesOnde histórias criam vida. Descubra agora