Se o seu olhar sereno fosse feito vidro
Sua própria transparencia já o teria quebrado
Feito pó se espalharia toda a sujeira
Que o porcelanato cobrira, amargurado
Ela tem o coração feito de papel
Palavras transparentes como bolhas de sabão
Tentam expressar o que vem do coração
Assumem formas, se incorporam e se perdem
Leva ela toda a cor de um sorriso lateralizado
Torto e mal interpretado
Canaliza todo sentimento em nanquim
Cai de cara com sentimentos bons e ruins
A caneta cai da mão
A porta a arrasta numa estreita ilusão
Ela se perde por vias mundanas e desusadas
Pede a Deus pra trancar as portas que a puxam pra ti
A cada dia você morre mais dentro dela
Permanece apenas por míseras migalhas
É difícil ocultar quem se fez presente por pura vaidade
Acostumou-se a quem nunca teve de verdade
Que gosto teve a prendendo onde ela nunca poderá estar?
Será preciso pedir que saia de uma vez?
Se existe algo pior pra ela, esse alguem é você
Todo dia você abre seu livro de mentiras
E conta quaisquer estórias pra faze-la dormir
Esquecer a verdade descarada que se encontra alí
Por baixo de toda essa confusão de sentimentos imensuráveis
Você pretende brincar com seu coração de papel esburacado
O cobrir com panos
Fingir que nada pode ser rasgardo
Voar pra longe com horário marcado
Nunca ver o fim dos meios que você não pôde dar
E se eu disser que ela não foi feita pra ser presa
Por quem não abre a caixa pra olhar o que guardou a tempos
Por você que obscuresce suas intenções
E confunde corações
Porque a trata como um anjo imaturo e inocente?
Apesar do rosto de porcelana
Do corpo singelo e fraco
Na mente queima a voz farta
Pulsando resistente ao som do peito
“Arranque o laço dessamarre cada pedaço
Toda fita tem começo e fim
Arranque o laço, junte seus cacos”Ela está farta de ouvir sempre a mesma nota
Em tons diferentes
A frase ecoa pela sua mente
“O diferente sempre igual”No dia que ela encontrar quem a segure sem pretender soltar
Nunca mais vai querer provar a droga alucinógena que é você
Doce como vinho barato
Se apaga poucos minutos depois de se potencializar
Nunca foi nada, além de um show de luzes disfocadas
18/12/2014
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Canalizando sentimentos
PoesíaApenas uma coletânea de poemas que escrevo pra desabafar, espairecer, canalizar meus sentimentos, imortalizar momentos. Sem propósito nem público alvo, simplesmente deixo fluir. Sem previsão pra continuar ou terminar. Quem sabe o que te aguarda aqui...