Vivid

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-Aguarde enquanto localizo a paciente e seu estado atual, só mais um momento. – A robô disse com uma voz extremamente calma e aquilo só deixava Kim Jiwoo mais nervosa. Sinceramente, um tempo atrás aquilo nunca a incomodou, mas cada vez mais recentemente ela sentia falta de emoções humanas nas entonações de alguns Androids e IAs com quem tinha que lidar. Bom, a inteligência artificial que tinha em sua casa era cheia de emoção, e ultimamente aquilo também a deixava nervosa. Respirou fundo tentando se acalmar.

-Eu preciso saber como Jeon Heejin está, eu fui chamada pelo hospital com urgência, posso tentar ajudar a descobrir o que tem de errado com ela. – Começou calmamente explicar pela quinta vez a recepcionista do hospital que se tratava de um androide mais antigo, não era das mais realistas e por isso ficava mais fácil lembrar que era como se estivesse conversando com um computador. Um bem lento, aparentemente.

-Jiwoo. – Sentiu as mãos de Sooyoung em seus ombros, enquanto ela se aproximava de si pelas costas, quase lhe dando um abraço por trás, aquilo lhe deu um conforto e paz que ela nunca imaginou sentir. – Não adianta você pressionar uma máquina dessas, esse modelo não opera mais rápido porque você precisa.

-Mas é minha culpa Sooyoung. – Colocou a cabeça pra trás, gentilmente encontrando o rosto da outra e sentiu um beijo na cabeça, enquanto as mãos da mais alta deslizavam por seu corpo, lhe confortando em um abraço. – Eu preciso saber como a minha colega está. – A Kim colocou as mãos nos braços da outra, segurando e acariciando com o polegar.

-Você sabe o que tinha nesse bolo que você mandou? – A gestora questionou.

-Não. – Mordeu o lábio pensando em o que ia dizer. – Eu não mandei bolo nenhum, acho que foi um erro da Yves.

-Então não é sua culpa. – Sentiu a mais alta respirar fundo em seu cabelo. – Eu sei que a hora não é apropriada, mas eu adoro o seu cheiro, pêssego combina com a sua personalidade.

E só assim Jiwoo foi capaz de sorrir em meio ao caos que estava o seu estado emocional. Foi ali também que notou que estava abraçada em uma posição tão intima com Ha Sooyoung, mas parecia tão natural buscar conforto no corpo da gestora. Não tinha lugar que se sentisse mais segura naquele momento do que naqueles braços.

-Jeon Heejin pode receber visitas, ela foi medicada com antialérgico e está em recuperação. – A voz robótica disse e a designer pode finalmente soltar a respiração que prendia. – Quarto 1/3.

...

-Heejin! – Jiwoo quase correu em direção a colega de trabalho, com os olhos marejados. – Me desculpe, me desculpe.

-Ei calma, ta tudo bem, não foi tão ruim assim. – A mais nova disse e sorriu, mas ela parecia fraca e ainda estava inchada. Se colocou do lado dela, esticando a mão para tocar o braço da Jeon e acariciar levemente.

-Me perdoa, eu não vi antes, eu não estava com o celular.

-Não tem problema, foi só o amendoim. Eu gostei de ter recebido um bolo seu, comi quase tudo sozinha. – Disse divertida – E não tinha como você saber da minha alergia.

-Você sabe o que aconteceu com a Hye? O doutor disse que ela demorou pra diagnosticar e por isso você teve que vir pra cá e precisaram me chamar pra tentar descobrir o que era.

-Não, eu não sei. Acho que a gente confia demais nessa tecnologia né. Deixa nossa vida nas mãos delas e se dão pane, pronto, estamos perdidas. – Disse ainda tentando manter o humor leve. – Quando me internaram minha garganta já estava fechada, então eles tiveram que procurar no meu histórico médico pelo banco de dados do hospital, não sei se minha Hye já voltou a funcionar normalmente. Mas não demorou muito pra descobrir que eu tinha alergia quando cheguei aqui.

-Eu to tão aliviada que não foi nada pior, eu sinto tanto Hee, de verdade.

-Ei, ta tudo bem, só vamos evitar bolos que podem me deixar como um balão, certo?

...

-Como sua amiga está? – Sooyoung perguntou assim que ela saiu do quarto.

-Bem. – Respirou fundo e se sentiu muito melhor quando a Ha se aproximou e abraçou pelos ombros, enquanto elas andavam pelo corredor do hospital, encostaram a cabeça uma na outra. – Se recuperando, vai ficar aqui em observação, caso tenha mais alguma coisa no bolo, já que eu não sei nada sobre a origem do pedido.

-Que bom. – A gestora falou. – Alguém vai ficar com ela?

-Eu me ofereci, mas o doutor disse que não é permitido por causa do plano de saúde da Hee, é muito básico.

-Isso é uma droga. – Sooyoung apertou o abraço um pouco antes de soltarem para entrarem no elevador e voltarem para o térreo. – Então, você quer uma carona pra casa?

-Na verdade sim, eu adoraria. – As duas se olharam e sorriram.

Só ao entrar no carro pela segunda vez naquele dia Jiwoo pode notar como era bonito. O designer parecia bastante aerodinâmico, devia ser confortável para uma pessoa, mas para duas nem tanto. Ainda mais quando essas duas pessoas têm uma atração física quase que palpável. Principalmente agora que não tinha mais a preocupação do estado de Heejin, as duas pernas estavam praticamente coladas, ambas com apenas meia calça separando a pele. Sendo o carro automático, Sooyoung digitou o endereço da Kim quando elas entraram e era só programar que ele as deixaria na frente do prédio sozinho. Ninguém precisava prestar atenção na estrada e isso só ampliava o problema. Não sabiam direito quem tomou a atitude, mas uma hora estavam conversando, na outra estavam encarando o movimento dos lábios uma da outra e em seguida, os colando.

Eles se moldavam um ao outro perfeitamente. A boca de Sooyoung era tão macia quanto a designer fantasiou que seria, e quando as línguas se tocaram Jiwoo acabou soltando um gemido de alívio. Era uma sensação de "finalmente isso está acontecendo". Ha sorriu no meio do beijo, parecendo aprovar a reação da menor e colocando a mão no rosto dela, descendo para a nuca, se infiltrando nos cabelos longos. O desespero por tocar a maior pareceu envolver a Kim, que levou a mão para a cintura dela. A mais velha arfou enquanto a outra lhe apertava, e subia e descia a mão por sua silhueta. Em uma hora a mão de Sooyoung desceu por seu corpo, pairando em sua coxa, ficando entre suas pernas e subindo lentamente, nesse momento também o beijo se quebrou e os lábios macios da Ha foram parar em seu pescoço e orelha. Jiwoo imaginou ficar com vergonha, achar que as coisas estavam indo rápido demais, fechar as pernas e se afastar, mas o que fez foi morder os lábios para conter um gemido que teria sido alto enquanto Soo beliscava de leve a parte interna de sua coxa, perto do lugar que mais queria ser tocada, mas ainda tão longe. Subiu a mão da cintura de Sooyoung e a parou em seu seio, o apertou, se sentindo sortuda ao escutar a outra gemer em sua orelha.

Pensou que Sooyoung ia subir a mão até sua calcinha, mas naquele momento o carro parou e elas tinham chegado no prédio de Jiwoo. Aquele era um aviso de aquilo estava indo muito rápido. Aquele era o primeiro encontro romântico delas. A Kim afastou seu corpo, dando um último selo na mais velha, que sorria.

-Obrigada... – Jiwoo pensou um pouco sobre o que estava agradecendo. – por tudo hoje. – Pegou sua bolsa. – E desculpa por ter interrompido nosso encontro.

-Se você quiser interromper novamente e isso envolver o que estávamos fazendo até agora pouco, se sinta à vontade para fazê-lo. – Jiwoo riu e se despediu, saindo do carro e entrando em seu prédio. Conforme se distanciava e o peso da realidade a acertava, se lembrava de como seus dias dentro de seu próprio apartamento andavam desconfortáveis. Ainda mais agora, Yves havia intencionalmente intoxicado alguém, ela não tinha mais limites. Por um tempo Jiwoo pensou que podia levar as coisas como estavam, dizia a si mesma que o evento que tinha acontecido semanas atrás onde deliberadamente a sua secretaria virtual havia sabotado seu encontro com Heejin era a única vez que ela tinha ido longe demais. E durante esses dias que voltara de Sokcho ela não parava em casa, a Jeon não vinha mais em sua casa a buscar e elas se viam apenas nos dias que Hee ia até o Loona trabalhar. Jiwoo estava indo todo dia trabalhar pessoalmente, comia fora, se vestia no banheiro publico do prédio, só passava em casa para dormir.

Esperava que a detetive da OEC entrasse em contato consigo a mais breve possível, a vida de mais alguém que ela gostava podia estar perigo e isso era algo que não a deixaria dormir em paz. 

Y.V.E.S. - Your Virtual Expert Secretary  (Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora