Acordei com um pulo na cama. Estava sonhando. Melhor, tendo um pesadelo. Olho em meu quarto, vazio. Estou sozinha, como sempre, apenas eu e meus medos. Queria gritar pela mamãe, dizer que não estou me sentindo muito bem, mas isso vai deixar o papai com raiva; ele esta sempre com raiva. Ultimamente, papai estava estranho, ele fedia cada vez mais e gritava muito comigo e com a mamãe.
Encolhi embaixo do cobertor, mesmo estando com muito calor; ele vai me proteger de todos os monstros que estão no escuro. Ouço gritos no quarto do outro lado, papai falava alto enquanto a mamãe chorava. Consegui ver a luz ser acessa, mesmo com a coberta me cobrindo. Eu estou segura, papai não vai me fazer mal se eu ficar quietinha.
Ele fala alguma coisa que não consigo entender, há muito tempo não sei o que ele quer dizer. Suas palavras sempre sai embaralhadas demais para saber o significado. Agora já estou sentada com ele na minha frente segurando um copo. "Pode beber" ele diz "É só mais um pouco do que você bebeu hoje mais cedo". Queria dizer que essa bebida não me fez muito bem, mas não consegui abrir a boca.
Amargor do liquido ficou na minha garganta e fiz uma careta. "Boa menina" papai ficava repetindo. Onde estava a mamãe? Minha vista estava confusa e quando tentei pegar meu cobertor, papai já o havia jogado para longe. Minha cabeça estava pesada, então tudo ficou escuro. O mundo á minha volta já não existia mais.
Acordei com um pulo na cama. Estava sonhando. Melhor, tendo um pesadelo. Olho em meu quarto, vazio. Estou sozinha como sempre, apenas eu e meus medos. Queria gritar a mamãe, mas já faz muito tempo que ela não está aqui. Dessa vez, não tem o papai dizendo que sou uma boa menina, dessa vez estou realmente sozinha, apenas eu e minhas lembranças. Apenas eu e meus gritos que cortam as noites.
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Crônicas de uma garota lunar
Short StoryCrônicas que pouco tem haver com a vida, mas muito com o universo.