Uma chance?
O que eu faço agora? Como retorno para Dukian e Lucian na casa do Sacerdote Lefrève?
Corri de volta para o quarto. Eu precisava encontrar aquela chave. Se os mantos negros que se aproximavam na rua, fossem mesmo as mulheres do Coven, eu não teria escapatória.
Espera...
Girei a maçaneta e parei na soleira da porta.
Talvez seja isso.
Um brilho clareou meus pensamentos.
É isso Hannah! Você voltou ao passado para impedir que elas encontrem a chave capaz de abrir o túmulo! Não pode haver outra explicação!
Tranquei a porta, entrei no quarto e tentei recordar com detalhes da vez em que estive ali, horas atrás na mansão, quando as bruxas invadiram a minha mente. Lembrei do momento em que derrubei o espelho, a chave caiu e???
Interrompi o raciocínio ao ouvir dezenas de batidas na porta do quarto. Vasculhei pelos cantos o mais rápido que pude. Nada! Não estava em lugar algum!
Arranhei os braços, cocei a cabeça e de repente vi um objeto reluzir com uma espécie de brilho dourado, aos pés da cabeceira ao lado da cama.
A chave!
Eu tinha segundos para pegá-la antes delas entrarem, ou acabaria aprisionada em um tempo onde nada, nem ninguém parecia existir além de mim, daquela casa e da mansão gótica ao lado. Já que até meus pais haviam partido.
Joguei o corpo sobre a cama e rolei até cair no chão. Elas entraram. Duas pessoas com o rosto coberto pelo manto negro me seguraram perto da cabeceira.
Uma delas, tentou prender minhas pernas. Chutei o ar diversas vezes até acertar alguma coisa. Senti outras mãos me agarrarem. Um toque frio em minha pele. Elas estavam por todos os cantos.
- - Me larguem! Me soltem!
- - Dê-nos o que é nosso Hannah. Onde está a chave?
Um manto negro se aproximou e cravou as unhas na maçã do meu rosto.
- - Entregue Hannah, ou esteja pronta para sofrer.
A voz da mulher me fez estremecer. Meu peito batia como um tambor. Doía. Respirei ruidosamente. Não havia ninguém ali para me ajudar. Não adiantaria gritar. E a chave não estava comigo. Na agitação, talvez eu a tivesse empurrado sem querer para debaixo do móvel. Remexi o pescoço na tentativa de encontrar o objeto, mesmo com todos os pares de mãos que me imobilizavam. Funcionou. Parei de me mover para que elas não suspeitassem. Senti a chave no topo da minha cabeça. Provavelmente no pé da cabeceira. Desci as pálpebras e pensei no par de círculos de fogo vermelhos.
Lucian, não sei se você está bem, ou se pode fazer isso, mas por favor, me tira daqui!
Uma mão gelada apertou meu pescoço. O ar começou a falhar para chegar aos pulmões mas não ousei abrir os olhos. Eu sabia que o fim se aproximava.
Engasguei. Tossi. O mundo girou em um misto de cores escuras. Tossi de novo.
- - Hannah! Acorda Hannah!
Mãos quentes sacudiam levemente meus ombros. O borrão de cores se uniu e uma forma familiar e irresistível ganhou vida a minha frente.
- - Lucian! – Enlacei o pescoço dele e o calor de sua pele espalhou uma sensação abrasadora por mim.

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Olhar de Fogo
FantasíaUMA HISTÓRIA DE HALLOWEEN Entre na mansão e não se incomode com o ranger da porta, apenas tome muito cuidado com seus olhos. Hannah não seguiu meu conselho e acabou pagando caro por isso... Somente ao conhecer seu misterioso vizinho, e fitar aquele...