Capítulo 19

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Capítulo 19

 

   O dia chegou. A claridade adentrou pelo quarto do rapaz atingindo seus olhos, o fazendo acordar.

- Pietra. - foi a primeira coisa que Matheus pensou quando acordou.

    Enquanto estava deitado, lembrava de cada detalhe da noite anterior. Como ele queria que não tivesse acabado. Tudo foi tão perfeito; entretanto, naquela manhã restaram apenas lembranças.

... 

   Pietra acordou com um sorriso nos lábios, como se seu coração soubesse que Matheus estava pensando nela. De certa forma ela sentia isso. Seus corações estavam tão unidos, tão sincronizados, que pareciam um só.

   Pietra acreditava em almas gêmeas, em amor a primeira vista. Acreditava em uma alma do universo, onde pessoas estariam conectadas umas as outras, sem ao menos se conhecerem. Uma alma que unia corações aproximava pessoas, trazia paz e esperança a cada individuo. Ela tinha 17 anos e ainda não havia vivido um romance; porém, o universo estava trabalhando em seu favor. A sua hora havia chegado.

   Pietra levantou, escovou os dentes e foi até a sala.

— Bom dia mãe!

— Oi meu bêbê. Bom dia! Dormiu bem?

— Não muito. Não conseguia dormir, estava sem sono. Deve ser insônia.

— Ou deve ser amor...

— Não sei mãe... Na verdade ainda não sei o que estou sentindo. E isso me da medo.

— Calma minha filha! É assim mesmo. Amar é uma arte, e neste mundo poucos são artistas.

— Acho que não nasci pra isso.

— Quem sabe... Precisa tentar para saber.

— Tenho medo de me machucar.

— Escuta seu coração minha filha. Ele sabe o que fazer.

— E se ele se enganar mãe?

— Filha. Todos os dias machucamos nosso coraçãozinho. Amamos a pessoa errada, valorizamos quem nos despreza, criamos expectativas sobre algo que não tem chance alguma de dar certo, e quem acaba sofrendo é o pobre coração. Devemos a ele esse voto de confiança.

— E se ele não me amar mãe?

— Então não merecerá seu amor. — Pietra sempre foi muito amiga de sua mãe. Sempre contava tudo a ela, pois era uma mulher muito sabia, dizia belas palavras, e sempre confortava seu coração.

— Obrigado mãe. Você sempre diz o que preciso ouvir.

— Tive a sua idade minha filha. Meu papel além de te amar, é te ensinar sobre a vida.

— Obrigado por ser minha mãe. — Pietra deu um abraço bem forte nela.

— Posso te fazer uma pergunta mãe?

— Claro!

— Valeu a pena esses anos todos ao lado do papai?

— Valeu a pena cada dia minha filha. Seu pai tem muitos erros sim, mais todos os dias ele me faz amá-lo cada vez mais. Todo homem ou mulher antes mesmo de nascer, estão predestinados a amar alguém, se entregar, sofrer, lutar... Seu pai é este alguém na minha vida.

— Será o Matheus esse alguém na minha?

— Isso só seu coraçãozinho poderá responder meu anjo. Não tenha medo amar. Confio em você, e sei que tomará a melhor decisão.

— Obrigada mãe. Espero tomar a decisão certa.

— Irá minha filha. Tenho certeza. —  as duas se abraçaram por um longo tempo.

...

   Matheus levantou, pegou o violão e tocou uma bela canção. Sentou próximo a janela, e enquanto tocava, o sol inundava seu corpo, lavava sua alma. Seu coração estava quebrantado. Desta vez não por Pietra. A saudade trazia lembranças. Lembranças de um amigo, um companheiro, um irmão, um pai.

— Por que você me deixou? — Matheus não pronunciava palavras, mais elas ecoavam em seu coração.

A vida bate forte. Ou você aprende a se defender, ou você apanha. Seu pai sempre o dizia isso. Nesse momento as palavras faziam mais sentido. Ele precisava ser forte, não desistir, perseverar, ou então a vida o derrubaria. A mesma vida que levou seu pai.

   Algum tempo depois, Matheus estava mais calmo. Algo havia confortado seu coração. Ele levantou, guardou o violão e saiu do quarto.

— Bom dia preguiçoso. — Era Olivia falando.

— Estava acordado. Estava tocando violão.

— Eu sei. Estava ouvindo. Sabe que sou sua fã numero um. — os dois riram por um momento.

— Como foi ontem?

— Foi bom. Ela é uma garota especial.

— Que bom. Fico feliz em te ver um pouco mais alegre. Ela te faz bem...

— Obrigado. Importa-se se eu ficar um pouco sozinho na varanda? 

— Claro que não. Vai lá. Eu tenho que me arrumar, estou atrasada. Beijos — Matheus adorava escrever poesias, textos, poemas... Sempre que se sentia inspirado, ia pra varanda e ficava horas por lá escrevendo... Pegou um lápis, um pedaço de papel, e escreveu cada palavra que emanava de seu coração.

De volta ao primeiro amorOnde histórias criam vida. Descubra agora