Opostos

CAPÍTULO 4: Eliminação

Era o dia de eliminação todos estavam apreensivos. Rafaella foi a primeira a acordar, estava muito ansiosa sobre qual seria o resultado da noite, sua intuição dizia que ela e Bianca ainda tinham muito pra viver aqui dentro, não queria ver a mulher sair agora. Percebendo que não dormiria mais, se dirigiu para a cozinha e foi fazer o café.

Mal tinha colocado a água para ferver escuta alguém se aproximando, ao se virar encontra uma Bianca com cara amassada, esfregando os olhos de uma forma um tanto infantil, ela achou aquela cena extremamente fofa, o que trouxe um sorriso para os seus lábios.

_ Bom dia. – ela diz em voz baixa para a outra mulher que agora a encara com um sorriso curioso.

Depois de pedirem desculpas uma pra outra não tinham mais conversado, e Bianca estava curiosa para como isso iria acontecer.

_ Bom dia, Rafa. Caiu da cama? – perguntou ainda sorrindo, fazendo a outra mulher também sorrir.

_ Não, só não conseguia mais dormir. Estou ansiosa sobre hoje à noite.

_ Tão ansiosa assim pra me ver sair, huh? – Bianca metade brincou e metade realmente queria saber o motivo, afinal, Rafaella não corria o menor risco e Chumbo não era próximo a ela.

_ Muito pelo contrário, ansiosa pra te ver ficar. – diz, sem pensar em como seria interpretada, ela percebe o olhar de surpresa no rosto da outra mulher e continua. _ Eu falei sério quando disse que não quero que você saia, apesar do nosso desentendimento preciso ser justa e reconhecer você como a atração que é pra esse programa. Você é engraçada, bebe e dança como ninguém nas festas, com certeza tá sendo um entretenimento e tanto para o pessoal que nos assiste.

Rafaella, poderia ter dado uma resposta mais pessoal, e dito como a ideia de ficar nessa casa sem ouvir as risadas escandalosas da outra não era uma ideia que seu corpo e sua mente encarava de maneira positiva. Em como sentiria saudades dos gritos absurdos que a mulher dava ao brincar com a Flay e Mari, ou da falta que vê-la dançar faria. Mas preferiu não se expor tanto assim.

_Bom, fico feliz que você realmente quer que eu fique. Eu também quero muito ficar. A Jennifer tem muito pra conversar com você ainda. – a empresária diz com um sorriso travesso no rosto.

_ Ah não, por favor, ela de novo não!

Bianca solta uma de suas risadas com essa resposta e por um momento Rafaella se perde naquele som.

_ Ei, ela é legal, só não tava muito eloquente aquele dia. Além de que ela é melhor em atitudes, não em palavras. – Bianca diz encarando a mulher de uma forma tão intensa que faz com que as bochechas da influencer fique levemente pintadas de vermelho pelo súbito calor que sentiu com aquele olhar.

Rafaella estaria delirando ou Bianca de repente estava flertando com ela? E porque ela estava tão feliz com isso? Antes que ela pudesse responder qualquer coisa, Mari entra na cozinha interrompendo o clima que havia iniciado.

POV RAFAELLA

Mari oferece o seu bom dia a nos duas e abraça Bianca com muita intimidade, dando um beijo no rosto e no nariz de Bianca que sorri em resposta. Aquilo me incomodou profundamente, o que é ridículo, elas são amigas e eu não tenho o direito ou justificativa pra me sentir incomodada com aquilo.

Termino a bebida e logo vou pra parte externa da casa, beber meu café e pensar um pouco sobre tudo que estava sentindo.

Um pouco depois de todos acordarem, já é quase o horário do almoço, me ofereço para preparar e surpreendentemente recebo ajuda de Bianca. Conversamos sobre coisas aleatórias, sobre sua empresa, sua vida lá fora. Percebo que como eu já imaginava, Bianca é uma pessoa naturalmente intensa e que adora contato, ela me a ajuda a cozinhar me tocando sempre que possível, sorrindo e me olhando de uma forma que parece querer enxergar minha alma. Me incomoda e ao mesmo tempo me cativa.

Quando terminamos ela chama os demais e nos sentamos para comer. O resto do dia segue normalmente até a hora em que todos nos arrumamos para esperar Tiago Leifert anunciar o resultado.

Antes que ela possa ir pra sala se sentar ao lado de suas amigas, chamo para podermos conversar.

_ Bia, posso falar com você? – ela, Flay e Mari que também ainda estavam no quarto me olham, as meninas com surpresa, ela com curiosidade.

_ Claro! Meninas podem ir, logo vou.

_ Tem certeza, rapariga? – Flay pergunta, o que eu achei ridículo, ela acha que eu iria fazer o que, bater na mulher?

_ Sim, pode ir. – Bianca responde e se vira pra mim enquanto as mulheres saiam do quarto nos deixando a sós. Ela sorri, e continua. _ É a primeira vez que você me chama de Bia... eu gostei.

Aquilo me pega de surpresa, é uma coisa boba e pequena de se reparar, mas bem especifica, o que mostra que ela está atenta ao que faço. Pensar nisso me deixa um pouco arrogante. Bianca Andrade tem prestado atenção em mim. Antes de me perder em pensamentos coloco pra fora o que gostaria de falar.

_ Quero só dizer mais uma vez que quero muito que você fique, hoje foi o dia em que mais conversamos e eu adorei, você é... sei lá... uma força da natureza. – digo e ela solta uma gargalhada.

_ Acho que isso foi um elogio. – ela diz provocante.

_ E foi mesmo.

_ Você sentiria minha falta, Rafaella? – ela fica seria de repente me encarando e se aproximando de mim. Demoro um pouco a responder porque não esperava por essa pergunta, e mais ainda não esperava a rapidez com que minha mente gritou que sim, eu sentiria falta. Isso não fazia sentido, antes de hoje mal conversávamos. Mas eu não mentiria.

_ Sim, eu sentiria sua falta. – a olho nos olhos, apavorada, mas me recusaria a desviar o olhar, já que ela me encarava com tanta confiança.

Bianca levanta a mão direita e acaricia meu rosto, meu corpo todo gela e ao mesmo tempo pega fogo, eu não sabia que um simples toque poderia causar tantas reações.

_ Você é tão linda! – ela diz em voz baixa como se aquele pensamento tivesse escapado de sua boca sem sua autorização. Tê-la assim tão perto, está mexendo comigo mais do que aparentemente consigo expressar. Encaro seu rosto, e logo meus olhos desviam para a sua boca.

Antes que pudéssemos pensar em fazer qualquer coisa, ouvimos o barulho de atenção que é hora de ir para a sala, damos um pulo nos afastando. Eu a ofereço um último sorriso sem graça, e saio do quarto. É a hora da verdade.

POV BIANCA

Mas que merda de sinal filho de uma puta! Tô muito puta com isso. Eu tenho certeza que ela estava olhando pra minha boca, eu tenho certeza que eu não estava imaginando aquele clima entre nos. Meu Deus, será que se o sinal não tivesse tocado eu a beijaria? Pff, que pergunta. ÓBVIO que sim. Será que ela retribuiria?

Bom, agora eu não vou saber isso tão cedo. Preciso antes saber se vou continuar na casa para ter mais oportunidades como essas. Que merda!

Me dirijo até a sala e queria muito que ela sentasse ao meu lado, mas Flay e Mari fazem questão de estar lá por mim, então achei melhor ficar quieta. Além de que, emocionada né Bianca, a mulher te dá uma olhadinha e você já quer grudar nela. Calma.

Pra ser sincera, desde que me sentei não consigo prestar atenção em nada, só pensar no que aconteceu. Depois desse momento no quarto, não tem mais um pedacinho de dúvida na minha mente, não sei como começou e porque eu deixei o sentimento surgir, mas eu estava rendida naquela mulher. Sua voz, seu jeito, seu andado, os bicos que ela faz sem perceber enquanto conversa, seu sorriso que é tão meigo, seu rosto que mais parece ter sido pintado por anjos, seu corpo, puta que pariu seu corpo.

Eu a queria, eu a queria tanto que estava assustada com a intensidade daquilo. E claro, estando consciente e aceitando esse fato, surge outra preocupação, seria recíproco o interesse? Nem que seja só uma vontadezinha leve de dar uns beijos? Não me importaria de trocar alguns beijos com Rafaella Fucking Kalimann.

Antes que eu pudesse me perder mais em pensamentos, Tiago aparece para anunciar o primeiro eliminado do programa. Ele fala muito e minha cabeça tá um turbilhão então mal presto atenção mas ouvi bem quando ele diz que o eliminado dessa semana era Chumbo.