Capítulo 9

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"Estado de amor e confiança"

Conseguimos confiar em nós mesmos?


Brad, o nome da minha primeira desilusão amorosa. Hoje ao pensar nisso eu tenho vontade de rir, mas não foi bem assim naquela época. Claro, eu era apenas uma criança que se apaixonou pelo seu melhor amigo da sétima série. Como qualquer menina naquela idade, era uma época de descobertas e curiosidades sobre o sexo oposto.

A família do Brad era do Texas, o pai dele havia arrumado um emprego na indústria cinematográfica aqui em LA, por isso eles se mudaram. Logo minha mãe e a dele se tornaram próximas e, consequentemente, eu e o Brad nos tornamos melhores amigos, tínhamos 5 anos, íamos juntos para escola, nossas casas pareciam não ter cercas, pois sempre estávamos na minha casa ou na dele.

Os anos foram se passando e sempre éramos eu e o Brad, mas naquele ano algo tinha mudado, sentia uma coisa diferente quando olhava para ele, aquilo me causava um pouco de desconforto porque eu não conseguia mais agir normalmente com ele, ficava encabulada e, aos poucos, fui me afastando.

Parecia que minha mãe conseguia ler a minha mente, um dia quando estava no meu quarto, chateada por aquela situação, ela veio ao meu encontro e disse:

- Filha, você está apaixonada!

Claro que tentei negar, mas ela me conhecia tanto que não consegui esconder, ela me ofereceu o colo e ali chorei:

- Mãe, não quero perder o Brad, e se ele não entender? E se me desprezar?

- Naty, nós não temos certeza de nada a não ser da morte, e não posso afirmar que ele não vai te magoar, se eu pudesse eu pegava toda a sua dor para mim, para que nunca sofresse na vida. A vida nunca pode ser feliz o tempo todo, afinal não haveria o brilho das estrelas sem a escuridão. Tudo aqui serve como aprendizado, por isso que crescemos, melhoramos e seguimos em frente. Mas você tem uma coisa que se chama memória, tudo que for bom você carrega nela, se um dia você não ter o Brad como quer, lembre-se dos momentos lindos que passaram juntos e sinta isso no seu coração.

Eu olhei para ela e a abracei o mais forte que consegui e, naquele momento, nada poderia me ferir. Ela estava errada, ela sempre conseguia tirar a minha dor.

Quando tomei coragem de falar com o Brad ele veio com a notícia que a família dele iria se mudar para a Austrália, o pai dele foi transferido para a produtora de Sidney, não sabia o que dizer e lembrei da conversa com a minha mãe.

- Brad, eu gosto muito de você, você sempre estará na minha memória e no meu coração.

No meu primeiro beijo senti um calor e a emoção tomava conta de mim. Ele retribuiu, eu não tinha mais o que temer, minha mãe estava comigo, era disso que eu precisava. Ela era minha melhor amiga, meu porto seguro, a mulher mais incrível do mundo, não importa quantos corações partidos eu tivesse, ela estava ali para me curar.

Um ano depois, tudo voltou ao normal, sentia falta do Brad, é claro, mas superei, embora nunca mais tivesse me apaixonado. Certo dia, assim que voltei da escola, encontrei a Rosa e minha mãe sentadas na sala. Algo ruim tinha acontecido, as duas estavam com o semblante triste.

- O que aconteceu? - Perguntei me abaixando para olhar para minha mãe e a Rosa mal conseguia conter as lágrimas.

- Filha, não tem como falar de um jeito mais fácil, estou com câncer...

Naquele momento tudo ficou escuro, senti que eu fosse desmaiar, foi quando comecei a soluçar e, em vez de conseguir apoiar a minha mãe, ela que teve que me segurar.

- Naty, meu amor, nós temos tempo, não podemos ficar pensando nisso, vamos aproveitar cada segundo. Eu te amo tanto!

- Mãe, tem cura? Por favor, me diz que tem cura.

Nós pertencemos um ao outroOnde histórias criam vida. Descubra agora